25 dezembro, 2006

22 – Ritos de Passagem



Estamos chegando ao final de 2006 e não temos nenhuma razão para nos orgulhar do que foi feito ao nosso planeta e à humanidade, nestes últimos tempos.
Pior ainda é saber que não há nenhuma indicação que nos faça supor que, daqui para frente, as coisas vão mudar e, finalmente os homens ditos de “Boa vontade” serão capazes de encontrar novos caminhos para nos livrar do futuro sinistro que mesmo os mais otimistas já percebem pela frente.
Os ritos de passagem, nas sociedades ditas primitivas, marcavam o fim de uma fase na vida da comunidade ou de um determinado grupo pertencente a ela, e o início de uma outra.
Celebrava-se a mudança das estações, a passagem dos adolescentes para a idade adulta, e assim por diante.
Fechava-se um ciclo e iniciava-se outro.
As festas de Ano Novo se incluem nesse contexto.
Deixemos para trás o Ano Velho e vamos saudar o Novo, recebê-lo com alegria, entusiasmo e esperança.
Vamos fechar o ciclo, como faziam os antigos, esquecer o passado e, de alma lavada, coração cheio de esperanças começar uma nova jornada.
Cometeremos erros, é verdade, mas que sejam erros novos, nunca a repetição dos antigos.
Infelizmente o homem moderno não consegue criar qualquer tipo de descontinuidade.
Seu comportamento é monótono e repetitivo, um legítimo robô.
Os mesmos atos, os mesmos gestos, o mesmo discurso, a mesma tristeza, o que varia, eventualmente, é o ritmo, a velocidade. Uma máquina que repete sempre os mesmos movimentos produzindo sempre os mesmos resultados.
É preciso aprender a virar as páginas, enterrar o passado, não importa quão doloroso ou feliz tenha sido. É passado não há como mudá-lo e não adianta carregá-lo como um fardo cheio de tristeza e ódio. Estaremos assim envenenando o futuro, tornando a felicidade impossível.
Poucos dias atrás aconteceu em Teerã uma reunião convocada pelo presidente do Irã, um baixinho débil mental, para discutir o holocausto dos judeus durante a segunda guerra mundial.
Compareceram representantes de sessenta países para tratar, entre outras coisas, de saber quantos judeus foram mortos, naquela ocasião.
Mais de cinqüenta anos se passaram e eles se reúnem para discutir números, como se sofrimento e tristeza pudessem ser medidos em cifras.
O tamanho da monstruosidade cometida não está no número de mortos, que certamente foi enorme, mas no fato de alguém achar justificável matar um ser humano em nome de alguma ideologia, qualquer que seja ela.
Milhões de pessoas morreram naquela guerra.
Milhões de pessoas tiveram suas vidas destruídas e passaram por sofrimentos imensos.
Era de se esperar que a lição tivesse sido aprendida.
Você acha que foi?
Você acredita que os desocupados que atenderam à convocação do baixinho sinistro, ao fim do conclave se deram às mãos e de coração puro se comprometeram a impedir a qualquer preço que barbaridades semelhantes acontecessem de novo?
Se acreditar, olhe para o Iraque, olhe para o Afeganistão, olhe para Israel, olhe para a Palestina e depois durma se puder.
Lembre-se que cada vida perdida inutilmente deixa atrás de si um rastro de tristeza e sofrimento.
Cada ser humano, ao contrário do que dizem os materialistas de plantão, é insubstituível.
Cada um de nós é único e jamais será repetido. Essa é a nossa herança divina e, não importa quão diferentes possamos parecer, ela nos une de algum modo.
A única chance que nos resta é que, por um milagre daqueles bem grandes, quando os últimos minutos de 2006 estiverem se escoando uma imensa nuvem de esquecimento e perdão baixe sobre toda a Terra.
Começaremos então 2007 inteiramente renovados e, num legítimo rito de passagem, poderemos celebrar o nascimento de uma nova humanidade capaz de desfrutar em harmonia e paz a vida neste paraíso que a existência colocou à nossa disposição.
Como dizem que milagres acontecem, quem sabe???

13 dezembro, 2006

21 – Receita para o natal



Em primeiro lugar um fato importante:
O Natal é a data em que se comemora o nascimento de Jesus de Nazaré, também conhecido como Jesus Cristo ou, simplesmente, Cristo.
Dito assim parece óbvio, mas procure lembrar se as chamadas e matérias que aparecem ultimamente na mídia e falam do assunto fazem referência a ele.
Só o que se vê são imagens de velhos gordos e, porque não dizer, patéticos, fantasiados de Papai Noel recomendando que se compre isso e mais aquilo para presentear a família, amigos, etc., etc.
Anunciam também comidas, bebidas e todo tipo de aparatos eletrônicos para transformar sua comemoração, dizem eles, numa grande alegria.
Até telefones celulares entram no palco como se fosse possível, com um deles, fazer uma ligação direta aos céus, e desejar boas festas ao pessoal lá de cima e aproveitar a oportunidade para encontrar quem sabe um milagre que nos traga um aliviozinho nestes tempos difíceis.
Com relação ao aniversariante absolutamente nada, ou quase nada.
Como não sabemos quantos natais teremos pela frente, pois, afinal de contas, 2012 está chegando, vale a pena tentar fazer com que o desse ano seja realmente especial.
O que vou listar a seguir, não é propriamente uma receita. Trata-se de uma lista de ingredientes.
Cabe a você, dosando-os com competência e atenção transformá-los numa verdadeira ceia de natal.

RECEITA DE NATAL

1º Pegue papel e lápis, ou caneta, ou qualquer coisa que escreva e fique sozinho em algum lugar em que ninguém perturbe.
Estar em silêncio é fundamental.

2º Respire fundo e repetidas vezes e comece a buscar, dentro de você, todas as lembranças que o liguem ao aniversariante.
Lembre-se dos presépios, da estrela de Belém, dos Reis Magos e daquela criança num berço tosco e forrado de palha.
Pense na sua própria infância e nas aulas de religião em que professores às vezes um tanto desastrados, tentavam transmitir a você as palavras e os fatos da vida dele.
Muitas vezes você não entendeu nada, ou quase nada, mas, pouco a pouco, com o passar do tempo alguma coisa foi impregnando sua alma e passando a fazer parte de você.
Se você é cristão vai lembrar das missas, das cerimônias, dos casamentos e das festas religiosas.
Talvez até tenha lido alguma coisa da bíblia, dos evangelhos e outras coisas do gênero.
Vai se lembrar também dos momentos difíceis de sua vida em que você chamou por Ele.
Quando chegar neste ponto já terá descoberto ou sentido que além de tudo isso há algo mágico, extraordinário e inexplicável que, apesar de todas as barbaridades cometidas pelas religiões em seu nome, Ele, de alguma forma, está em nossos corações e mentes.

É Dele a festa, não esqueça.

3º Faça uma lista das pessoas que são realmente importantes para você, as pessoas que você gosta realmente e que, estando presentes ou não, serão lembradas na sua festa.
Como não podemos presentear diretamente o aniversariante vamos respeitar a tradição e mandar lembranças para aqueles que estão em nossos corações.

4º Com a lista que você já fez escolha para quem você vai comprar algum presente ou vai mandar um cartão de natal (e-mail não vale, pois não há sensação melhor que abrir um envelope e ler a mensagem de uma pessoa querida).

4a Cartões de natal
Se não puder fazer um, você mesmo, compre uns tantos, mas daqueles que não tem mensagens escritas.
Lembre-se que o cartão é apenas um veículo. A mensagem que escrever nele é um pouco de você que vai ao encontro do destinatário. As palavras devem ir de coração a coração.
Se diante de um nome você não se emocionar, risque e passe ao seguinte.
Lembre-se que o natal é a festa do coração, não da mente.

4b Presentes
Se não quiser ou não puder comprar um monte de presentes organize um amigo oculto ou algo do gênero. O essencial é escolher lembrando que o importante é a intenção que acompanha o objeto. Por exemplo, se sua mãe gosta de porta-retratos compre um e ponha nele aquela foto que você achou no fundo do baú com você pequenininho no colo dela.
O critério é sempre o mesmo amigo, emoção, muita emoção.

5º A Festa

5a Os Convidados
Faça a lista de convidados com muito critério.
Esqueça as conveniências e convide apenas as pessoas que você realmente ama. O resto da turma fica para o Ano Novo.

5b O local da festa
O ideal é que seja em sua casa.
Lembre-se que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço e uma multidão barulhenta enlouquece até o mais santo dos santos.
Planeje cada detalhe.
Monte uma árvore de natal original e de tamanho adequado ao espaço que você tem.
Envolva a família no processo de modo que todos participem na decoração do local.
Tire a televisão da sala e não ligue a dita cuja nem a pedido do Papa.
Se você achar que música é indispensável escolha com muito critério e, pelo amor de Deus, o volume tem que ser de modo a não atrapalhar a conversa das pessoas, bem baixinho.
Deixe o barulho para o dia 31 (de preferência na casa dos outros)

5c Comidas e bebidas
Lembre-se que as pessoas, quando comem demais, ficam sonolentas e quando bebem ficam barulhentas e desagradáveis.
Por outro lado você não vai querer que ninguém saia com fome da sua casa num dia tão importante.
Seja criterioso, consulte os amigos e parentes que você convidou e diga a eles como você está imaginando a festa. Peça sugestões de modo a envolver todo mundo no processo.

6º A Festa
Quando fizer os convites diga a hora em que você espera que as pessoas cheguem e esteja pronto para recebê-las.
Providências logísticas tais como local para deixar bolsas e casacos, lugar para crianças dormirem, etc., também têm que ser lembradas.
Na hora marcada tudo tem que estar pronto.
Receba cada um dos seus convidados com um grande e afetuoso abraço, sem pressa, pois a festa está apenas começando.
Aproxime as pessoas a medida que forem chegando e procure fazer com que a conversa entre vocês evite os temas atuais como política, economia e outros do gênero.
Lembrem-se dos Natais em que estiveram juntos no passado, de pessoas que foram importantes para vocês e que, por qualquer razão, não estão presentes.
Logo você verá que um clima amoroso e feliz acolherá a todos.
Pouco antes da meia noite reúna todos em torno da mesa e diga em poucas palavras como é importante que eles tenham vindo repartir com você aquele momento.
Faça um brinde ao aniversariante e agradeça o imenso legado que com seus ensinamentos e sua vida Ele deixou para nós.
Não fale da cruz nem no martírio.
Fale de amor, de compreensão, de compaixão e de paz. Depois celebrem, cantem, troquem presentes, brinquem com as crianças e aproveitem para serem crianças novamente, pelo menos nesta noite tão especial.
Façam deste Natal uma data inesquecível.


Para vocês, que pacientemente vem acompanhando minhas mensagens, quase sempre carregadas de preocupação com os rumos que os insensatos vêm dando ao nosso maravilhoso planeta, meu imenso MUITO OBRIGADO!
E, do fundo do meu coração, os melhores votos de FELIZ NATAL para todos.

