25 dezembro, 2006

22 – Ritos de Passagem



Estamos chegando ao final de 2006 e não temos nenhuma razão para nos orgulhar do que foi feito ao nosso planeta e à humanidade, nestes últimos tempos.
Pior ainda é saber que não há nenhuma indicação que nos faça supor que, daqui para frente, as coisas vão mudar e, finalmente os homens ditos de “Boa vontade” serão capazes de encontrar novos caminhos para nos livrar do futuro sinistro que mesmo os mais otimistas já percebem pela frente.
Os ritos de passagem, nas sociedades ditas primitivas, marcavam o fim de uma fase na vida da comunidade ou de um determinado grupo pertencente a ela, e o início de uma outra.
Celebrava-se a mudança das estações, a passagem dos adolescentes para a idade adulta, e assim por diante.
Fechava-se um ciclo e iniciava-se outro.
As festas de Ano Novo se incluem nesse contexto.
Deixemos para trás o Ano Velho e vamos saudar o Novo, recebê-lo com alegria, entusiasmo e esperança.
Vamos fechar o ciclo, como faziam os antigos, esquecer o passado e, de alma lavada, coração cheio de esperanças começar uma nova jornada.
Cometeremos erros, é verdade, mas que sejam erros novos, nunca a repetição dos antigos.
Infelizmente o homem moderno não consegue criar qualquer tipo de descontinuidade.
Seu comportamento é monótono e repetitivo, um legítimo robô.
Os mesmos atos, os mesmos gestos, o mesmo discurso, a mesma tristeza, o que varia, eventualmente, é o ritmo, a velocidade. Uma máquina que repete sempre os mesmos movimentos produzindo sempre os mesmos resultados.
É preciso aprender a virar as páginas, enterrar o passado, não importa quão doloroso ou feliz tenha sido. É passado não há como mudá-lo e não adianta carregá-lo como um fardo cheio de tristeza e ódio. Estaremos assim envenenando o futuro, tornando a felicidade impossível.
Poucos dias atrás aconteceu em Teerã uma reunião convocada pelo presidente do Irã, um baixinho débil mental, para discutir o holocausto dos judeus durante a segunda guerra mundial.
Compareceram representantes de sessenta países para tratar, entre outras coisas, de saber quantos judeus foram mortos, naquela ocasião.
Mais de cinqüenta anos se passaram e eles se reúnem para discutir números, como se sofrimento e tristeza pudessem ser medidos em cifras.
O tamanho da monstruosidade cometida não está no número de mortos, que certamente foi enorme, mas no fato de alguém achar justificável matar um ser humano em nome de alguma ideologia, qualquer que seja ela.
Milhões de pessoas morreram naquela guerra.
Milhões de pessoas tiveram suas vidas destruídas e passaram por sofrimentos imensos.
Era de se esperar que a lição tivesse sido aprendida.
Você acha que foi?
Você acredita que os desocupados que atenderam à convocação do baixinho sinistro, ao fim do conclave se deram às mãos e de coração puro se comprometeram a impedir a qualquer preço que barbaridades semelhantes acontecessem de novo?
Se acreditar, olhe para o Iraque, olhe para o Afeganistão, olhe para Israel, olhe para a Palestina e depois durma se puder.
Lembre-se que cada vida perdida inutilmente deixa atrás de si um rastro de tristeza e sofrimento.
Cada ser humano, ao contrário do que dizem os materialistas de plantão, é insubstituível.
Cada um de nós é único e jamais será repetido. Essa é a nossa herança divina e, não importa quão diferentes possamos parecer, ela nos une de algum modo.
A única chance que nos resta é que, por um milagre daqueles bem grandes, quando os últimos minutos de 2006 estiverem se escoando uma imensa nuvem de esquecimento e perdão baixe sobre toda a Terra.
Começaremos então 2007 inteiramente renovados e, num legítimo rito de passagem, poderemos celebrar o nascimento de uma nova humanidade capaz de desfrutar em harmonia e paz a vida neste paraíso que a existência colocou à nossa disposição.
Como dizem que milagres acontecem, quem sabe???

