29 outubro, 2006

10 - Emburrecimento Global 2


Os jornais e noticiários de TV do dia 24/10 deram grande destaque a um relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) em que se afirma que o homem está consumindo anualmente 25% a mais do que o planeta é capaz de repor.
Ainda, segundo o relatório, até 2050 a humanidade estará consumindo mais do que o dobro da capacidade da terra.
“Essa conclusão levou em conta o crescimento populacional, a evolução tecnológica e o desenvolvimento econômico”.
Tudo acima escrito está nos jornais.
Como não li o relatório inteiro não sei a metodologia usada nas pesquisas e, em conseqüência, não sei e nem quero saber da consistência ou veracidade do que foi dito.
O que me impressiona e ao mesmo tempo aterroriza, nesse tipo de trabalho, é a forma com que a verdade é escamoteada e escondida atrás de afirmações bombásticas e pesquisas e números de difícil ou impossível compreensão.
Senão vejamos:
1 – “Levando em conta o crescimento populacional”
Que crescimento?
A que taxa anual?
Em que partes do mundo?
A população vai continuar a crescer com os recursos naturais cada vez mais escassos?

2 - “A evolução tecnológica”
Será que a evolução tecnológica não será capaz de diminuir e racionalizar esta demanda crescente?

3 – “E o desenvolvimento econômico”
O desenvolvimento econômico está cada vez mais ligado a alta tecnologia e prestação de serviços e será que é isso que vai nos levar para o buraco?

Uma meia verdade é pior que a pior mentira.

E o relatório em questão (repito, o que li no jornal) é cheio de meias verdades. Seus autores, se escondem atrás de um catastrofismo ingênuo (baseado em fatos reais, embora distorcidos ou não suficientemente esclarecidos) para não enfrentar o real problema:

O MUNDO TEM MUITO MAIS GENTE DO QUE PODE SUPORTAR

Que ser humano, dotado de um mínimo que seja de inteligência ainda não percebeu isto?
Por que razão os gênios da W.W.F. acham que os tupiniquins estão queimando as florestas para plantar capim? Será porque eles adoram vacas? E os que derrubam a mata. Será só de brincadeira ou para vender a madeira e tornar possível a construção de habitação para esta tropa toda?
E depois, no lugar da mata derrubada plantam soja para que? Porque acham bonitinho aquele campo todo verdinho?
Esses cidadãos da W.W.F. sabem a resposta, mas não dizem, ou não se colocam, pois isto vai contra interesses estabelecidos que eles não querem enfrentar.
Afinal de contas é confortável posar de ecologicamente correto e conservacionista pois isto deve render um dinheirinho, fora a oportunidade de aparecer na mídia como um grande benfeitor dotado de incrível sapiência.
Afinal de contas, um deles, aqui do Brasil (tinha que ser) descobriu que “há uma relação muito estreita entre a destruição de habitat e perda de biodiversidade.”
Este gênio, qualquer dia destes, vai descobrir que há uma relação estreita entre o tamanho do tsunami e o numero de afogados.
Organizações como a W.W.F. podem até ser bem intencionadas, mas seguramente com este tipo de abordagem não estão ajudando em nada a resolver o real problema:
Como reduzir a população do planeta a um nível adequado sem precisar pedir ajuda dos Bush (afinal de contas, os dois juntos mataram mais de um milhão de iraquianos) ou a outros do mesmo calibre?
Quando a W.W.F. responder esta pergunta poderemos tratar de todo resto (das plantinhas, dos peixinhos, dos bichinhos, etc.).
Afinal de contas não há mal nenhum em cortar o cabelo, fazer a barba e cortar as unhas de um doente. Mas se não descobrirmos e tratarmos a doença dele o que teremos? Apenas um defunto arrumadinho.