10 dezembro, 2006

20 – Viajando para a lua


Quando muito jovem chegou às minhas mãos, por empréstimo, um livro chamado “Uma breve Introdução a História da Estupidez Humana”. Tinha mais de mil páginas e, como o nome indica, relatava casos e mais casos de decisões erradas tomadas por governantes, chefes militares, ministros, grandes empresários, políticos e outras preciosidades do gênero que resultaram em mortes e prejuízos incalculáveis. Os fatos narrados com abundância de detalhes, resultantes de uma pesquisa minuciosa, não deixavam qualquer margem de dúvida quanto à origem dos mesmos. Era burrice mesmo, do mais alto grau, e seus protagonistas são lembrados até hoje como grandes figuras históricas como Napoleão, Hitler, Stalin e outros tantos. A última frase do livro, que não consegui esquecer apesar do tempo era a seguinte: Aqui se encerra essa breve Introdução, oportunamente iniciaremos a História da Estupidez Humana. Não sei se a promessa foi cumprida ou se o autor simplesmente desistiu ao se dar conta da imensa tarefa que teria pela frente, pois nunca mais tive notícias à respeito. Talvez alguns dos personagens, ainda vivos na época da publicação, tivessem “convencido” o escritor a se ocupar de outros temas menos incômodos. Se alguém tiver disposição de retomar o assunto sugiro que comece analisando os primeiros anos do século vinte e um e acredito que será o suficiente para desistir também. Como colaboração a quem queira se aventurar nesses mares tenebrosos, aqui vai minha sugestão. Ao invés de uma estupidez antiga, do passado, comece por uma que está para acontecer, novinha em folha. A NASA, agência espacial americana, acaba de lançar um projeto para instalação de uma estação espacial permanente na lua com o objetivo, entre outros, de expandir nossa economia (lá deles, é claro) ao espaço. Não estou inventando nada. A notícia foi publicada exatamente, do jeito que você acabou de ler. A estação estará concluída em 2025 (que doce ilusão) e custará a modesta quantia de cento e vinte bilhões de dólares. Não sei quanto foi gasto, até hoje, com viagens à lua, estações espaciais e outras coisas do gênero. O que passou, passou e não adianta chorar. A pergunta é: Não haveria um modo melhor de usar esse dinheiro todo? Na chamada corrida espacial, de anos atrás (quando tudo começou) os russos e os americanos competiam para saber quem seria capaz de chegar primeiro à lua. Era uma questão de prestígio, coisa de criança. Mas e agora? Para não deixar perguntas sem respostas quero que fique registrada, para o caso de alguém se interessar pelo assunto, uma possível linha de raciocínio. Levando em conta que os políticos americanos já devem ter chegado à conclusão que não conseguem ganhar guerra nenhuma, vide Coréia, Vietnam, Iraque e Afeganistão, daqui para o futuro acredito que eles devam abrir mão da responsabilidade que se auto atribuíram de xerifes do mundo. Não é uma questão de opção, eles simplesmente fracassaram. Mas se não vão se meter em guerras como fica a indústria armamentista que é uma das grandes financiadoras das campanhas políticas e dos políticos americanos? É simples amigos, vamos fazer uma estação espacial na lua. Os grandes fornecedores de peças, equipamentos, projetos e todo o resto que se possa imaginar para a NASA são exatamente os mesmos que fabricam material bélico. Fica todo mundo feliz e o Bush neto em 2025 corta a fita de inauguração. Cortaria, meu caro, porque em 2012, felizmente, esta palhaçada acaba. Para terminar, uma sugestão, leia 1984, de George Orwell, Não deve ser difícil de encontrar na Internet. É admirável a acuidade do autor e se você ler com atenção entenderá melhor o mundo em que estamos vivendo.

03 dezembro, 2006

19 – AL GORE – POP STAR


Vocês se lembram do Al Gore? É um cidadão que foi Vice-Presidente dos Estados Unidos na época do Clinton e conseguiu a proeza de perder a eleição para o Bush. Disseram que houve fraude, mas como se trata de primeiro mundo deve ser choro de derrotado. Ainda mais porque ele não reclamou e acho até que ficou aliviado sabendo dos problemas que teria pela frente, se eleito. Assisti, alguns dias atrás uma entrevista do gajo na televisão e tenho que admitir que o achei simpático e articulado embora, sei lá porque, me faça lembrar o Fred Flintstone. Depois de alguns anos sumido ele retorna como defensor de causas ligadas ao meio ambiente (parece que sempre foi) principalmente no que diz respeito ao aquecimento global. Na tal entrevista da TV e em outra que deu a um jornal local ele só falou disso (aquecimento global). É sempre animador saber que uma personalidade de destaque, principalmente um político influente na América, se preocupa com assuntos que parecem não existir para os americanos em geral. Há, porém alguns pontos que eu gostaria de entender melhor. Será que esta volta à notoriedade não está relacionada à proximidade do fim da era Bush e a conseqüente possibilidade de uma candidatura à presidência? Pelo andar da carruagem parece difícil imaginar que o atual presidente consiga eleger seu sucessor tal o desgaste que seu prestígio vem sofrendo ultimamente. Outra coisa curiosa foi a escolha da causa que abraçou e o tipo de argumentos e meios que usa para apoiar suas ações. Afinal de contas os efeitos do aquecimento global já são tão visíveis que é impossível, mesmo ao cidadão mais obtuso, não percebê-los e não se apavorar com eles. Não senti no discurso do Senhor Gore nenhuma preocupação maior com a urgência de se tomar decisões e providências ao menos para tentar desacelerar o processo que nos leva, em ritmo acelerado para o buraco. Quando perguntado sobre a adesão dos Estados Unidos ao protocolo de Kyoto respondeu que espera que os democratas, agora maioria no congresso, ponham pressão sobre o presidente, e só. Quanto ao desmatamento e queimadas na Amazônia disse ser um assunto exclusivo dos brasileiros. Nada mais politicamente correto SENHOR GORE, mas por outro lado, nada mais absurdo. A monstruosa emissão de poluentes causada pelo consumo desenfreado de energia nos Estados Unidos é um problema de todo o mundo. A destruição da cobertura vegetal da Amazônia quer através da derrubada das árvores, quer pelas queimadas, também é um problema mundial. Um movimento mundial tem que ser feito, através da ONU, dos governantes com um mínimo de lucidez, das ONGS, das Universidades e de qualquer pessoa, inclusive o senhor no sentido de se tomar providências urgentes para ao menos retardar as conseqüências das monstruosidades que estamos fazendo contra a vida em nosso planeta. Note bem, Senhor GORE, contra a vida, e isso inclui a sua. Antes que algum luminar pense nisso, quero deixar claro que não estou defendendo a internacionalização da Amazônia ou outras bobagens do gênero. Ninguém precisa invadir ou violar a soberania de ninguém para que sejam tomadas medidas que nos protejam a todos. Esse seu discursozinho de candidato não serve a nada e muito menos a tal General Investment Management que o senhor criou “para provar que é possível conciliar crescimento econômico e sustentabilidade” (é o que está escrito na entrevista e o senhor concordou). O problema, no momento, não é crescer, é sobreviver. Não há mais tempo para ações pontuais meu caro Senhor GORE. Muito menos para ações pontuais dentro de um problema, no meio de outros tantos igualmente urgentes sobre os quais o senhor se esqueceu de falar, como a explosão demográfica, a poluição das águas, o lixo, a escassez da energia e outros menos votados. Se o senhor quer ser líder de alguma coisa suba na tribuna e grite o mais alto que puder. Seja realmente um POPSTAR, xingue, ameace, se atire no chão, faça enfim tudo que for preciso para se fazer ouvir, pois o tempo que dispomos é curto, muito curto. Se nada der certo, uma última tentativa: Quebre a guitarra no chão e jogue na platéia. Depois vá para casa esperar a chegada de 2012 com a consciência tranqüila. Se for possível, é claro!

28 novembro, 2006

18 - DEMOCRACIA – IMAGEM



Democracia, como todos sabem, é o sistema político em que os governantes são escolhidos através do voto popular.
Com relação à imagem a definição já não é tão precisa.
Consultando o dicionário encontrei:
Do latim imagine – s.f
Representação, reprodução ou imitação da forma de uma pessoa ou objeto.
Conjunto de características e atributos de uma pessoa ou instituição tal como é vista pelo público em geral.
As duas definições se completam, de certa forma, sendo uma a extensão da outra.
Nesta extensão é que as coisas começam a se complicar.
Suponha que você, revolvendo seus guardados, encontre uma fotografia da casa em que viveu quando criança.
Como é a simples representação gráfica de algo real e concreto seria de esperar que qualquer pessoa, inclusive você, tivesse uma percepção muito parecida sobre a “imagem” contida no quadro.
Mas não é o que acontece.
Nenhum dos nossos sentidos funciona isoladamente e a percepção que temos das coisas e do mundo é a resultante da interpretação que nosso cérebro dá ao conjunto de impulsos que lhe são remetidos a cada momento pelos nosso ouvidos, olhos, etc, etc.
Tudo isso é misturado com sentimentos, lembranças, preconceitos, condicionamentos e o que mais houver dentro de nós.
O resumo da ópera é que a casa que você vê, olhando aquela foto, costuma ser muito diferente da que qualquer outra pessoa veria.
Não é lá muito simples mas vamos esticar a corda um pouco mais.
Na segunda definição o dicionário fala em “características e atributos de pessoa ou instituição tal como é vista pelo público em geral”.
Sentiram o drama?
Se olhando a foto da casa, que é real, a coisa já não era simples, imagine quando falamos de coisas etéreas e irreais ou subjetivas como as “instituições”, “atributos”, etc.
Aí a confusão é total.
A conclusão desse discurso todo é que o modo que cada um de nós percebe e se relaciona com as coisas e o mundo é inteiramente pessoal e isso pode ser muito bom, mas (sempre tem um mas) entre esta percepção e o que é real costuma haver um abismo e isto com certeza é muito ruim.
É muito fácil perceber, na nossa vida diária, como a coisa funciona. A roupa que você comprou ano passado e achou maravilhosa hoje lhe parece horrível e é exatamente a mesma roupa. Poderia encher páginas dando exemplos.
Pessoas muito espertas como políticos, padres, gurus e ultimamente os chamados marqueteiros ou, de um modo mais elegante, publicitários perceberam como esses mecanismos da mente funcionam e passaram a manipulá-los em benefício próprio ou de seus “clientes”. Deste modo nos convencem a comprar esse ou aquele produto, ver um ou outro filme, ouvir tal tipo de música, e, ultimamente, ingressar em alguma seita ou religião.
Nada muito grave, pois cedo se percebe o engano, se houver, e se ajeitam as coisas.
Mas quando se trata de política?
Como fazer quando você descobre que o candidato que lhe foi “vendido” como experiente, honesto, competente e dedicado às grandes causas é simplesmente um impostor?
No mínimo você terá que esperar uns quatro anos para trocá-lo por outro. O problema é que este outro será “vendido” da mesma forma e a história se repete.
Você vota na “imagem” de alguém e não na pessoa real que está cuidadosamente escondida e pronta para exercer o poder em benefício próprio e de seus asseclas que lhe dão suporte e nunca da maioria dos ingênuos que lhe deram os votos.
Isto é democracia?
Seguramente não.
Os pobres dos gregos, que são “acusados” de terem inventado esta farsa na verdade lidavam com as coisas de uma forma bem diferente.
Lembrem-se que naquela época as comunidades eram pequenas (em relação a hoje é claro) e as pessoas se conheciam diretamente.
Não haviam a mídia nem os marqueteiros entre você e seu candidato.
E não foram poucas as vezes que os eleitores, se sentindo traídos, resolveram a questão de modo simples e direto; uma facada nas costas do traidor e ponto final.
Não estou sugerindo de forma alguma uma solução tão radical embora, ainda hoje, alguns grupos políticos façam algo parecido com seus desafetos.
O indispensável é, de alguma forma, tirar as máscaras.
Se você mentir diante de um juiz pode ser preso.
Que fazer com quem mente diante de uma nação inteira?
Não estou falando de um ou outro político.
Estou falando de todos os políticos, sem exceção.
Pouco tempo atrás, num país que não vale a pena citar, descobriu-se que mais da metade dos deputados e senadores estavam envolvidos (devem estar ainda) com todo tipo de roubos, negociatas e crimes possíveis de imaginar.
O presidente do congresso apareceu na televisão para declarar a sua preocupação não com os fatos, mas com as conseqüências dos mesmos sobre a IMAGEM da instituição.
Com relação aos fatos nada foi nem será feito.
Quanto à IMAGEM algum marqueteiro dará um ou outro retoque e ponto final.
Segundo a ONU os países em que a democracia funciona melhor são os do norte da Europa. Suécia, Dinamarca, Finlândia, Suíça e Holanda são exemplos a serem seguidos.
Países pequenos, com alto nível cultural e administração descentralizada.
Alguém lembrou da Grécia clássica?
O espaço para a “imagem” mentirosa e desonesta fica muito menor quando as pessoas se conhecem realmente.
Que marqueteiro seria capaz de convencer você que seu vizinho semi-analfabeto e preguiçoso é um grande estadista?
Quanto mais perto da realidade conseguirmos chegar maior a possibilidade de democracia.
A equação é simples:
Mais verdade igual a mais democracia.
Mais “imagem” igual a menos democracia.
Para terminar tente lembrar da figura de seu presidente, senador ou coisa que o valha.
Você gostaria de ficar até 2012 com esta mala nas costas?