13 dezembro, 2006

21 – Receita para o natal



Em primeiro lugar um fato importante:
O Natal é a data em que se comemora o nascimento de Jesus de Nazaré, também conhecido como Jesus Cristo ou, simplesmente, Cristo.
Dito assim parece óbvio, mas procure lembrar se as chamadas e matérias que aparecem ultimamente na mídia e falam do assunto fazem referência a ele.
Só o que se vê são imagens de velhos gordos e, porque não dizer, patéticos, fantasiados de Papai Noel recomendando que se compre isso e mais aquilo para presentear a família, amigos, etc., etc.
Anunciam também comidas, bebidas e todo tipo de aparatos eletrônicos para transformar sua comemoração, dizem eles, numa grande alegria.
Até telefones celulares entram no palco como se fosse possível, com um deles, fazer uma ligação direta aos céus, e desejar boas festas ao pessoal lá de cima e aproveitar a oportunidade para encontrar quem sabe um milagre que nos traga um aliviozinho nestes tempos difíceis.
Com relação ao aniversariante absolutamente nada, ou quase nada.
Como não sabemos quantos natais teremos pela frente, pois, afinal de contas, 2012 está chegando, vale a pena tentar fazer com que o desse ano seja realmente especial.
O que vou listar a seguir, não é propriamente uma receita. Trata-se de uma lista de ingredientes.
Cabe a você, dosando-os com competência e atenção transformá-los numa verdadeira ceia de natal.

RECEITA DE NATAL

1º Pegue papel e lápis, ou caneta, ou qualquer coisa que escreva e fique sozinho em algum lugar em que ninguém perturbe.
Estar em silêncio é fundamental.

2º Respire fundo e repetidas vezes e comece a buscar, dentro de você, todas as lembranças que o liguem ao aniversariante.
Lembre-se dos presépios, da estrela de Belém, dos Reis Magos e daquela criança num berço tosco e forrado de palha.
Pense na sua própria infância e nas aulas de religião em que professores às vezes um tanto desastrados, tentavam transmitir a você as palavras e os fatos da vida dele.
Muitas vezes você não entendeu nada, ou quase nada, mas, pouco a pouco, com o passar do tempo alguma coisa foi impregnando sua alma e passando a fazer parte de você.
Se você é cristão vai lembrar das missas, das cerimônias, dos casamentos e das festas religiosas.
Talvez até tenha lido alguma coisa da bíblia, dos evangelhos e outras coisas do gênero.
Vai se lembrar também dos momentos difíceis de sua vida em que você chamou por Ele.
Quando chegar neste ponto já terá descoberto ou sentido que além de tudo isso há algo mágico, extraordinário e inexplicável que, apesar de todas as barbaridades cometidas pelas religiões em seu nome, Ele, de alguma forma, está em nossos corações e mentes.

É Dele a festa, não esqueça.

3º Faça uma lista das pessoas que são realmente importantes para você, as pessoas que você gosta realmente e que, estando presentes ou não, serão lembradas na sua festa.
Como não podemos presentear diretamente o aniversariante vamos respeitar a tradição e mandar lembranças para aqueles que estão em nossos corações.

4º Com a lista que você já fez escolha para quem você vai comprar algum presente ou vai mandar um cartão de natal (e-mail não vale, pois não há sensação melhor que abrir um envelope e ler a mensagem de uma pessoa querida).

4a Cartões de natal
Se não puder fazer um, você mesmo, compre uns tantos, mas daqueles que não tem mensagens escritas.
Lembre-se que o cartão é apenas um veículo. A mensagem que escrever nele é um pouco de você que vai ao encontro do destinatário. As palavras devem ir de coração a coração.
Se diante de um nome você não se emocionar, risque e passe ao seguinte.
Lembre-se que o natal é a festa do coração, não da mente.

4b Presentes
Se não quiser ou não puder comprar um monte de presentes organize um amigo oculto ou algo do gênero. O essencial é escolher lembrando que o importante é a intenção que acompanha o objeto. Por exemplo, se sua mãe gosta de porta-retratos compre um e ponha nele aquela foto que você achou no fundo do baú com você pequenininho no colo dela.
O critério é sempre o mesmo amigo, emoção, muita emoção.

5º A Festa

5a Os Convidados
Faça a lista de convidados com muito critério.
Esqueça as conveniências e convide apenas as pessoas que você realmente ama. O resto da turma fica para o Ano Novo.

5b O local da festa
O ideal é que seja em sua casa.
Lembre-se que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço e uma multidão barulhenta enlouquece até o mais santo dos santos.
Planeje cada detalhe.
Monte uma árvore de natal original e de tamanho adequado ao espaço que você tem.
Envolva a família no processo de modo que todos participem na decoração do local.
Tire a televisão da sala e não ligue a dita cuja nem a pedido do Papa.
Se você achar que música é indispensável escolha com muito critério e, pelo amor de Deus, o volume tem que ser de modo a não atrapalhar a conversa das pessoas, bem baixinho.
Deixe o barulho para o dia 31 (de preferência na casa dos outros)

5c Comidas e bebidas
Lembre-se que as pessoas, quando comem demais, ficam sonolentas e quando bebem ficam barulhentas e desagradáveis.
Por outro lado você não vai querer que ninguém saia com fome da sua casa num dia tão importante.
Seja criterioso, consulte os amigos e parentes que você convidou e diga a eles como você está imaginando a festa. Peça sugestões de modo a envolver todo mundo no processo.