27 outubro, 2006

09 - Eco 92


Em 1992 aconteceu no Rio de Janeiro, um grande evento que durou cerca de duas semanas denominado ECO 92.
Reuniram-se mais de cento e vinte governantes e milhares de ativistas, ambientalistas, jornalistas, representantes de ONGS de toda natureza, religiosos, etc, etc, com o objetivo declarado de estabelecer políticas e formular indicações e procedimentos que, uma vez implementados, revertessem os danos ambientais decorrentes do desastrado comportamento humano neste pobre planeta.
Recebi na ocasião, em minha casa, um grande amigo, chanceler de uma universidade da Índia, que veio participar como palestrante, de um dos muitos seminários que foram realizados na época.
O título escolhido por ele para a conferência era Salvem o Planeta, ou algo do gênero, pois esse era um dos slogans do grande evento.
Na véspera da apresentação conversamos a respeito de toda aquela movimentação e do tratamento que a mídia estava dando aos temas até então abordados e concluímos que a mensagem que se procurava passar, ou seja, que nosso planeta estava morrendo era, no mínimo, falaciosa.
A terra não precisa ser salva simplesmente porque ela não está sequer sendo ameaçada.
Nosso planeta está aí há mais de quatro bilhões de anos e já passou por turbulências bem maiores do que estamos provocando agora e passará por outras tantas.
Quem está ameaçada, e seriamente, é a raça humana ao alterar drástica e desastradamente, os ecossistemas que são indispensáveis para nossa sobrevivência.
Se uma lagoa seca, o que muda no universo? Apenas uns tantos peixes morrem e ponto final.
A terra tem toda a eternidade para se transformar, se recuperar e, quem sabe, voltar a ser o paraíso que temos à nossa disposição e que, tão obstinadamente, tentamos destruir.
Talvez se o slogan fosse mudado para “Salvemos a Raça Humana” ficássemos mais atentos e conscientes e percebêssemos que somos como os peixes da lagoa acima.
A lagoa seca, nós secamos também, mas quando a chuva chegar só encontrará a lagoa.
O título da palestra foi mudado, a apresentação um sucesso com muitos aplausos e cumprimentos e ponto final.
O grande evento acabou, suas excelências voltaram a seus países de origem e nada realmente mudou.
Moral da história:

Ou damos um jeito da lagoa não secar ou .......
Enfim, em 2012 a gente vê o que sobrou.

23 outubro, 2006

8 - Emburrecimento Global


Não faz muito tempo, talvez dez ou quinze anos, vi, num programa de entrevistas na televisão, uma figura que me chamou a atenção.
Era um sujeito feioso, magrinho, com uma voz fanhosa e irritante vestindo um manto e segurando uma espada que afirmava para seu entrevistador ser capaz de fazer ventar ou chover sempre que lhe desse na telha.
Mudei de estação e depois soube que a figura em questão era um escritor que estava ali promovendo o lançamento de seu primeiro livro.
O livro fez sucesso e passando por uma livraria li algumas páginas escritas pela figurinha.
Achei medíocre não tanto pelo enredo, que não era novo, quanto pela linguagem de ginasiano.
Pois muito bem, não só a primeira, mas todas as outras obras do gênio venderam milhões de exemplares em todo o mundo e o dito gênio foi parar na Academia de Letras e ganhou condecorações pelo mundo.
Entre os seus leitores declarados e embevecidos se encontram chefes de estado e personalidades famosas, pelo menos é o que se diz e eu acredito.
Recentemente o gajo lançou outro livro que provavelmente fará o mesmo sucesso dos anteriores.
O curioso, e que me deu algum alento, é que, lendo a notícia do lançamento do livro em uma revista respeitada e de grande circulação, deparei com os comentários do crítico literário sobre o conjunto da obra do autor. Basicamente era o seguinte:
“As histórias não são dele” e a linguagem é primária.
Aí vem a pergunta. Quem tem razão, o crítico especializado ou os milhões de leitores do gênio?
Não sei a resposta, mas talvez uma parte dela seja possível desvendar olhando para as personalidades que ocupam espaço na mídia e que, de uma forma ou de outra influenciam nossos padrões de comportamento ou se intrometem em nossas vidas.
Afinal de contas os leitores elegem seus escritores preferidos ao comprarem seus livros.
As mesmas pessoas, transformadas em eleitores escolhem seus governantes favoritos.
Olhando uns e outros, é impossível não acreditar que estamos indo para o buraco cada vez mais rápido.
Você já prestou atenção na cara dos indivíduos que são os chefes de estado da maioria dos países das Américas? Já ouviu o que eles dizem e como dizem?
Tomou conhecimento do que eles fazem e como fazem?
E dos seus oponentes e dos políticos em geral?
Você acha que algum desses luminares vai nos levar à solução dos múltiplos problemas que estamos vivendo?
Se você acredita nisso, amigão, vá correndo à livraria mais próxima e compre o livro (o novo lançamento do chatinho) e comece a ler imediatamente, do contrário, com essa inteligência toda você não chega nem ao segundo capítulo até 2012.