26 novembro, 2006

17 – Gripe das aves



Muito se tem falado sobre o assunto e ele aparece e some do noticiário de tempos em tempos.
No mundo em que vivemos, dominado pela mídia, fica-se com a impressão que um problema só existe quando aparece nos meios de comunicação. Se estiver nas primeiras páginas dos jornais e nas chamadas dos noticiários de TV e rádio então a coisa é grave. Se estiver nas páginas internas já não é tão grave ou está sendo revolvido.
Quando desaparece ficamos com a sensação que está tudo bem.
Não podemos culpar ninguém por isso uma vez que será difícil vender um jornal que tenha sempre a mesma manchete na primeira página.
Mas talvez fosse uma boa idéia reservar um espaço numa das páginas internas para problemas relevantes que, embora denunciados pela mídia e pela opinião pública, os governos insistam em não resolver.
Seria mais ou menos assim:
Problemas já noticiados e não resolvidos.
1º Explosão demográfica
Reportagens e artigos já publicados – 150.000
Providências tomadas – nenhuma
2º Poluição ambiental / aquecimento global
Reportagens e artigos já publicados – 200.000
Providências tomadas – nenhuma
E assim por diante
Poderia haver também um site na internet disponibilizando estas informações a todos os interessados.
Não tenho dúvidas que, conduzido por um jornalista talentoso este projeto seria um grande sucesso e serviria, inclusive, como fonte de informações para as populações em época de eleições ou plebiscitos de modo que os eleitores pudessem cobrar dos candidatos comprometimento com a solução destes problemas.
Quem sabe não seria também uma boa idéia listar as promessas eleitorais de cada partido e o que realmente fosse cumprido durante seus governos?
A mídia só se ocupa do imediato e deixa assim, no esquecimento informações sobre o passado recente que poderiam influenciar de maneira positiva o futuro.
Ninguém gosta de cometer duas vezes o mesmo erro mas é comum que isto ocorra, pois diante da quantidade imensa de informações contraditórias veiculadas diariamente as pessoas esquecem o que fizeram algumas semanas antes.
A gripe das aves estaria seguramente nesta página, pendendo como um cutelo sobre nossas cabeças.
Cada vez que um foco da doença é localizado sacrificam-se uns tantos frangos e ficamos todos torcendo que a coisa pare por aí mesmo.
Mas não para.
Já apareceu em outras aves inclusive migratórias.
Como até o momento os seres humanos contaminados foram os que tiveram contato direto com as aves e, aparentemente a doença não passa de pessoa para pessoa, a única preocupação parece ser que isso não venha a ocorrer devido a alguma mutação no vírus.
A possibilidade de difusão da doença entre os humanos realmente é de tirar o sono de qualquer um.
Mas o que aconteceria se a doença crescesse de maneira explosiva apenas entre as aves nos deixando, por algum milagre, imunes a ela?
Seria menos danosa para nós?
Seguramente não.
As aves estão no meio da cadeia alimentar dos ecossistemas e são parte essencial dos mesmos.
Elas se alimentam de insetos, roedores e outros organismos que, sem predadores se transformariam em pragas com conseqüências imprevisíveis.
Além disso, são alimento indispensável para outras tantas espécies inclusive a nossa.
E a polinização das flores e a difusão das sementes indispensáveis para a reprodução de inúmeras famílias vegetais?
É impossível avaliar o tamanho da calamidade.
Uma situação como esta mostra com clareza como é vulnerável a nossa sobrevivência no planeta.
Estamos, a cada dia que passa, encurtando o tempo ainda disponível para evitar o pior.
Se nada for feito e alguma solução encontrada teremos duas opções: morrer de gripe ou de fome.
Não é animador?

19 novembro, 2006

16 – Bomba Atômica


O General Sun Tsu, em seu livro A ARTE DA GUERRA, escrito há mais de dois mil anos dizia:
“A vitória sobre o inimigo só é alcançada quando este perde a disposição de luta”
Dependendo da tradução, ou do autor que faz a compilação das máximas do ilustre guerreiro, as palavras podem variar um pouco, mas a essência é a mesma.
A crença na vitória é uma das maiores armas de um exército.
Esta confiança pode ser quebrada de diversas formas.
Na segunda grande guerra mundial (1939/1945) a capitulação do Japão se deveu ao aparecimento de uma nova arma, de poder avassalador, que foi usada por seus oponentes americanos em duas oportunidades.
O número de vítimas, cerca de duzentas mil, embora elevados, não me parece que tenha sido o fator determinante do armistício.
Afinal de contas, a esta altura, já haviam morrido, durantes os seis anos que durou o conflito, mais de cinqüenta milhões de pessoas.
O que derrubou o moral dos japoneses foi o desconhecimento sobre a nova arma.
Se duas bombas fizeram um estrago deste tamanho o que viria depois?
A guerra acabou e esperava-se que tivesse sido a última, tais os sacrifícios e privações que todos os países do mundo, ou quase todos, sofreram naquela época e nos anos seguintes no esforço de reconstrução.
Além disso, como só os americanos possuíam a tal arma esperava-se que ninguém se atrevesse a enfrentá-los.
Infelizmente o ser humano não aprende com a experiência.
Em pouco tempo o conhecimento necessário à construção das bombas atômicas já estava disponível para vários países que não tiveram a menor dúvida em sair fabricando este novo “brinquedo” em quantidades e modelos os mais variados (bombas, ogivas de mísseis e torpedos, etc., etc.,).
Hoje, pelo que se sabe, cerca de dez países tem a bomba e o estoque de artefatos nucleares armazenados é suficiente para destruir o planeta pelo menos sete vezes (isto dá a medida da estupidez, pois se o mundo for destruído uma vez quem estará aí para destruí-lo outras seis?)
Bilhões e bilhões de dólares foram gastos, pois a brincadeira não é barata, mas isto não foi obstáculo para que países pobres também entrassem no clube e que, ainda hoje, haja uns dois ou três na fila batendo na porta.
Resumindo a ópera: “Para que serve a tal bomba que uns tantos idiotas tem e outros tantos querem ter?”.
A resposta é: RIGOROSAMENTE PARA NADA.
O que se esperava, quando o tal apetrecho foi inventado é que, a exemplo do que aconteceu com o Japão, ninguém mais tivesse a disposição necessária para se meter em aventuras militares, ante a ameaça de deflagrar um conflito de proporções imprevisíveis.
Mas os senhores da guerra logo descobriram que, devido às características da tal bombinha, era impossível controlar os seus efeitos nas guerras, por assim dizer, de pequeno porte.
Os efeitos colaterais são muito grandes e o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Além disso, quem tem coragem para atirar a primeira pedra?
Já passados bem mais de 50 anos dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, milhares de artefatos nucleares já foram fabricados (e devem estar guardados em algum canto, aí pelo mundo) e nenhum, graças a Deus foi utilizado.
Sabem por quê?
POR MEDO!!!
Vocês acham que o dedo dos americanos não coçou quando estavam perdendo a guerra do Vietnam?
E se os chineses e russos ficassem zangados quais seriam as conseqüências?
Atualmente, num mundo totalmente globalizado e entupido de gente até a tampa é impossível repetir o feito do Enola Gay (bombardeiro que jogou as bombas no Japão) sem atingir o próprio pé.
Joguem uma bomba no Iraque e depois fiquem trinta anos esperando diminuir a radiação nuclear para poder comprar petróleo dos árabes; uma bombinha na Coréia do Norte e logo teremos umas nuvenzinhas radioativas na Coréia do Sul e por aí a coisa vai.
Não temos, pois que nos preocupar com os dois maluquinhos que estão aflitos para fazer suas bombinhas (o do Irã e o da Coréia do Norte) não há nenhum sintoma muito relevante que eles sejam mais irresponsáveis e idiotas que os outros que já têm a bomba.
Enquanto eles gastam um dinheirão nesta brincadeira boba não estão fazendo coisas piores.
E, afinal de contas segundo os especialistas de plantão eles vão precisar de mais uns tantos anos para o brinquedo ficar pronto.

E 2012 VAI CHEGAR ANTES, COM CERTEZA!