6º A Festa
Quando fizer os convites diga a hora em que você espera que as pessoas cheguem e esteja pronto para recebê-las.
Providências logísticas tais como local para deixar bolsas e casacos, lugar para crianças dormirem, etc., também têm que ser lembradas.
Na hora marcada tudo tem que estar pronto.
Receba cada um dos seus convidados com um grande e afetuoso abraço, sem pressa, pois a festa está apenas começando.
Aproxime as pessoas a medida que forem chegando e procure fazer com que a conversa entre vocês evite os temas atuais como política, economia e outros do gênero.
Lembrem-se dos Natais em que estiveram juntos no passado, de pessoas que foram importantes para vocês e que, por qualquer razão, não estão presentes.
Logo você verá que um clima amoroso e feliz acolherá a todos.
Pouco antes da meia noite reúna todos em torno da mesa e diga em poucas palavras como é importante que eles tenham vindo repartir com você aquele momento.
Faça um brinde ao aniversariante e agradeça o imenso legado que com seus ensinamentos e sua vida Ele deixou para nós.
Não fale da cruz nem no martírio.
Fale de amor, de compreensão, de compaixão e de paz. Depois celebrem, cantem, troquem presentes, brinquem com as crianças e aproveitem para serem crianças novamente, pelo menos nesta noite tão especial.
Façam deste Natal uma data inesquecível.


Para vocês, que pacientemente vem acompanhando minhas mensagens, quase sempre carregadas de preocupação com os rumos que os insensatos vêm dando ao nosso maravilhoso planeta, meu imenso MUITO OBRIGADO!
E, do fundo do meu coração, os melhores votos de FELIZ NATAL para todos.

10 dezembro, 2006

20 – Viajando para a lua


Quando muito jovem chegou às minhas mãos, por empréstimo, um livro chamado “Uma breve Introdução a História da Estupidez Humana”. Tinha mais de mil páginas e, como o nome indica, relatava casos e mais casos de decisões erradas tomadas por governantes, chefes militares, ministros, grandes empresários, políticos e outras preciosidades do gênero que resultaram em mortes e prejuízos incalculáveis. Os fatos narrados com abundância de detalhes, resultantes de uma pesquisa minuciosa, não deixavam qualquer margem de dúvida quanto à origem dos mesmos. Era burrice mesmo, do mais alto grau, e seus protagonistas são lembrados até hoje como grandes figuras históricas como Napoleão, Hitler, Stalin e outros tantos. A última frase do livro, que não consegui esquecer apesar do tempo era a seguinte: Aqui se encerra essa breve Introdução, oportunamente iniciaremos a História da Estupidez Humana. Não sei se a promessa foi cumprida ou se o autor simplesmente desistiu ao se dar conta da imensa tarefa que teria pela frente, pois nunca mais tive notícias à respeito. Talvez alguns dos personagens, ainda vivos na época da publicação, tivessem “convencido” o escritor a se ocupar de outros temas menos incômodos. Se alguém tiver disposição de retomar o assunto sugiro que comece analisando os primeiros anos do século vinte e um e acredito que será o suficiente para desistir também. Como colaboração a quem queira se aventurar nesses mares tenebrosos, aqui vai minha sugestão. Ao invés de uma estupidez antiga, do passado, comece por uma que está para acontecer, novinha em folha. A NASA, agência espacial americana, acaba de lançar um projeto para instalação de uma estação espacial permanente na lua com o objetivo, entre outros, de expandir nossa economia (lá deles, é claro) ao espaço. Não estou inventando nada. A notícia foi publicada exatamente, do jeito que você acabou de ler. A estação estará concluída em 2025 (que doce ilusão) e custará a modesta quantia de cento e vinte bilhões de dólares. Não sei quanto foi gasto, até hoje, com viagens à lua, estações espaciais e outras coisas do gênero. O que passou, passou e não adianta chorar. A pergunta é: Não haveria um modo melhor de usar esse dinheiro todo? Na chamada corrida espacial, de anos atrás (quando tudo começou) os russos e os americanos competiam para saber quem seria capaz de chegar primeiro à lua. Era uma questão de prestígio, coisa de criança. Mas e agora? Para não deixar perguntas sem respostas quero que fique registrada, para o caso de alguém se interessar pelo assunto, uma possível linha de raciocínio. Levando em conta que os políticos americanos já devem ter chegado à conclusão que não conseguem ganhar guerra nenhuma, vide Coréia, Vietnam, Iraque e Afeganistão, daqui para o futuro acredito que eles devam abrir mão da responsabilidade que se auto atribuíram de xerifes do mundo. Não é uma questão de opção, eles simplesmente fracassaram. Mas se não vão se meter em guerras como fica a indústria armamentista que é uma das grandes financiadoras das campanhas políticas e dos políticos americanos? É simples amigos, vamos fazer uma estação espacial na lua. Os grandes fornecedores de peças, equipamentos, projetos e todo o resto que se possa imaginar para a NASA são exatamente os mesmos que fabricam material bélico. Fica todo mundo feliz e o Bush neto em 2025 corta a fita de inauguração. Cortaria, meu caro, porque em 2012, felizmente, esta palhaçada acaba. Para terminar, uma sugestão, leia 1984, de George Orwell, Não deve ser difícil de encontrar na Internet. É admirável a acuidade do autor e se você ler com atenção entenderá melhor o mundo em que estamos vivendo.