7 - Desenvolvimento Tecnológico e emprego


Você sabia que cem anos atrás não existiam televisão, computador, bolsas Prada, tênis Nike, roupas Armani, geladeira elétrica, microondas e muitas outras coisas que hoje achamos indispensáveis ou pelo menos sonhos de consumo?
Pois é, e o surpreendente é que as pessoas da época viviam perfeitamente bem sem isso tudo e boa parte delas felizes e satisfeitas.
É claro que havia também uma parcela da população que tinha dificuldades, passava fome, morava mal e todo arsenal de mazelas que está presente no discurso de qualquer político atual como problemas ATUAIS que só ele será capaz de resolver, se eleito.
Por outro lado, nos últimos cem anos o mundo apresentou um espetacular desenvolvimento tecnológico sem paralelo na história da humanidade.
O crescimento da economia também foi notável e continua batendo recordes a cada dia que passa.
Deveríamos estar vivendo no melhor dos mundos se esses dois parâmetros (desenvolvimento tecnológico e crescimento econômico) resolvessem todos os problemas, mas seguramente, não é o que acontece.
Aonde então a coisa capotou?
Simplificando ao máximo, o crescimento econômico e tecnológico tem inúmeras virtudes, mas um grande e sedutor pecado:
É ABSOLUTAMENTE CONCENTRADOR DE RIQUEZA.
O pecado é sedutor porque dinheiro é poder e gera mais poder.
Numa ponta da linha os donos dos meios de produção, do dinheiro, do poder político e religioso; na outra ponta o resto da tribo.
Não há o menor problema se o Bill Gates vive numa casa de milhões de dólares (não lhe faltam méritos para isso) o difícil é convencer a tribo que está ao relento que tem que ser assim.
Quando aconteceu a chamada revolução industrial as nações mais poderosas tinham grandes impérios coloniais, e com isso monopólios comerciais.
Assim a coisa era simples, compravam matéria prima nas colônias transformavam e vendiam novamente para as colônias.
A equação era simples: dinheiro e poder para a metrópole (casa grande) as sobras para as colônias (senzala).
Mas o mundo foi mudando, as populações crescendo exponencialmente (quanto mais gente mais mão de obra e, principalmente, mais consumidores) e mais tecnologia e mais eficiência nos meios de produção.
Mas, como dizia minha avó, “Não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe”.
Os impérios coloniais desmoronaram e progressivamente a senzala foi invadindo a casa grande.
Indianos, africanos, árabes, enfim cidadãos de todas as antigas colônias emigraram em massa, em busca de melhores condições de vida para as antigas metrópoles.
Num primeiro momento tudo parecia muito bem, pois os recém chegados ocupavam os postos de trabalho que ninguém queria.
Mas chegou mais gente, e mais gente e o processo não para.
O desenvolvimento tecnológico também não para, ao contrário, ele se acelera num ritmo vertiginoso.
A conseqüência é que cada vez é necessário menos gente para produzir mais coisas.
O mundo industrial vai se transformando num mundo de prestação de serviços.
O problema é que a mão de obra que sobra do velho mundo (trabalhadores que foram substituídos por máquinas) precisam ser reciclados para entrar no novo mundo (serviços de alta tecnologia). E isto leva tempo.
E tempo é o que não temos. Pois novas tecnologias são criadas a cada momento tornando obsoleto o que ontem era moderníssimo.
E a população não para de crescer.
E a tecnologia vai cada vez mais rápida.
Para completar o quadro mais duas coisinhas:
a) A energia necessária para fazer tudo isso funcionar é cada vez mais escassa e mais cara;
b) A turma da senzala descobriu que tem o mesmo direito à cidadania que todos os outros e que a divisão do bolo tem que ser mais eqüitativa (ou pelo menos é isso que dizem para ela o tempo todo)
Voltando ao começo: (cem anos atrás) você acha que precisamos de toda a parafernália que temos hoje para nos considerarmos felizes?
Você acredita que ainda viveremos num mundo menos desigual e mais humano?
Se acredita sugiro que ligue para o Bill Gates e diga para ele que você vai passar uns dias lá na casa dele (deve ter algum quarto sobrando).
Se não acredita leia com atenção a resposta do sertanista Orlando Vilas Boas quando lhe perguntaram se havia fome entre os índios:

UMA COISA É CERTA: SE UM ÍNDIO ESTIVER COM FOME É PORQUE TODA TRIBO ESTÁ COM FOME.