16 novembro, 2006

15 – Plantando árvores


Antes de qualquer coisa olhe bem a foto dessa senhora logo acima.
O nome dela é WANGARI MAATHAI.
Você já a conhecia?
Meus parabéns se a resposta foi sim.
Quanto a mim tomei conhecimento da dita através de um programa de TV cerca de quinze dias atrás.
Tratava-se de uma entrevista e infelizmente só vi os últimos quinze minutos, mas foram suficientes para despertar minha curiosidade a respeito do trabalho dela.
Sua figura marcante com um sorriso quase sempre presente além do traje colorido e uma pronúncia muito peculiar da língua inglesa não tem como passar despercebida.
No momento em que sintonizei a TV ela falava da sua infância passada numa pequena aldeia no Quênia.
A vida era simples, mas ninguém se sentia pobre, pois a natureza era generosa e, com o que se coletava na floresta e nos rios próximos, acrescido das lavouras e criações domésticas cuidadas pelas mulheres, tinha-se bem mais do que o necessário para uma existência sem privações.
Quando voltou a aldeia natal alguns anos depois (não sei quantos, pois perdi essa parte) ficou desolada com o que viu.
A simplicidade da vida sem privações na aldeia na época tinha dado lugar a um quadro de extrema pobreza.
Miséria mesmo.
Ao invés de sentar e ficar estudando, como o nosso “demógrafo” (vide n° 11) ela, que a esta altura já tinha se formado em biologia ou algo do gênero pos mãos à obra.
As causas da decadência local eram nítidas e só um intelectual ou político ou alguma inutilidade do gênero seria capaz de não percebê-las ou de não agir imediatamente para saná-las a medida que foram aparecendo.
Desertificação, assoreamento e queda de vazão dos rios, etc., etc., tudo como conseqüência direta do desmatamento.
Não é meu propósito entrar em minúcias sobre como se iniciou e se desenvolveu o Movimento do Cinturão Verde (The Green Belt Movement) criado por ela, nem seus efeitos colaterais (também de grande benefício para as populações envolvidas).
O que importa é que identificado o problema ela agiu.
Se faltam árvores vamos plantá-las, ponto final.
Em quase 30 anos de trabalho intenso, enfrentando e vencendo todo tipo de obstáculos vem mobilizando as mulheres pobres da África a plantarem 30 milhões de árvores.
Se já atingiu esta meta eu não sei, na pior das hipóteses, deve estar muito perto.
Em 2004 a nossa amiga recebeu o prêmio Nobel da Paz.
Este é o final feliz?
Antes de responder tenho algumas perguntas:
1° Por que os velhinhos que distribuem o prêmio Nobel (não sei porque acho que são todos bem velhinhos) só premiaram seu trabalho depois de 30 anos?
2° Por que os governantes de todos os países do mundo não adotaram as idéias absolutamente simples e objetivas do projeto?
3° Onde estavam os intelectuais, jornalistas, estudantes, professores, religiosos e outros formadores de opinião, pelo mundo afora, que só após a premiação deram algum destaque ao projeto?
Para estas perguntas eu tenho resposta:
“ESTAVAM DORMINDO”
Infelizmente esta história não tem final feliz.
Enquanto as mulheres africanas plantam suas árvores as madeireiras derrubam impiedosamente as florestas da América do Sul e do norte da Ásia, e de onde houver governantes complacentes que não lhes fechem as portas.
Vocês acham que essa gente que levou 30 anos para descobrir e premiar o valor da nossa amiga vai conseguir fazer alguma coisa até 2012?
Enquanto pensam sugiro que pesquisem na Internet ou, onde for possível, mais informações sobre o GREEN BELT e sua fundadora e divulguem o que encontrarem.
Sempre é bom pensar que, quem sabe, um milagre ainda pode acontecer.

13 novembro, 2006

14 - Como gastar 1 bilhão de dólares


O telefone toca insistentemente no meio da noite, e, ao atender, ainda meio desperto meio dormindo, uma pessoa que se identifica como representante de um parente seu, que você nem se lembrava que tinha, lhe diz que o dito cujo morreu. Ainda mal refeito do susto, você é informado que o tal parente era incrivelmente rico e lhe deixou, em testamento, a quantia de um bilhão de dólares. Dito isto, o tal representante apresenta os pêsames, pede que você anote o nome e o telefone dele, se desculpa pela hora imprópria da ligação e se despede dizendo que dentro de dois ou três dias liga de novo dando maiores esclarecimentos quanto ao que será necessário fazer para receber a herança. A essa altura dos acontecimentos procure avaliar o que lhe passaria pela cabeça: Será que estou sonhando? Ou será que alguém resolveu fazer uma brincadeira de mau gosto? Por outro lado você se dá conta que nenhum dos seus amigos sabia da existência desse tal parente do qual nem você se lembrava. Aos poucos, à medida que o susto vai passando, você decide esperar pela próxima ligação, daqui a dois ou três dias, foi o que ele disse, e resolve voltar a dormir. Mas quem consegue? Mil pensamentos passam pela sua cabeça. Que fazer com esse dinheiro todo? Comprar uma casa nova? Ou, quem sabe, um avião, ou uma ou duas Ferraris (uma para trabalhar outra para passear). Com um bilhão quem vai trabalhar? O melhor é ajudar os amigos e fazer aquelas viagens que você sempre sonhou, mas, nesse caso, quem vai cuidar do dinheiro? E por mais que você pense em meios e modos de gastar o dinheiro, ao final das contas, sempre sobra um monte, pois um bilhão de dólares é, realmente, muito dinheiro. Ao final do primeiro dia você já está quase louco. Uma coisa, porém, tenho certeza absoluta que não lhe passou pela cabeça: Contratar um bando de mercenários (já que você não é o presidente do seu país e não tem um exército à disposição) para invadir e anexar o bairro vizinho e assim aumentar o seu quintal. É um total absurdo, você dirá. E é mesmo. Mas volte ao seu tempo de colégio e vá escrevendo os nomes dos “grandes heróis” que fizeram a história. Os grandes reis, imperadores, generais e presidentes (aqueles que você se lembra) fizeram, ou tentaram fazer, mais ou menos isso, aumentar o quintal de casa. Na vida de todos eles, ou quase todos, há um rastro de morte e destruição. Quantas foram as vítimas dos exércitos de Alexandre, Júlio César, Napoleão e outros tantos? E é fácil encontrar estátuas de todos eles espalhadas pelo mundo afora. Eles são lembrados com respeito e reverência. Como você vê, vivemos num mundo louco, pois, ainda hoje, temos alguns dementes tentando entrar na história pela mesma porta que estas “grandes” figuras do passado. Com um bilhão de dólares você consegue invadir o Iraque e ficar pelo menos uns três ou quatro meses por lá matando um bocado de gente. Com um tanto de sorte e um pouco mais de competência do que os que tentaram essa aventura até agora, talvez você consiga, por este caminho, escrever seu nome no panteon dos imortais. Está gostando da idéia? Você montado num cavalo branco desfilando pelas ruas de Bagdá, não é o máximo? Pois é, meu caro, o dinheiro e o poder que vem com ele enlouquecem as pessoas. Assim, como gosto de finais felizes, vamos continuar imaginando. O representante do tal parente telefonou ao final do terceiro dia e disse que houve um lamentável engano. O falecido tinha também muitas dívidas e, feitas as contas, o que sobrou para você foi um grande quadro com uma inscrição em caracteres de uma língua desconhecida, mas visivelmente, muito antiga. Feita a tradução essa era a frase: “O detentor deste quadro deve deixar de pensar bobagens e tratar de ser feliz e viver intensamente cada minuto de sua vida porque 2012 está chegando”. Estranho, não?

09 novembro, 2006

13 – Mães / Pais / Filhos


A televisão é, sem sombra de dúvida, um extraordinário veículo de informação e, para o bem e para o mal, uma vitrine das transformações sociais e do comportamento humano nos dias que vivemos.
Há programas sobre tudo que se possa imaginar e, deixando de lado os que são ou pretendem ser puro entretenimento, é possível encontrar em alguns canais, matérias que devem ser vistas e revistas, pois seu conteúdo merece uma profunda reflexão.
O que me chamou atenção, alguns dias atrás foi um documentário feito pela BBC sobre ursos.
Três equipes foram destacadas, cada uma delas para um local diferente, com a missão de acompanhar o dia a dia de uma família de ursos.
As famílias, no caso, são as mamães urso e seus filhotes, pois os papais urso, a exemplo de muitos pais humanos, após a fecundação das fêmeas simplesmente somem.
Além da qualidade técnica das filmagens e da beleza extraordinária das locações é impossível não perceber o envolvimento emocional das equipes com as cenas que se desenrolam diante de seus olhos.
O carinho e a atenção das mães com seus filhotes chega a ser comovente, pois são animais enormes que chegam a pesar mais de trezentos quilos.
Durante dois anos elas se ocupam, vinte e quatro horas por dia, em proteger, alimentar e preparar os filhotes para a vida adulta.
Isto tudo, que seguramente não é pouco, sem o menor sinal de impaciência ou ansiedade.
Esta é a sua missão e parece que elas estão perfeitamente à vontade com a tarefa que lhes foi reservada pela natureza.
E as mães humanas?
Quantas você conhece que são capazes da mesma dedicação?
É evidente que nossa sociedade é imensamente mais complexa e há mil e uma explicações para o comportamento absurdo que vemos a todo o momento nas mamães humanas com seus filhos.
O fato de nossa cultura nos afastar cada vez mais da natureza devia ser assumido por todos nós e levado em conta nos momentos e que fazemos nossas opções de vida.
A ursa não tem escolha, a cada dois anos ela vai acasalar ter seus filhos e zelar para que eles se criem e a espécie seja perpetuada.
As humanas têm escolha, ter ou não ter filhos, e deveriam fazer suas opções com liberdade e de maneira consciente.
Afinal de contas se há uma coisa que sobra no mundo é gente; muita gente.
Porque continuam a produzir filhos se grandes partes delas não tem a menor vocação para isto?
Não é crime preferir o sucesso profissional ou uma vida mais livre e despreocupada.
Mas crianças, a exemplo dos bebês ursos, precisam de mães disponíveis e amorosas vinte e quatro horas por dia, nos primeiros anos de suas vidas.
Todo mundo sabe disso.
E todo mundo sabe também das conseqüências para as crianças de um início de vida com os pais ausentes.
A empresa em que trabalhei, durante muitos anos, era ao lado de uma creche. Todas as manhãs os carros se acumulavam na nossa porta com os pais despejando os filhos na creche. De noite era a mesma agonia, eles vinham buscá-los.
Porque ter filhos e deixá-los na mão de terceiros para cuidá-los?
Se a resposta que está na ponta da sua língua é que a mãe precisa trabalhar fora para poder manter o filho, não fale.
Você sabe que não é bem assim. Pelo menos para as que deixavam seus bebês lá, junto ao nosso escritório.
Voltaremos ao assunto mais adiante, mas pensem nele.
Enquanto isso lembrem dos bebês urso e morram de inveja.

