16 novembro, 2006

15 – Plantando árvores


Antes de qualquer coisa olhe bem a foto dessa senhora logo acima.
O nome dela é WANGARI MAATHAI.
Você já a conhecia?
Meus parabéns se a resposta foi sim.
Quanto a mim tomei conhecimento da dita através de um programa de TV cerca de quinze dias atrás.
Tratava-se de uma entrevista e infelizmente só vi os últimos quinze minutos, mas foram suficientes para despertar minha curiosidade a respeito do trabalho dela.
Sua figura marcante com um sorriso quase sempre presente além do traje colorido e uma pronúncia muito peculiar da língua inglesa não tem como passar despercebida.
No momento em que sintonizei a TV ela falava da sua infância passada numa pequena aldeia no Quênia.
A vida era simples, mas ninguém se sentia pobre, pois a natureza era generosa e, com o que se coletava na floresta e nos rios próximos, acrescido das lavouras e criações domésticas cuidadas pelas mulheres, tinha-se bem mais do que o necessário para uma existência sem privações.
Quando voltou a aldeia natal alguns anos depois (não sei quantos, pois perdi essa parte) ficou desolada com o que viu.
A simplicidade da vida sem privações na aldeia na época tinha dado lugar a um quadro de extrema pobreza.
Miséria mesmo.
Ao invés de sentar e ficar estudando, como o nosso “demógrafo” (vide n° 11) ela, que a esta altura já tinha se formado em biologia ou algo do gênero pos mãos à obra.
As causas da decadência local eram nítidas e só um intelectual ou político ou alguma inutilidade do gênero seria capaz de não percebê-las ou de não agir imediatamente para saná-las a medida que foram aparecendo.
Desertificação, assoreamento e queda de vazão dos rios, etc., etc., tudo como conseqüência direta do desmatamento.
Não é meu propósito entrar em minúcias sobre como se iniciou e se desenvolveu o Movimento do Cinturão Verde (The Green Belt Movement) criado por ela, nem seus efeitos colaterais (também de grande benefício para as populações envolvidas).
O que importa é que identificado o problema ela agiu.
Se faltam árvores vamos plantá-las, ponto final.
Em quase 30 anos de trabalho intenso, enfrentando e vencendo todo tipo de obstáculos vem mobilizando as mulheres pobres da África a plantarem 30 milhões de árvores.
Se já atingiu esta meta eu não sei, na pior das hipóteses, deve estar muito perto.
Em 2004 a nossa amiga recebeu o prêmio Nobel da Paz.
Este é o final feliz?
Antes de responder tenho algumas perguntas:
1° Por que os velhinhos que distribuem o prêmio Nobel (não sei porque acho que são todos bem velhinhos) só premiaram seu trabalho depois de 30 anos?
2° Por que os governantes de todos os países do mundo não adotaram as idéias absolutamente simples e objetivas do projeto?
3° Onde estavam os intelectuais, jornalistas, estudantes, professores, religiosos e outros formadores de opinião, pelo mundo afora, que só após a premiação deram algum destaque ao projeto?
Para estas perguntas eu tenho resposta:
“ESTAVAM DORMINDO”
Infelizmente esta história não tem final feliz.
Enquanto as mulheres africanas plantam suas árvores as madeireiras derrubam impiedosamente as florestas da América do Sul e do norte da Ásia, e de onde houver governantes complacentes que não lhes fechem as portas.
Vocês acham que essa gente que levou 30 anos para descobrir e premiar o valor da nossa amiga vai conseguir fazer alguma coisa até 2012?
Enquanto pensam sugiro que pesquisem na Internet ou, onde for possível, mais informações sobre o GREEN BELT e sua fundadora e divulguem o que encontrarem.
Sempre é bom pensar que, quem sabe, um milagre ainda pode acontecer.