03 dezembro, 2006

19 – AL GORE – POP STAR


Vocês se lembram do Al Gore? É um cidadão que foi Vice-Presidente dos Estados Unidos na época do Clinton e conseguiu a proeza de perder a eleição para o Bush. Disseram que houve fraude, mas como se trata de primeiro mundo deve ser choro de derrotado. Ainda mais porque ele não reclamou e acho até que ficou aliviado sabendo dos problemas que teria pela frente, se eleito. Assisti, alguns dias atrás uma entrevista do gajo na televisão e tenho que admitir que o achei simpático e articulado embora, sei lá porque, me faça lembrar o Fred Flintstone. Depois de alguns anos sumido ele retorna como defensor de causas ligadas ao meio ambiente (parece que sempre foi) principalmente no que diz respeito ao aquecimento global. Na tal entrevista da TV e em outra que deu a um jornal local ele só falou disso (aquecimento global). É sempre animador saber que uma personalidade de destaque, principalmente um político influente na América, se preocupa com assuntos que parecem não existir para os americanos em geral. Há, porém alguns pontos que eu gostaria de entender melhor. Será que esta volta à notoriedade não está relacionada à proximidade do fim da era Bush e a conseqüente possibilidade de uma candidatura à presidência? Pelo andar da carruagem parece difícil imaginar que o atual presidente consiga eleger seu sucessor tal o desgaste que seu prestígio vem sofrendo ultimamente. Outra coisa curiosa foi a escolha da causa que abraçou e o tipo de argumentos e meios que usa para apoiar suas ações. Afinal de contas os efeitos do aquecimento global já são tão visíveis que é impossível, mesmo ao cidadão mais obtuso, não percebê-los e não se apavorar com eles. Não senti no discurso do Senhor Gore nenhuma preocupação maior com a urgência de se tomar decisões e providências ao menos para tentar desacelerar o processo que nos leva, em ritmo acelerado para o buraco. Quando perguntado sobre a adesão dos Estados Unidos ao protocolo de Kyoto respondeu que espera que os democratas, agora maioria no congresso, ponham pressão sobre o presidente, e só. Quanto ao desmatamento e queimadas na Amazônia disse ser um assunto exclusivo dos brasileiros. Nada mais politicamente correto SENHOR GORE, mas por outro lado, nada mais absurdo. A monstruosa emissão de poluentes causada pelo consumo desenfreado de energia nos Estados Unidos é um problema de todo o mundo. A destruição da cobertura vegetal da Amazônia quer através da derrubada das árvores, quer pelas queimadas, também é um problema mundial. Um movimento mundial tem que ser feito, através da ONU, dos governantes com um mínimo de lucidez, das ONGS, das Universidades e de qualquer pessoa, inclusive o senhor no sentido de se tomar providências urgentes para ao menos retardar as conseqüências das monstruosidades que estamos fazendo contra a vida em nosso planeta. Note bem, Senhor GORE, contra a vida, e isso inclui a sua. Antes que algum luminar pense nisso, quero deixar claro que não estou defendendo a internacionalização da Amazônia ou outras bobagens do gênero. Ninguém precisa invadir ou violar a soberania de ninguém para que sejam tomadas medidas que nos protejam a todos. Esse seu discursozinho de candidato não serve a nada e muito menos a tal General Investment Management que o senhor criou “para provar que é possível conciliar crescimento econômico e sustentabilidade” (é o que está escrito na entrevista e o senhor concordou). O problema, no momento, não é crescer, é sobreviver. Não há mais tempo para ações pontuais meu caro Senhor GORE. Muito menos para ações pontuais dentro de um problema, no meio de outros tantos igualmente urgentes sobre os quais o senhor se esqueceu de falar, como a explosão demográfica, a poluição das águas, o lixo, a escassez da energia e outros menos votados. Se o senhor quer ser líder de alguma coisa suba na tribuna e grite o mais alto que puder. Seja realmente um POPSTAR, xingue, ameace, se atire no chão, faça enfim tudo que for preciso para se fazer ouvir, pois o tempo que dispomos é curto, muito curto. Se nada der certo, uma última tentativa: Quebre a guitarra no chão e jogue na platéia. Depois vá para casa esperar a chegada de 2012 com a consciência tranqüila. Se for possível, é claro!