06 novembro, 2006

12 – Reforma Agrária ou a Fazenda do Seu Quincas



Quando eu era garoto, muito, muito tempo atrás, costumava passar as férias de verão na fazenda do “seu Quincas”.
Era um período glorioso pela sensação de liberdade e pelas descobertas que fazíamos a cada momento (eu e meus amigos, os netos do seu Quincas) naqueles espaços, que, na época, me pareciam imensos.
Olhando em perspectiva a fazenda devia ser resultado da repartição de outra muito maior entre os herdeiros do falecido pai do seu Quincas e deve ter tido seu apogeu na era do café.
A casa grande não era lá tão grande e seu interior e mobiliário mostravam que a fase dourada tinha ficado no passado.
Contudo vivia-se bem e sem sobressaltos.
Os trabalhos da fazenda eram feitos por colonos (como eram chamados, na época, os trabalhadores rurais) que moravam em casas simples na área da propriedade e tinham sua horta, galinheiro, etc. para atender ou complementar sua alimentação e recebiam um salário que não deveria ser lá grande coisa.
Os mais operosos “meavam” com o proprietário lavouras de milho, cana, feijão ou aipim (é o que consigo me lembrar), o que lhes garantia uma renda extra.
Apenas para informação dos mais urbanos: Meação é um sistema em que o proprietário da terra a cede ao chamado meeiro para que ele a cultive. A colheita é repartida de acordo com o acordo feito (geralmente meio a meio).
Se não era o melhor dos mundos também não era o pior e, seguramente, poderia e deveria ser melhorado.
Com a industrialização crescente dos anos 60 e a concentração das populações em torno das áreas industrializadas as comparações entre as condições de remuneração do operário urbano e rural eram inevitáveis.
Isto foi um prato cheio para os políticos que criaram a imagem de um camponês espoliado que só existia em Cuba ou na União Soviética de 50 anos atrás.
O colono ou trabalhador rural passou a ser denominado camponês e todo mundo (políticos, religiosos, etc.) decidiu proteger os “pobres coitados”.
Resolveram estender ao campo os direitos trabalhistas dos operários urbanos, e dar o mesmo remédio para doenças diferentes costuma não dar certo, e não deu.
O objetivo dos fazendeiros passou a ser ter o mínimo possível de empregados e, de preferência, que não morassem na fazenda para não terem mais adiante problemas trabalhistas.
Descobriu-se então que o negócio era soltar o gado no campo e depois vender.
E o pessoal que sobrou? Foi para a periferia das cidades em busca de trabalho e lá ficou vivendo de sub-emprego e biscates e morando em condições miseráveis.
Os políticos ganharam seus votos, os fazendeiros passaram a ser empresários rurais.
Quando era necessária mais mão de obra na fazenda era só mandar um caminhão passar na favela mais próxima e trazer o pessoal. Ao fim do dia levar de volta e ponto final.
Suas excelências tinham inventado os “bóias frias”.
Precisavam agora proteger os bóias frias e a solução era a reforma agrária.
Os fazendeiros, que tinham aprendido a lição, trataram de racionalizar ainda mais seu trabalho com mais tecnologia, mais máquinas, etc., etc.
Por sua vez, com a demanda cada vez maior de alimentos e o inchaço das cidades a terra próxima aos centros consumidores se tornou cada vez mais cara.
Como e onde fazer a reforma agrária?
Desapropriando, ou melhor ainda invadindo as fazendas improdutivas foi a resposta dos “gênios”.
Só que elas eram improdutivas porque estavam exauridas pelo manejo predador.
Os proprietários que foram desapropriados estão rindo até hoje, pois foram pagos a peso de ouro para se livrar de um problemão (um pedaço foi para os “nobres”, é claro, mas deixa pra lá).
Os colonos, que com o tempo tinham se tornado bóias frias ganharam um novo apelido; agora eram os “sem terra”.
Os políticos novamente correram para proteger os coitados (como são bons os políticos).
Fizeram grandiosos planos de assentamento (apelido das favelas rurais) lá no meio do fim do mundo e disseram para os infelizes que agora eles eram donos da própria terra e podiam se dedicar a uma atividade que os levaria à riqueza e a prosperidade, “agricultura familiar”.
Vocês se lembram da fazenda do seu Quincas? Os filhos e netos dele se mudaram para a cidade e, quando o velho morreu, um meeiro muito trabalhador e sagaz conseguir comprar dos herdeiros a terra onde tinha nascido e que conhecia como ninguém.
A fazenda prosperou e com o passar do tempo a cidade vizinha cresceu tanto que encostou nela e o antigo colono, agora empresário, transformou a propriedade em loteamento urbano.
Você acredita num final feliz como este (que é real) para algum dos “sem terra” assentados pelo governo no meio da Amazônia?
Se acreditar não deixe de mandar uma cartinha para Papai Noel pedindo seus presentes desse ano.
E espere sentado que até 2012 os presentes chegam.

03 novembro, 2006

11 - Demografia



Você sabe o que é um demógrafo?
De acordo com a enciclopédia é um cidadão que estuda demografia, que, antes que alguém pergunte, é a “ciência que estuda a dinâmica populacional humana”.
Ainda, de acordo com a mesma “enciclopédia”, ela engloba o estudo das dimensões, estatísticas, estrutura e distribuição das diversas populações humanas e incluem variáveis como natalidade, mortalidade, migrações e envelhecimento.
Como você vê o demógrafo deve ser um sujeito muito importante e respeitado num mundo em que a população explode acima de qualquer limite razoável.
Somente seus conselhos e sua orientação podem nos salvar duma catástrofe.
Aí é, que começa o problema; VOCÊ CONHECE ALGUM DEMÓGRAFO?
Alguém já viu ou conversou com um?
Provavelmente a resposta é não.
Onde estão as pessoas que escolheram estudar problemas tão importantes e simplesmente não se manifestam sobre eles: Será que continuam apenas estudando?
Imagine que você está na escola de bombeiros (daqueles que apagam incêndios) e um dia, ao voltar para casa, vê que ela está pegando fogo. Qual será sua atitude? Sentará e ficará estudando o incêndio (afinal você está na “escola” de bombeiros) ou fará todo possível para apagar o fogo?
A resposta é óbvia, mas é no óbvio que as coisas empacam, e ao tentar descobrir porque elas empacaram, chegam-se às explicações mais absurdas.
Parece impossível que na situação acima alguém ficasse apenas sentado olhando o fogo, mas acredite, acontece. O quase bombeiro estava até estudando e não poderia perder tempo tentando apagá-lo ou, pelo menos, berrando como um louco para que alguém fizesse isso.
Para quem está curioso e quer saber onde os demógrafos entram nessa história a resposta é simples:
1 – Entre 1850 e 1925 a população do mundo cresceu de um bilhão para dois bilhões de pessoas (num período de 75 anos)
2 – Entre 1925 e 1962 passou de dois a três bilhões de pessoas (num período de 37 anos)
3 – Entre 1962 e 2006 passou de três a seis bilhões de pessoas (num período de 34 anos)
Onde estão os malditos demógrafos?
Seguramente não estão gritando e pedindo ajuda para que esse problemão seja resolvido ou que, pelo menos, se olhe para ele com atenção.
Se estivessem, seguramente você já teria visto um deles e não ficaria tão surpreso em saber que essa profissão existe.
Possivelmente, eles estão todos sentadinhos, um ao lado do outro, estudando as estatísticas, as migrações, a natalidade, etc., etc., etc.
Lá por volta de 2012 eles devem ter alguma tese para apresentar sobre o assunto.
Só não sei para quem, ou para quê.

29 outubro, 2006

10 - Emburrecimento Global 2


Os jornais e noticiários de TV do dia 24/10 deram grande destaque a um relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) em que se afirma que o homem está consumindo anualmente 25% a mais do que o planeta é capaz de repor.
Ainda, segundo o relatório, até 2050 a humanidade estará consumindo mais do que o dobro da capacidade da terra.
“Essa conclusão levou em conta o crescimento populacional, a evolução tecnológica e o desenvolvimento econômico”.
Tudo acima escrito está nos jornais.
Como não li o relatório inteiro não sei a metodologia usada nas pesquisas e, em conseqüência, não sei e nem quero saber da consistência ou veracidade do que foi dito.
O que me impressiona e ao mesmo tempo aterroriza, nesse tipo de trabalho, é a forma com que a verdade é escamoteada e escondida atrás de afirmações bombásticas e pesquisas e números de difícil ou impossível compreensão.
Senão vejamos:
1 – “Levando em conta o crescimento populacional”
Que crescimento?
A que taxa anual?
Em que partes do mundo?
A população vai continuar a crescer com os recursos naturais cada vez mais escassos?

2 - “A evolução tecnológica”
Será que a evolução tecnológica não será capaz de diminuir e racionalizar esta demanda crescente?

3 – “E o desenvolvimento econômico”
O desenvolvimento econômico está cada vez mais ligado a alta tecnologia e prestação de serviços e será que é isso que vai nos levar para o buraco?

Uma meia verdade é pior que a pior mentira.

E o relatório em questão (repito, o que li no jornal) é cheio de meias verdades. Seus autores, se escondem atrás de um catastrofismo ingênuo (baseado em fatos reais, embora distorcidos ou não suficientemente esclarecidos) para não enfrentar o real problema:

O MUNDO TEM MUITO MAIS GENTE DO QUE PODE SUPORTAR

Que ser humano, dotado de um mínimo que seja de inteligência ainda não percebeu isto?
Por que razão os gênios da W.W.F. acham que os tupiniquins estão queimando as florestas para plantar capim? Será porque eles adoram vacas? E os que derrubam a mata. Será só de brincadeira ou para vender a madeira e tornar possível a construção de habitação para esta tropa toda?
E depois, no lugar da mata derrubada plantam soja para que? Porque acham bonitinho aquele campo todo verdinho?
Esses cidadãos da W.W.F. sabem a resposta, mas não dizem, ou não se colocam, pois isto vai contra interesses estabelecidos que eles não querem enfrentar.
Afinal de contas é confortável posar de ecologicamente correto e conservacionista pois isto deve render um dinheirinho, fora a oportunidade de aparecer na mídia como um grande benfeitor dotado de incrível sapiência.
Afinal de contas, um deles, aqui do Brasil (tinha que ser) descobriu que “há uma relação muito estreita entre a destruição de habitat e perda de biodiversidade.”
Este gênio, qualquer dia destes, vai descobrir que há uma relação estreita entre o tamanho do tsunami e o numero de afogados.
Organizações como a W.W.F. podem até ser bem intencionadas, mas seguramente com este tipo de abordagem não estão ajudando em nada a resolver o real problema:
Como reduzir a população do planeta a um nível adequado sem precisar pedir ajuda dos Bush (afinal de contas, os dois juntos mataram mais de um milhão de iraquianos) ou a outros do mesmo calibre?
Quando a W.W.F. responder esta pergunta poderemos tratar de todo resto (das plantinhas, dos peixinhos, dos bichinhos, etc.).
Afinal de contas não há mal nenhum em cortar o cabelo, fazer a barba e cortar as unhas de um doente. Mas se não descobrirmos e tratarmos a doença dele o que teremos? Apenas um defunto arrumadinho.

