03 dezembro, 2006

19 – AL GORE – POP STAR


Vocês se lembram do Al Gore? É um cidadão que foi Vice-Presidente dos Estados Unidos na época do Clinton e conseguiu a proeza de perder a eleição para o Bush. Disseram que houve fraude, mas como se trata de primeiro mundo deve ser choro de derrotado. Ainda mais porque ele não reclamou e acho até que ficou aliviado sabendo dos problemas que teria pela frente, se eleito. Assisti, alguns dias atrás uma entrevista do gajo na televisão e tenho que admitir que o achei simpático e articulado embora, sei lá porque, me faça lembrar o Fred Flintstone. Depois de alguns anos sumido ele retorna como defensor de causas ligadas ao meio ambiente (parece que sempre foi) principalmente no que diz respeito ao aquecimento global. Na tal entrevista da TV e em outra que deu a um jornal local ele só falou disso (aquecimento global). É sempre animador saber que uma personalidade de destaque, principalmente um político influente na América, se preocupa com assuntos que parecem não existir para os americanos em geral. Há, porém alguns pontos que eu gostaria de entender melhor. Será que esta volta à notoriedade não está relacionada à proximidade do fim da era Bush e a conseqüente possibilidade de uma candidatura à presidência? Pelo andar da carruagem parece difícil imaginar que o atual presidente consiga eleger seu sucessor tal o desgaste que seu prestígio vem sofrendo ultimamente. Outra coisa curiosa foi a escolha da causa que abraçou e o tipo de argumentos e meios que usa para apoiar suas ações. Afinal de contas os efeitos do aquecimento global já são tão visíveis que é impossível, mesmo ao cidadão mais obtuso, não percebê-los e não se apavorar com eles. Não senti no discurso do Senhor Gore nenhuma preocupação maior com a urgência de se tomar decisões e providências ao menos para tentar desacelerar o processo que nos leva, em ritmo acelerado para o buraco. Quando perguntado sobre a adesão dos Estados Unidos ao protocolo de Kyoto respondeu que espera que os democratas, agora maioria no congresso, ponham pressão sobre o presidente, e só. Quanto ao desmatamento e queimadas na Amazônia disse ser um assunto exclusivo dos brasileiros. Nada mais politicamente correto SENHOR GORE, mas por outro lado, nada mais absurdo. A monstruosa emissão de poluentes causada pelo consumo desenfreado de energia nos Estados Unidos é um problema de todo o mundo. A destruição da cobertura vegetal da Amazônia quer através da derrubada das árvores, quer pelas queimadas, também é um problema mundial. Um movimento mundial tem que ser feito, através da ONU, dos governantes com um mínimo de lucidez, das ONGS, das Universidades e de qualquer pessoa, inclusive o senhor no sentido de se tomar providências urgentes para ao menos retardar as conseqüências das monstruosidades que estamos fazendo contra a vida em nosso planeta. Note bem, Senhor GORE, contra a vida, e isso inclui a sua. Antes que algum luminar pense nisso, quero deixar claro que não estou defendendo a internacionalização da Amazônia ou outras bobagens do gênero. Ninguém precisa invadir ou violar a soberania de ninguém para que sejam tomadas medidas que nos protejam a todos. Esse seu discursozinho de candidato não serve a nada e muito menos a tal General Investment Management que o senhor criou “para provar que é possível conciliar crescimento econômico e sustentabilidade” (é o que está escrito na entrevista e o senhor concordou). O problema, no momento, não é crescer, é sobreviver. Não há mais tempo para ações pontuais meu caro Senhor GORE. Muito menos para ações pontuais dentro de um problema, no meio de outros tantos igualmente urgentes sobre os quais o senhor se esqueceu de falar, como a explosão demográfica, a poluição das águas, o lixo, a escassez da energia e outros menos votados. Se o senhor quer ser líder de alguma coisa suba na tribuna e grite o mais alto que puder. Seja realmente um POPSTAR, xingue, ameace, se atire no chão, faça enfim tudo que for preciso para se fazer ouvir, pois o tempo que dispomos é curto, muito curto. Se nada der certo, uma última tentativa: Quebre a guitarra no chão e jogue na platéia. Depois vá para casa esperar a chegada de 2012 com a consciência tranqüila. Se for possível, é claro!