Em tempo: Napoleão Bonaparte, acredite, não tinha telefone celular.

17 outubro, 2006

6 - Sistemas Políticos e Religiões


A sabedoria popular diz:

“Religião e política não se discute”

O que está implícito nesta afirmação é que não há racionalidade possível quando se procura debater idéias e crenças que estão plantadas nas profundezas do inconsciente das pessoas.
Os padres, pastores, rabinos, clérigos, etc. brandindo seus livros sagrados se dizem únicos intérpretes do que está escrito neles (que ninguém lê e se ler não entende) e que só através deles é possível chegar a Deus. Prometem o paraíso depois da morte àqueles que os seguem e obedecem, e algumas dádivas aqui mesmo na terra, a quem comparece com um dinheirinho. Para quem não crê, o inferno e a miséria.
Os políticos fazem mais ou menos o mesmo. O que muda são os livros e as recompensas. O paraíso para eles será aqui mesmo, na terra, para aqueles que os seguem e lhes dão suporte.
Os livros são os que falam das ideologias que eles defendem como fórmulas mágicas através das quais acabarão com a pobreza, as desigualdades e tudo que há de ruim neste mundo.
Todos sabem que eles mentem mas, não obstante, seguem como carneiros atrás desta ou aquela ladainha.
Uns controlam as mentes.
Outros escravizam as almas.
Nos países mais civilizados se estabeleceram limites muito nítidos nas áreas de influência de cada tribo de tal forma que a administração pública seja tão imune quanto possível à influência de uns e outros.
Afinal de contas não faz a menor diferença se quem recolhe o lixo é católico ou protestante, comunista ou capitalista.
Nesses países mais cultos e pragmáticos, religião e política seguem separadas.
Religião é opção de cada um e política não tem lá muita importância pois quem chega ao poder vai continuar a carregar o lixo e coisas do gênero com maior ou menor eficiência e aquele que não funcionar bem é trocado na próxima eleição.
A coisa complica quando política e religião se juntam e tomam conta do poder no que se poderia chamar de associação delituosa.
Infelizmente isto vem acontecendo de maneira alarmante na maior parte do mundo de hoje.
Busca-se apoio na religião para justificar atrocidades de toda natureza que se cometem a cada momento, sempre para manter no poder os grupos que, de uma forma ou de outra, conseguiram se apossar dele.
Os católicos brigam com os protestantes na Irlanda (parece que se acertaram, vamos ver por quanto tempo), os judeus com os muçulmanos em Israel e adjacências, os muçulmanos com os muçulmanos no Iraque, os judeus ortodoxos com não sei que outros, não sei aonde e por aí vai.
Tudo isso com o apoio explícito ou não dos políticos a eles associados.
Temos ainda o problema das etnias que seguem pelo mesmo caminho (esses juntam religião, raça e política como pretexto).
Há cem anos atrás isto não seria um grande problema porque cada bando tinha lá o seu canto e podia brigar a vontade sem ameaçar o resto do mundo.
Agora mudou, e todos sabem.
Um árabe furioso junta meia dúzia de malucos e explode as torres gêmeas. Um americano maluco resolve que o Sadam Hussein é feio e mata quatrocentas mil pessoas.
O que os dois malucos acima tem em comum? Ambos são fanáticos religiosos e se dizem instruídos por Deus.
Aonde isto vai parar eu não tenho a menor idéia mas que o resultado não vai ser bom não tenho a menor dúvida.
Em tempo: Agora temos um novo maluquinho que anda explodindo bombas atômicas e eliminou os intermediários. Deus é ele mesmo.
Não é o máximo?!?!