27 outubro, 2006

09 - Eco 92


Em 1992 aconteceu no Rio de Janeiro, um grande evento que durou cerca de duas semanas denominado ECO 92.
Reuniram-se mais de cento e vinte governantes e milhares de ativistas, ambientalistas, jornalistas, representantes de ONGS de toda natureza, religiosos, etc, etc, com o objetivo declarado de estabelecer políticas e formular indicações e procedimentos que, uma vez implementados, revertessem os danos ambientais decorrentes do desastrado comportamento humano neste pobre planeta.
Recebi na ocasião, em minha casa, um grande amigo, chanceler de uma universidade da Índia, que veio participar como palestrante, de um dos muitos seminários que foram realizados na época.
O título escolhido por ele para a conferência era Salvem o Planeta, ou algo do gênero, pois esse era um dos slogans do grande evento.
Na véspera da apresentação conversamos a respeito de toda aquela movimentação e do tratamento que a mídia estava dando aos temas até então abordados e concluímos que a mensagem que se procurava passar, ou seja, que nosso planeta estava morrendo era, no mínimo, falaciosa.
A terra não precisa ser salva simplesmente porque ela não está sequer sendo ameaçada.
Nosso planeta está aí há mais de quatro bilhões de anos e já passou por turbulências bem maiores do que estamos provocando agora e passará por outras tantas.
Quem está ameaçada, e seriamente, é a raça humana ao alterar drástica e desastradamente, os ecossistemas que são indispensáveis para nossa sobrevivência.
Se uma lagoa seca, o que muda no universo? Apenas uns tantos peixes morrem e ponto final.
A terra tem toda a eternidade para se transformar, se recuperar e, quem sabe, voltar a ser o paraíso que temos à nossa disposição e que, tão obstinadamente, tentamos destruir.
Talvez se o slogan fosse mudado para “Salvemos a Raça Humana” ficássemos mais atentos e conscientes e percebêssemos que somos como os peixes da lagoa acima.
A lagoa seca, nós secamos também, mas quando a chuva chegar só encontrará a lagoa.
O título da palestra foi mudado, a apresentação um sucesso com muitos aplausos e cumprimentos e ponto final.
O grande evento acabou, suas excelências voltaram a seus países de origem e nada realmente mudou.
Moral da história:

Ou damos um jeito da lagoa não secar ou .......
Enfim, em 2012 a gente vê o que sobrou.

23 outubro, 2006

8 - Emburrecimento Global


Não faz muito tempo, talvez dez ou quinze anos, vi, num programa de entrevistas na televisão, uma figura que me chamou a atenção.
Era um sujeito feioso, magrinho, com uma voz fanhosa e irritante vestindo um manto e segurando uma espada que afirmava para seu entrevistador ser capaz de fazer ventar ou chover sempre que lhe desse na telha.
Mudei de estação e depois soube que a figura em questão era um escritor que estava ali promovendo o lançamento de seu primeiro livro.
O livro fez sucesso e passando por uma livraria li algumas páginas escritas pela figurinha.
Achei medíocre não tanto pelo enredo, que não era novo, quanto pela linguagem de ginasiano.
Pois muito bem, não só a primeira, mas todas as outras obras do gênio venderam milhões de exemplares em todo o mundo e o dito gênio foi parar na Academia de Letras e ganhou condecorações pelo mundo.
Entre os seus leitores declarados e embevecidos se encontram chefes de estado e personalidades famosas, pelo menos é o que se diz e eu acredito.
Recentemente o gajo lançou outro livro que provavelmente fará o mesmo sucesso dos anteriores.
O curioso, e que me deu algum alento, é que, lendo a notícia do lançamento do livro em uma revista respeitada e de grande circulação, deparei com os comentários do crítico literário sobre o conjunto da obra do autor. Basicamente era o seguinte:
“As histórias não são dele” e a linguagem é primária.
Aí vem a pergunta. Quem tem razão, o crítico especializado ou os milhões de leitores do gênio?
Não sei a resposta, mas talvez uma parte dela seja possível desvendar olhando para as personalidades que ocupam espaço na mídia e que, de uma forma ou de outra influenciam nossos padrões de comportamento ou se intrometem em nossas vidas.
Afinal de contas os leitores elegem seus escritores preferidos ao comprarem seus livros.
As mesmas pessoas, transformadas em eleitores escolhem seus governantes favoritos.
Olhando uns e outros, é impossível não acreditar que estamos indo para o buraco cada vez mais rápido.
Você já prestou atenção na cara dos indivíduos que são os chefes de estado da maioria dos países das Américas? Já ouviu o que eles dizem e como dizem?
Tomou conhecimento do que eles fazem e como fazem?
E dos seus oponentes e dos políticos em geral?
Você acha que algum desses luminares vai nos levar à solução dos múltiplos problemas que estamos vivendo?
Se você acredita nisso, amigão, vá correndo à livraria mais próxima e compre o livro (o novo lançamento do chatinho) e comece a ler imediatamente, do contrário, com essa inteligência toda você não chega nem ao segundo capítulo até 2012.

7 - Desenvolvimento Tecnológico e emprego


Você sabia que cem anos atrás não existiam televisão, computador, bolsas Prada, tênis Nike, roupas Armani, geladeira elétrica, microondas e muitas outras coisas que hoje achamos indispensáveis ou pelo menos sonhos de consumo?
Pois é, e o surpreendente é que as pessoas da época viviam perfeitamente bem sem isso tudo e boa parte delas felizes e satisfeitas.
É claro que havia também uma parcela da população que tinha dificuldades, passava fome, morava mal e todo arsenal de mazelas que está presente no discurso de qualquer político atual como problemas ATUAIS que só ele será capaz de resolver, se eleito.
Por outro lado, nos últimos cem anos o mundo apresentou um espetacular desenvolvimento tecnológico sem paralelo na história da humanidade.
O crescimento da economia também foi notável e continua batendo recordes a cada dia que passa.
Deveríamos estar vivendo no melhor dos mundos se esses dois parâmetros (desenvolvimento tecnológico e crescimento econômico) resolvessem todos os problemas, mas seguramente, não é o que acontece.
Aonde então a coisa capotou?
Simplificando ao máximo, o crescimento econômico e tecnológico tem inúmeras virtudes, mas um grande e sedutor pecado:
É ABSOLUTAMENTE CONCENTRADOR DE RIQUEZA.
O pecado é sedutor porque dinheiro é poder e gera mais poder.
Numa ponta da linha os donos dos meios de produção, do dinheiro, do poder político e religioso; na outra ponta o resto da tribo.
Não há o menor problema se o Bill Gates vive numa casa de milhões de dólares (não lhe faltam méritos para isso) o difícil é convencer a tribo que está ao relento que tem que ser assim.
Quando aconteceu a chamada revolução industrial as nações mais poderosas tinham grandes impérios coloniais, e com isso monopólios comerciais.
Assim a coisa era simples, compravam matéria prima nas colônias transformavam e vendiam novamente para as colônias.
A equação era simples: dinheiro e poder para a metrópole (casa grande) as sobras para as colônias (senzala).
Mas o mundo foi mudando, as populações crescendo exponencialmente (quanto mais gente mais mão de obra e, principalmente, mais consumidores) e mais tecnologia e mais eficiência nos meios de produção.
Mas, como dizia minha avó, “Não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe”.
Os impérios coloniais desmoronaram e progressivamente a senzala foi invadindo a casa grande.
Indianos, africanos, árabes, enfim cidadãos de todas as antigas colônias emigraram em massa, em busca de melhores condições de vida para as antigas metrópoles.
Num primeiro momento tudo parecia muito bem, pois os recém chegados ocupavam os postos de trabalho que ninguém queria.
Mas chegou mais gente, e mais gente e o processo não para.
O desenvolvimento tecnológico também não para, ao contrário, ele se acelera num ritmo vertiginoso.
A conseqüência é que cada vez é necessário menos gente para produzir mais coisas.
O mundo industrial vai se transformando num mundo de prestação de serviços.
O problema é que a mão de obra que sobra do velho mundo (trabalhadores que foram substituídos por máquinas) precisam ser reciclados para entrar no novo mundo (serviços de alta tecnologia). E isto leva tempo.
E tempo é o que não temos. Pois novas tecnologias são criadas a cada momento tornando obsoleto o que ontem era moderníssimo.
E a população não para de crescer.
E a tecnologia vai cada vez mais rápida.
Para completar o quadro mais duas coisinhas:
a) A energia necessária para fazer tudo isso funcionar é cada vez mais escassa e mais cara;
b) A turma da senzala descobriu que tem o mesmo direito à cidadania que todos os outros e que a divisão do bolo tem que ser mais eqüitativa (ou pelo menos é isso que dizem para ela o tempo todo)
Voltando ao começo: (cem anos atrás) você acha que precisamos de toda a parafernália que temos hoje para nos considerarmos felizes?
Você acredita que ainda viveremos num mundo menos desigual e mais humano?
Se acredita sugiro que ligue para o Bill Gates e diga para ele que você vai passar uns dias lá na casa dele (deve ter algum quarto sobrando).
Se não acredita leia com atenção a resposta do sertanista Orlando Vilas Boas quando lhe perguntaram se havia fome entre os índios:

UMA COISA É CERTA: SE UM ÍNDIO ESTIVER COM FOME É PORQUE TODA TRIBO ESTÁ COM FOME.

Em tempo: Napoleão Bonaparte, acredite, não tinha telefone celular.

