06 outubro, 2006

3 – Água



A primeira coisa a ser compreendida é que a quantidade de água no nosso planeta é a mesma e vai continuar a mesma não importam as barbaridades que se cometam contra o meio ambiente.
Imagine que você instalou um bebedouro de água pura e fresquinha na sua varanda. A água vem de uma fonte no seu terreno e flui continuamente de modo que você resolveu compartilhar com os vizinhos.
Vai daí as pessoas começaram a ver não somente beber a água mas também levar um garrafão para casa.
Como a água é realmente ótima veio cada vez mais gente e logo se formou uma fila enorme e as pessoas começaram a brigar pelo seu lugar na fila pois perceberam que o fluxo da fonte não dava para atender aquela gente toda.
Historinha de criança?
Não, meu caro, é exatamente o caso que vivemos, se a quantidade de água não cresce e a fila não para de aumentar com certeza teremos problemas, ou melhor, já temos problemas.
A água que consumimos é devolvida à natureza poluída e para ser usada de novo precisa ser tratada e isto não é barato.
Imaginemos um caso ideal:
A cidade de Alegrópolis tem 10.000 habitantes e é banhada pelo rio Alegre de onde é retirada a água para o consumo dos habitantes.
Como a cidade é próxima a cabeceira do rio o custo de tratamento da água é pequeno e vive todo mundo feliz.
As águas servidas são devolvidas ao rio depois de tratadas e tudo vai bem obrigado.
Como a cidade tem uma boa qualidade de vida, várias indústrias foram sendo atraídas para seu entorno e, em conseqüência, a demanda de água aumentou e, como as indústrias não trataram adequadamente seus despejos o rio começou a perder a vitalidade e as cidades ajuzante passaram a ter problemas no tratamento da sua água.
Além disso, como era preciso atender ao aumento da população, a área plantada em torno da cidade aumentou e o consumo de água para irrigação e para a criação de animais aumentou também.
Acontece que a água usada na agricultura e pecuária é devolvida ao solo cheia de agrotóxicos, fertilizantes químicos, pesticidas, dejetos animais, etc, etc. sem nenhum tratamento.
O nosso glorioso rio recebe tudo isso e, a cada vez que chove, é acrescido o solo erodido em conseqüência da remoção da vegetação natural para a plantação de produtos para alimentação.
O que não vai para o rio penetra o solo e vai para o lençol freático.
Resumo da ópera: Água potável cada vez mais cara e de pior qualidade sem falar nos problemas de saúde decorrentes dos produtos que o tratamento usual da água não consegue eliminar.
Além de tudo, as redes de abastecimento de água tratada nunca alcançam todas as moradias pois o crescimento urbano é sempre desordenado e os novos núcleos são criados ao acaso e usam água de poços (como vimos contaminados) e despejam o esgoto em valas negras que vão direto para o rio outrora cheio de vida.
O quadro está completo e é o que vem ocorrendo e vai continuar a ocorrer até que alguém se de conta que não podemos continuar a nos multiplicar indefinidamente.
Um político até hoje reverenciado disse tempos atrás (e é verdade) que é preciso fazer o bolo crescer para depois distribuir.
E se o bolo não puder crescer como fazer com a quantidade cada vez maior de candidatos a um pedaço dele?