14 outubro, 2006

5 - Aquecimento Global / Energia


Você sabia que a Índia tem um bilhão de habitantes?
Você sabia que a China tem um bilhão e trezentos milhões de habitantes?
Se somarmos essa gente toda teremos uma multidão equivalente a cerca de dez vezes a população dos Estados Unidos da América.
O que talvez você não saiba é que, de acordo com uma dessas ONGS que gostam de nos tirar o sono, os americanos consomem, anualmente, vinte e cinco por cento de toda a energia produzida no mundo no mesmo período.
Se os indianos e chineses fossem tão gastadores como os americanos, seria preciso produzir dez vezes mais energia do que dispomos agora, só para atendê-los.
Que nossos irmãos do norte são esbanjadores de energia todos nós sabemos, o problema é que o resto do mundo, cada dia mais, busca para si próprio o modo de vida americano.
O extraordinário poder da mídia e da economia são usados para convencer o restante do mundo, às vezes na pancada, que o supra-sumo da felicidade é morar num casarão com muitos carrões na garagem e milhões de aparelhos e aparelhões para fazer de um tudo enquanto eles se entopem de batatas fritas e coca-cola (ou cerveja) na frente da televisão.
Pode ser bom para eles.
Pode ser possível para eles.
Mas para o resto do mundo não é possível e nem sei se é necessário.
Podemos tirar do nosso planeta energia (hidroelétrica, termoelétrica, eólica, etc., etc.) para abastecer uns tantos Bill Gates, Bushes, ou o que os valha mas não o suficiente para seis bilhões deles.
E mais, grande parte da energia que consumimos não é renovável (petróleo e carvão). Acabou, acabou. Enquanto não termina fica cada dia mais difícil de obter e mais cara.
Lembrem-se que não falei no Japão (que não produz um balde de óleo) nem na Europa, América Latina, etc.
Essa turma toda está aí consumindo cada vez mais energia e sendo convencida pelos políticos que isso nunca vai acabar ou que serão descobertas novas fontes e o problema estará resolvido.
Talvez sejam descobertas e desenvolvidas novas fontes mas, uma coisa é certa, a energia gerada será cada vez mais cara.
Resumo da ópera:

Aqueles que acham uma vitória do capitalismo sua adoção cada vez mais ampla por países como China e Índia e festejam a chegada deles a “felicidade” da sociedade do consumo não perdem por esperar.
Aliás não vão precisar esperar muito.
2012 está chegando.
Se conseguirem viver até lá verão.

Em tempo:

Quando você queima petróleo e florestas, ou por qualquer outra forma despeja poluentes no ar se cria uma legítima barreira que impede ou dificulta a dissipação do calor que recebemos do sol na atmosfera superior e mais fria.
A temperatura global sobe e está criado o chamado efeito estufa.
Com isso alterações climáticas dramáticas acontecem (secas, inundações, tufões e por aí vai) numa proporção cada vez maior.
Mas isto não parece preocupar muito os governantes e acho que, de certo modo, eles tem razão.
Com todo mundo brigando por um barril de petróleo quem vai se preocupar com o clima?

13 outubro, 2006

4 – Lixo



Você tem idéia de quantos celulares existem no Brasil?
São noventa milhões, meu caro.
Você acredita que as baterias destes celulares são descartadas respeitando as regras estabelecidas pelas autoridades competentes (será que existem)?
E pneus, e garrafas de plástico, e embalagens tetrapac (aquelas de leite longa vida) e embalagens plásticas, e lixo orgânico e, etc., etc., etc.
Acredite, meu caro, é um monstruoso problema que não para de crescer e para o qual não há a menor perspectiva de solução.

Apenas para colocar as coisas em perspectiva e facilitar a compreensão:

a) Nas cidades onde há coleta de lixo, esta porcariada toda é despejada nos chamados lixões onde apodrece ao ar livre e, em contato com a água das chuvas produz uma gororoba chamada chorume que penetra o sub-solo e vai poluir o lençol freático pois é altamente tóxica. Convém não esquecer o mau cheiro, a proliferação de insetos, mosquitos, ratos, etc., etc.
b) Onde não há coleta de lixo vai para os valões, rios, ou simplesmente é jogada nas ruas ou vielas para ser levada depois pelas chuvas indo acabar no mar.
c) Existem também, em muito poucas cidades, usinas de tratamento de lixo e reciclagem mas o custo, tanto da coleta quanto do tratamento do lixo não é de se desprezar.

Há solução para isso?
Infelizmente a resposta é não!

A quantidade de lixo vai continuar crescendo cada vez mais e, vez por outra, se farão campanhas publicitárias falando para você usar papel reciclado, não jogar detritos na rua, etc. e etc.
Vão mostrar também que as latinhas de alumínio são recicladas, que empresas reciclam papel, outras que conseguem reciclar garrafas de plástico e coisas do gênero para que você pense que o problema está sendo resolvido.
Na verdade ele não para de crescer e é alimentado pela cultura do descartável que infelizmente se impregnou profundamente em nosso modo de vida.