17 outubro, 2006

6 - Sistemas Políticos e Religiões


A sabedoria popular diz:

“Religião e política não se discute”

O que está implícito nesta afirmação é que não há racionalidade possível quando se procura debater idéias e crenças que estão plantadas nas profundezas do inconsciente das pessoas.
Os padres, pastores, rabinos, clérigos, etc. brandindo seus livros sagrados se dizem únicos intérpretes do que está escrito neles (que ninguém lê e se ler não entende) e que só através deles é possível chegar a Deus. Prometem o paraíso depois da morte àqueles que os seguem e obedecem, e algumas dádivas aqui mesmo na terra, a quem comparece com um dinheirinho. Para quem não crê, o inferno e a miséria.
Os políticos fazem mais ou menos o mesmo. O que muda são os livros e as recompensas. O paraíso para eles será aqui mesmo, na terra, para aqueles que os seguem e lhes dão suporte.
Os livros são os que falam das ideologias que eles defendem como fórmulas mágicas através das quais acabarão com a pobreza, as desigualdades e tudo que há de ruim neste mundo.
Todos sabem que eles mentem mas, não obstante, seguem como carneiros atrás desta ou aquela ladainha.
Uns controlam as mentes.
Outros escravizam as almas.
Nos países mais civilizados se estabeleceram limites muito nítidos nas áreas de influência de cada tribo de tal forma que a administração pública seja tão imune quanto possível à influência de uns e outros.
Afinal de contas não faz a menor diferença se quem recolhe o lixo é católico ou protestante, comunista ou capitalista.
Nesses países mais cultos e pragmáticos, religião e política seguem separadas.
Religião é opção de cada um e política não tem lá muita importância pois quem chega ao poder vai continuar a carregar o lixo e coisas do gênero com maior ou menor eficiência e aquele que não funcionar bem é trocado na próxima eleição.
A coisa complica quando política e religião se juntam e tomam conta do poder no que se poderia chamar de associação delituosa.
Infelizmente isto vem acontecendo de maneira alarmante na maior parte do mundo de hoje.
Busca-se apoio na religião para justificar atrocidades de toda natureza que se cometem a cada momento, sempre para manter no poder os grupos que, de uma forma ou de outra, conseguiram se apossar dele.
Os católicos brigam com os protestantes na Irlanda (parece que se acertaram, vamos ver por quanto tempo), os judeus com os muçulmanos em Israel e adjacências, os muçulmanos com os muçulmanos no Iraque, os judeus ortodoxos com não sei que outros, não sei aonde e por aí vai.
Tudo isso com o apoio explícito ou não dos políticos a eles associados.
Temos ainda o problema das etnias que seguem pelo mesmo caminho (esses juntam religião, raça e política como pretexto).
Há cem anos atrás isto não seria um grande problema porque cada bando tinha lá o seu canto e podia brigar a vontade sem ameaçar o resto do mundo.
Agora mudou, e todos sabem.
Um árabe furioso junta meia dúzia de malucos e explode as torres gêmeas. Um americano maluco resolve que o Sadam Hussein é feio e mata quatrocentas mil pessoas.
O que os dois malucos acima tem em comum? Ambos são fanáticos religiosos e se dizem instruídos por Deus.
Aonde isto vai parar eu não tenho a menor idéia mas que o resultado não vai ser bom não tenho a menor dúvida.
Em tempo: Agora temos um novo maluquinho que anda explodindo bombas atômicas e eliminou os intermediários. Deus é ele mesmo.
Não é o máximo?!?!

14 outubro, 2006

5 - Aquecimento Global / Energia


Você sabia que a Índia tem um bilhão de habitantes?
Você sabia que a China tem um bilhão e trezentos milhões de habitantes?
Se somarmos essa gente toda teremos uma multidão equivalente a cerca de dez vezes a população dos Estados Unidos da América.
O que talvez você não saiba é que, de acordo com uma dessas ONGS que gostam de nos tirar o sono, os americanos consomem, anualmente, vinte e cinco por cento de toda a energia produzida no mundo no mesmo período.
Se os indianos e chineses fossem tão gastadores como os americanos, seria preciso produzir dez vezes mais energia do que dispomos agora, só para atendê-los.
Que nossos irmãos do norte são esbanjadores de energia todos nós sabemos, o problema é que o resto do mundo, cada dia mais, busca para si próprio o modo de vida americano.
O extraordinário poder da mídia e da economia são usados para convencer o restante do mundo, às vezes na pancada, que o supra-sumo da felicidade é morar num casarão com muitos carrões na garagem e milhões de aparelhos e aparelhões para fazer de um tudo enquanto eles se entopem de batatas fritas e coca-cola (ou cerveja) na frente da televisão.
Pode ser bom para eles.
Pode ser possível para eles.
Mas para o resto do mundo não é possível e nem sei se é necessário.
Podemos tirar do nosso planeta energia (hidroelétrica, termoelétrica, eólica, etc., etc.) para abastecer uns tantos Bill Gates, Bushes, ou o que os valha mas não o suficiente para seis bilhões deles.
E mais, grande parte da energia que consumimos não é renovável (petróleo e carvão). Acabou, acabou. Enquanto não termina fica cada dia mais difícil de obter e mais cara.
Lembrem-se que não falei no Japão (que não produz um balde de óleo) nem na Europa, América Latina, etc.
Essa turma toda está aí consumindo cada vez mais energia e sendo convencida pelos políticos que isso nunca vai acabar ou que serão descobertas novas fontes e o problema estará resolvido.
Talvez sejam descobertas e desenvolvidas novas fontes mas, uma coisa é certa, a energia gerada será cada vez mais cara.
Resumo da ópera:

Aqueles que acham uma vitória do capitalismo sua adoção cada vez mais ampla por países como China e Índia e festejam a chegada deles a “felicidade” da sociedade do consumo não perdem por esperar.
Aliás não vão precisar esperar muito.
2012 está chegando.
Se conseguirem viver até lá verão.

Em tempo:

Quando você queima petróleo e florestas, ou por qualquer outra forma despeja poluentes no ar se cria uma legítima barreira que impede ou dificulta a dissipação do calor que recebemos do sol na atmosfera superior e mais fria.
A temperatura global sobe e está criado o chamado efeito estufa.
Com isso alterações climáticas dramáticas acontecem (secas, inundações, tufões e por aí vai) numa proporção cada vez maior.
Mas isto não parece preocupar muito os governantes e acho que, de certo modo, eles tem razão.
Com todo mundo brigando por um barril de petróleo quem vai se preocupar com o clima?

13 outubro, 2006

4 – Lixo



Você tem idéia de quantos celulares existem no Brasil?
São noventa milhões, meu caro.
Você acredita que as baterias destes celulares são descartadas respeitando as regras estabelecidas pelas autoridades competentes (será que existem)?
E pneus, e garrafas de plástico, e embalagens tetrapac (aquelas de leite longa vida) e embalagens plásticas, e lixo orgânico e, etc., etc., etc.
Acredite, meu caro, é um monstruoso problema que não para de crescer e para o qual não há a menor perspectiva de solução.

Apenas para colocar as coisas em perspectiva e facilitar a compreensão:

a) Nas cidades onde há coleta de lixo, esta porcariada toda é despejada nos chamados lixões onde apodrece ao ar livre e, em contato com a água das chuvas produz uma gororoba chamada chorume que penetra o sub-solo e vai poluir o lençol freático pois é altamente tóxica. Convém não esquecer o mau cheiro, a proliferação de insetos, mosquitos, ratos, etc., etc.
b) Onde não há coleta de lixo vai para os valões, rios, ou simplesmente é jogada nas ruas ou vielas para ser levada depois pelas chuvas indo acabar no mar.
c) Existem também, em muito poucas cidades, usinas de tratamento de lixo e reciclagem mas o custo, tanto da coleta quanto do tratamento do lixo não é de se desprezar.

Há solução para isso?
Infelizmente a resposta é não!

A quantidade de lixo vai continuar crescendo cada vez mais e, vez por outra, se farão campanhas publicitárias falando para você usar papel reciclado, não jogar detritos na rua, etc. e etc.
Vão mostrar também que as latinhas de alumínio são recicladas, que empresas reciclam papel, outras que conseguem reciclar garrafas de plástico e coisas do gênero para que você pense que o problema está sendo resolvido.
Na verdade ele não para de crescer e é alimentado pela cultura do descartável que infelizmente se impregnou profundamente em nosso modo de vida.

Apenas para lembrar:
a) Você já pensou em quantas fraldas descartáveis vão para o lixo a cada dia?
b) E aqueles saquinhos de plástico para leite?
c) E os sacos plásticos de supermercado?

Parece que sempre foi assim e que não há outro modo para lidar com coisas tais como leite, pacotes de compras ou .......de criança.
Havia outras maneiras e é preciso que se invente novas formas ou vamos naufragar num mar de lixo (já estamos naufragando)
Talvez você não saiba mas há alguns anos atrás (não muitos) um cidadão chamado leiteiro passava na porta da sua casa, de manhã bem cedo, trocava as garrafas vazias que você tinha deixado por outras cheias.
No fim do mês você pagava a conta. As garrafas eram lavadas e reutilizadas muitas vezes e o descarte era ínfimo. Agora você compra leite naquele pacotinho plástico nefasto ou naquela caixinha de papelão. O leiteiro não existe mais e possivelmente o preço atual é menor.
Você acha que é menor?
Talvez seja, mas quanto custa carregar aquela caixinha ou aquele pacote de plástico para o lixão? E para administrar o lixão? E para descontaminar o sub-solo? E para sumir com o maldito saquinho que vai levar mais de 200 anos para se decompor na terra?

Reúna alguns amigos e faça um joguinho com eles neste fim de semana: vão lembrando cada coisa que vocês usam e descartam e imaginem o percurso, o tempo e o custo de fazer que ela se decomponha na natureza. Depois durmam se forem capazes.

Apenas mais duas coisas:
1) Você está disposto a mudar seus hábitos e forçar seus governantes a tratar a natureza de outra forma?
2) E o lixo atômico?

Se você tiver alguma solução brilhante ande rápido pois, como você já sabe, 2012 está chegando.

06 outubro, 2006

3 – Água



A primeira coisa a ser compreendida é que a quantidade de água no nosso planeta é a mesma e vai continuar a mesma não importam as barbaridades que se cometam contra o meio ambiente.
Imagine que você instalou um bebedouro de água pura e fresquinha na sua varanda. A água vem de uma fonte no seu terreno e flui continuamente de modo que você resolveu compartilhar com os vizinhos.
Vai daí as pessoas começaram a ver não somente beber a água mas também levar um garrafão para casa.
Como a água é realmente ótima veio cada vez mais gente e logo se formou uma fila enorme e as pessoas começaram a brigar pelo seu lugar na fila pois perceberam que o fluxo da fonte não dava para atender aquela gente toda.
Historinha de criança?
Não, meu caro, é exatamente o caso que vivemos, se a quantidade de água não cresce e a fila não para de aumentar com certeza teremos problemas, ou melhor, já temos problemas.
A água que consumimos é devolvida à natureza poluída e para ser usada de novo precisa ser tratada e isto não é barato.
Imaginemos um caso ideal:
A cidade de Alegrópolis tem 10.000 habitantes e é banhada pelo rio Alegre de onde é retirada a água para o consumo dos habitantes.
Como a cidade é próxima a cabeceira do rio o custo de tratamento da água é pequeno e vive todo mundo feliz.
As águas servidas são devolvidas ao rio depois de tratadas e tudo vai bem obrigado.
Como a cidade tem uma boa qualidade de vida, várias indústrias foram sendo atraídas para seu entorno e, em conseqüência, a demanda de água aumentou e, como as indústrias não trataram adequadamente seus despejos o rio começou a perder a vitalidade e as cidades ajuzante passaram a ter problemas no tratamento da sua água.
Além disso, como era preciso atender ao aumento da população, a área plantada em torno da cidade aumentou e o consumo de água para irrigação e para a criação de animais aumentou também.
Acontece que a água usada na agricultura e pecuária é devolvida ao solo cheia de agrotóxicos, fertilizantes químicos, pesticidas, dejetos animais, etc, etc. sem nenhum tratamento.
O nosso glorioso rio recebe tudo isso e, a cada vez que chove, é acrescido o solo erodido em conseqüência da remoção da vegetação natural para a plantação de produtos para alimentação.
O que não vai para o rio penetra o solo e vai para o lençol freático.
Resumo da ópera: Água potável cada vez mais cara e de pior qualidade sem falar nos problemas de saúde decorrentes dos produtos que o tratamento usual da água não consegue eliminar.
Além de tudo, as redes de abastecimento de água tratada nunca alcançam todas as moradias pois o crescimento urbano é sempre desordenado e os novos núcleos são criados ao acaso e usam água de poços (como vimos contaminados) e despejam o esgoto em valas negras que vão direto para o rio outrora cheio de vida.
O quadro está completo e é o que vem ocorrendo e vai continuar a ocorrer até que alguém se de conta que não podemos continuar a nos multiplicar indefinidamente.
Um político até hoje reverenciado disse tempos atrás (e é verdade) que é preciso fazer o bolo crescer para depois distribuir.
E se o bolo não puder crescer como fazer com a quantidade cada vez maior de candidatos a um pedaço dele?

02 outubro, 2006

2 – Fome – Famintos / Obesos / África




Não faz muito tempo um político de um país da América Latina conseguiu se eleger presidente depois de vinte anos de tentativas.
O eixo da sua campanha era a promessa de acabar com a fome no país que tinha, segundo ele, trinta milhões de famintos.
Não apareceu uma santa alma para questionar este número e um clima de grande entusiasmo cívico fez com que pessoas famosas, outras nem tanto, fizessem doações que eram noticiadas com grande destaque na mídia.
A questão azedou quando um órgão do governo fez uma pesquisa, aparentemente muito bem fundamentada, e divulgou os resultados que surpreenderam a todos:

1° Não havia mais que dois ou três milhões de pessoas que pudessem se enquadrar na categoria “famintos”.

2° A surpresa da pesquisa foi o aumento acentuado e preocupante do número de pessoas acima do peso adequado ou obesos.

Não sei se o funcionário que determinou a pesquisa e a divulgou era apenas um bajulador querendo mostrar que em um ano e pouco de governo do ilustre político tinham sumido vinte e tantos milhões de famintos, ou era, como acredito que fosse, um profissional honesto que fez seu trabalho com afinco e divulgou o resultado antes que pudesse ser manipulado politicamente.
O assunto repercutiu pouco tempo e morreu.
O que ficou claro é que as estatísticas são manipuladas o tempo todo pelos políticos e o público em geral não presta a menor atenção nelas.
Não há dúvida que problemas como fome e pobreza são terríveis mas como caracterizar uma coisa ou outra?
Prefiro abordar o problema por outro ângulo.
Se considerarmos em termos absolutos não há a menor dúvida que a produção de alimentos hoje é mais que suficiente para alimentar cada habitante do planeta.
Se não é, pode ser em instantes, pois há tecnologia mais que suficiente para isso.
Convém não esquecer que existem danos ambientais, etc., etc como foi lembrado no capítulo anterior.
Porque, então, continuam a existir populações morrendo de fome ou em estado de pobreza absoluta como na África, por exemplo.
A resposta é que comida deve vir de perto de casa ou o custo do transporte passa a ser maior, ou muito maior, que o custo de produção.
Simples de entender e óbvio (a W.W.Foundation, ou coisa que o valha conseguiu enxergar isto e divulgou em toda a mídia, mas ninguém deu importância).
Imaginemos a seguinte situação:
O país A tem características difíceis para a agricultura e a população é dividida em vários grupos que lutam continuamente entre si por razões que não vem ao caso e é difícil prever um fim para toda esta matança e destruição.
Qual é a alma generosa que vai pagar o preço de mandar alimentos para uma população inteira e milhares de quilômetros dos locais onde os alimentos estão sobrando para que ela permaneça se matando ou mutilando?
E outra pergunta – Porque eles continuam lutando ao invés de produzir alimentos?
E mais uma e final pergunta – De onde vem as armas e munições usadas nessas guerras?
Para esta última pergunta a resposta é fácil – Exatamente dos mesmos países que promovem campanhas para mandar mantimentos para os brigões.
Alguém acredita que esta situação vai mudar?

Até 2012 a gente vê.

Em tempo: O presidente que citei acima, ao ser confrontado com o resultados da pesquisa feita por seu próprio governo saiu-se com a seguinte pérola:

- “O problema é que há muita gente que tem fome mas não sabe”

29 setembro, 2006

1 – População – Densidade – Crescimento


Há muito tempo um cidadão chamado Maltus cunhou um princípio que ganhou seu nome: Lei de Maltus.
Enquanto a população cresce em progressão geométrica a produção de alimentos cresce em progressão aritmética.

Simplificando a história ele dizia que somos muito mais eficientes fazendo filhos que produzindo alimentos.

Nesta época os métodos de produção de alimentos eram, por assim dizer, naturais ou seja para produzir trigo eram indispensáveis um clima adequado, um solo com tais e quais características e assim por diante.

Apesar do alerta de Maltus a humanidade preferiu continuar produzindo filhos em massa sem se preocupar com o resto, ou seja, como alimentar essa gente toda.

A solução para o dilema mais bocas pouca comida de repente caiu do céu (será??) com o que se chamou a Revolução verde.

Que vem a ser isso?

Com o progresso da tecnologia vieram as máquinas agrícolas mais eficientes, os adubos químicos, agrotóxicos, a irrigação intensiva, os hormônios (para os animais, produzirem mais carne) e etc, etc.

Parecia que estávamos no melhor dos mundos quando o preço do milagre começou a aparecer:

a) Desertificação
b) Chuva ácida
c) Contaminação do lençol freático
d) Assoreamento de rios e lagos
e) Destruição sistemática de florestas
f) Inundações, etc, etc, etc

Não é meu propósito aprofundar nenhum destes itens pois qualquer pessoa, com um mínimo de interesse, encontrará todas as informações necessárias para a compreensão dos assuntos.

Para simplificar:

Estamos consumindo os recursos naturais numa velocidade superior a necessária para sua recuperação. Isto faz com que cada vez se expanda mais a área plantada com a redução da cobertura natural e com danos cada vez maiores ao meio ambiente.

Isto é muito, mas não é tudo.

A população que hoje habita nosso planeta além de ser muito maior do que ele pode sustentar de maneira sadia e rentável está distribuída de modo absolutamente caótico particularmente nos países do chamado Terceiro Mundo.

1 – Densidade / Crescimento

O exemplo clássico das conseqüências de uma densidade exagerada de população é a dos ratinhos que vão sendo acrescentados a um mesmo compartimento:

com 1 ratinho – tudo bem

com 2 ratinhos – melhor ainda (se for um casal)

com 3 ratinhos – não tão bom

com um monte de ratinhos > Canibalismo e ... não importa a quantidade de
alimento disponível.

Entendeu o recado?

Agora para você pensar:

É considerado um número confortável para conjuntos habitacionais nos países civilizados da Europa 300 habitantes por hectare, ou seja, num terreno de 10.000m² caberiam confortavelmente habitações para 300 pessoas.

Veja como está a situação no seu bairro ou nas imediações da sua casa e depois durma se for capaz.

Moral da história:

Ou damos um jeito da população decrescer, e depressa, ou os problemas que hoje nos assustam como desigualdade social, violência, etc continuarão crescendo de maneira exponencial.

É evidente que entre as soluções para reduzir a população do mundo não se incluem invadir o país dos outros, distribuir armas e minas terrestres para que diferentes grupos políticos se matem ou outras coisas do gênero.

O que é preciso é que se interrompa a produção em massa de gente.

Como fazer?

Pergunte ao Papa ou aos políticos, ou sei lá a quem. Se não houver jeito OK!

2012 está aí mesmo.

A CAMINHO DO FIM


Vou listar, a seguir, as ações ou eventos que estão sendo empreendidas, com bastante entusiasmo, por toda a humanidade rumo ao seu próprio fim.

Não estão em ordem de importância ou de maior ou menor efeito catastrófico.
Estão listadas na forma que fui lembrando delas.
Não estão baseadas em estudos de especialistas pois este não é o meu propósito.

O que vou lembrar está à disposição de qualquer um na imprensa diária ou outros meios de informação.

São todas óbvias mas, que fazer??


1 – População, densidade e crescimento

2 – Fome – famintos x obesos / África / produção de alimentos / Transporte

3 – Água

4 – Lixo / Poluição Industrial / Agrotóxicos, etc..

5 – Aquecimento Global

6 – Energia / Índia e China / Crescimento Econômico

7 – Sistemas Políticos e religiões

8 – Desenvolvimento Tecnológico / Emprego

9 – Emburrecimento Global

10 - Eco 92

26 setembro, 2006

Introdução


Por ocasião dos Tsunamis de 2004 e da perplexidade diante do tamanho da tragédia a mídia de todo mundo, tão logo foi se abrandando o impacto humano decorrente da perda de todas aquelas vidas, começou a se ocupar das possíveis conseqüências do terremoto que originou as ondas gigantes no curto e no médio prazo.

Um fenômeno de tal magnitude dificilmente se encerraria tão abruptamente como ocorreu, este era o consenso geral. De tudo que li a respeito e confesso que não foi muito e não com a atenção devida um número me ficou na memória – 2012.

Segundo o autor da matéria, em função do ocorrido, o movimento de placas tectônicas e sei lá mas que coisas, o eixo da Terra teria se inclinado levemente. Esta inclinação provocaria fenômenos físicos intensos como novos terremotos e outros tantos que atingiriam sua intensidade máxima em 2012.

O tempo passou (a data continuou gravada) e vendo um programa de TV sobre antigas civilizações já extintas vem a baila o número mágico:

Segundo o narrador o calendário Maia (ou será Inca?) termina em 2012. A idéia do fim do mundo vem desde sempre e as previsões variam mas, cada vez que a data fatal se aproxima (a última foi em 2000) pesquisadores e especialistas tiram do fundo do baú coisas como as profecias de Nostradamus, chegadas de Anticristos e outras do gênero para embasar ou não a chegada do fim do mundo.

Evidentemente o mundo não acabou, e, atrevo-me a dizer, não vai acabar. Quando falo do mundo, estou falando da Terra, nosso lar, nossa casa que tentamos destruir com uma persistência fantástica.

Ela não vai explodir, não vai congelar nem levar uma trombada de nenhum asteróide gigante.

Se isto um dia acontecer seguramente não estaremos aqui para o grande evento. Na verdade a raça humana não está matando nosso planeta. A raça humana está simplesmente se matando através das agressões que não para de fazer a nossa casa e a nossa vida.

Na marcha que vamos, cada vez mais rápida, 2012 é uma boa data, quem viver até lá verá.