Apenas para lembrar:
a) Você já pensou em quantas fraldas descartáveis vão para o lixo a cada dia?
b) E aqueles saquinhos de plástico para leite?
c) E os sacos plásticos de supermercado?

Parece que sempre foi assim e que não há outro modo para lidar com coisas tais como leite, pacotes de compras ou .......de criança.
Havia outras maneiras e é preciso que se invente novas formas ou vamos naufragar num mar de lixo (já estamos naufragando)
Talvez você não saiba mas há alguns anos atrás (não muitos) um cidadão chamado leiteiro passava na porta da sua casa, de manhã bem cedo, trocava as garrafas vazias que você tinha deixado por outras cheias.
No fim do mês você pagava a conta. As garrafas eram lavadas e reutilizadas muitas vezes e o descarte era ínfimo. Agora você compra leite naquele pacotinho plástico nefasto ou naquela caixinha de papelão. O leiteiro não existe mais e possivelmente o preço atual é menor.
Você acha que é menor?
Talvez seja, mas quanto custa carregar aquela caixinha ou aquele pacote de plástico para o lixão? E para administrar o lixão? E para descontaminar o sub-solo? E para sumir com o maldito saquinho que vai levar mais de 200 anos para se decompor na terra?

Reúna alguns amigos e faça um joguinho com eles neste fim de semana: vão lembrando cada coisa que vocês usam e descartam e imaginem o percurso, o tempo e o custo de fazer que ela se decomponha na natureza. Depois durmam se forem capazes.

Apenas mais duas coisas:
1) Você está disposto a mudar seus hábitos e forçar seus governantes a tratar a natureza de outra forma?
2) E o lixo atômico?

Se você tiver alguma solução brilhante ande rápido pois, como você já sabe, 2012 está chegando.

06 outubro, 2006

3 – Água



A primeira coisa a ser compreendida é que a quantidade de água no nosso planeta é a mesma e vai continuar a mesma não importam as barbaridades que se cometam contra o meio ambiente.
Imagine que você instalou um bebedouro de água pura e fresquinha na sua varanda. A água vem de uma fonte no seu terreno e flui continuamente de modo que você resolveu compartilhar com os vizinhos.
Vai daí as pessoas começaram a ver não somente beber a água mas também levar um garrafão para casa.
Como a água é realmente ótima veio cada vez mais gente e logo se formou uma fila enorme e as pessoas começaram a brigar pelo seu lugar na fila pois perceberam que o fluxo da fonte não dava para atender aquela gente toda.
Historinha de criança?
Não, meu caro, é exatamente o caso que vivemos, se a quantidade de água não cresce e a fila não para de aumentar com certeza teremos problemas, ou melhor, já temos problemas.
A água que consumimos é devolvida à natureza poluída e para ser usada de novo precisa ser tratada e isto não é barato.
Imaginemos um caso ideal:
A cidade de Alegrópolis tem 10.000 habitantes e é banhada pelo rio Alegre de onde é retirada a água para o consumo dos habitantes.
Como a cidade é próxima a cabeceira do rio o custo de tratamento da água é pequeno e vive todo mundo feliz.
As águas servidas são devolvidas ao rio depois de tratadas e tudo vai bem obrigado.
Como a cidade tem uma boa qualidade de vida, várias indústrias foram sendo atraídas para seu entorno e, em conseqüência, a demanda de água aumentou e, como as indústrias não trataram adequadamente seus despejos o rio começou a perder a vitalidade e as cidades ajuzante passaram a ter problemas no tratamento da sua água.
Além disso, como era preciso atender ao aumento da população, a área plantada em torno da cidade aumentou e o consumo de água para irrigação e para a criação de animais aumentou também.
Acontece que a água usada na agricultura e pecuária é devolvida ao solo cheia de agrotóxicos, fertilizantes químicos, pesticidas, dejetos animais, etc, etc. sem nenhum tratamento.
O nosso glorioso rio recebe tudo isso e, a cada vez que chove, é acrescido o solo erodido em conseqüência da remoção da vegetação natural para a plantação de produtos para alimentação.
O que não vai para o rio penetra o solo e vai para o lençol freático.
Resumo da ópera: Água potável cada vez mais cara e de pior qualidade sem falar nos problemas de saúde decorrentes dos produtos que o tratamento usual da água não consegue eliminar.
Além de tudo, as redes de abastecimento de água tratada nunca alcançam todas as moradias pois o crescimento urbano é sempre desordenado e os novos núcleos são criados ao acaso e usam água de poços (como vimos contaminados) e despejam o esgoto em valas negras que vão direto para o rio outrora cheio de vida.
O quadro está completo e é o que vem ocorrendo e vai continuar a ocorrer até que alguém se de conta que não podemos continuar a nos multiplicar indefinidamente.
Um político até hoje reverenciado disse tempos atrás (e é verdade) que é preciso fazer o bolo crescer para depois distribuir.
E se o bolo não puder crescer como fazer com a quantidade cada vez maior de candidatos a um pedaço dele?

02 outubro, 2006

2 – Fome – Famintos / Obesos / África




Não faz muito tempo um político de um país da América Latina conseguiu se eleger presidente depois de vinte anos de tentativas.
O eixo da sua campanha era a promessa de acabar com a fome no país que tinha, segundo ele, trinta milhões de famintos.
Não apareceu uma santa alma para questionar este número e um clima de grande entusiasmo cívico fez com que pessoas famosas, outras nem tanto, fizessem doações que eram noticiadas com grande destaque na mídia.
A questão azedou quando um órgão do governo fez uma pesquisa, aparentemente muito bem fundamentada, e divulgou os resultados que surpreenderam a todos:

1° Não havia mais que dois ou três milhões de pessoas que pudessem se enquadrar na categoria “famintos”.

2° A surpresa da pesquisa foi o aumento acentuado e preocupante do número de pessoas acima do peso adequado ou obesos.

Não sei se o funcionário que determinou a pesquisa e a divulgou era apenas um bajulador querendo mostrar que em um ano e pouco de governo do ilustre político tinham sumido vinte e tantos milhões de famintos, ou era, como acredito que fosse, um profissional honesto que fez seu trabalho com afinco e divulgou o resultado antes que pudesse ser manipulado politicamente.
O assunto repercutiu pouco tempo e morreu.
O que ficou claro é que as estatísticas são manipuladas o tempo todo pelos políticos e o público em geral não presta a menor atenção nelas.
Não há dúvida que problemas como fome e pobreza são terríveis mas como caracterizar uma coisa ou outra?
Prefiro abordar o problema por outro ângulo.
Se considerarmos em termos absolutos não há a menor dúvida que a produção de alimentos hoje é mais que suficiente para alimentar cada habitante do planeta.
Se não é, pode ser em instantes, pois há tecnologia mais que suficiente para isso.
Convém não esquecer que existem danos ambientais, etc., etc como foi lembrado no capítulo anterior.
Porque, então, continuam a existir populações morrendo de fome ou em estado de pobreza absoluta como na África, por exemplo.
A resposta é que comida deve vir de perto de casa ou o custo do transporte passa a ser maior, ou muito maior, que o custo de produção.
Simples de entender e óbvio (a W.W.Foundation, ou coisa que o valha conseguiu enxergar isto e divulgou em toda a mídia, mas ninguém deu importância).
Imaginemos a seguinte situação:
O país A tem características difíceis para a agricultura e a população é dividida em vários grupos que lutam continuamente entre si por razões que não vem ao caso e é difícil prever um fim para toda esta matança e destruição.
Qual é a alma generosa que vai pagar o preço de mandar alimentos para uma população inteira e milhares de quilômetros dos locais onde os alimentos estão sobrando para que ela permaneça se matando ou mutilando?
E outra pergunta – Porque eles continuam lutando ao invés de produzir alimentos?
E mais uma e final pergunta – De onde vem as armas e munições usadas nessas guerras?
Para esta última pergunta a resposta é fácil – Exatamente dos mesmos países que promovem campanhas para mandar mantimentos para os brigões.
Alguém acredita que esta situação vai mudar?

Até 2012 a gente vê.

Em tempo: O presidente que citei acima, ao ser confrontado com o resultados da pesquisa feita por seu próprio governo saiu-se com a seguinte pérola:

- “O problema é que há muita gente que tem fome mas não sabe”