13 setembro, 2007

40 - Violência – Medo


A violência surge do medo ou o medo surge da violência?
A criminalidade é conseqüência da pobreza e da desigualdade ou da nossa estrutura política e social?
Todos nós já ouvimos estas perguntas milhares de vezes e as respostas que os intelectuais de plantão dão a elas seriam suficientes para lotar as estantes de todas as bibliotecas do mundo.
Enquanto a discussão se arrasta a violência continua a crescer.
Como contraponto aos perguntadores e aos explicadores temos os resolvedores.
Estes últimos, menos imaginativos que os primeiros, apontam sempre à mesma solução:
- mais policia, leis mais rigorosas, mais penitenciárias, mais políticas sociais e assim por diante.
O glorioso ministro da justiça, ao lançar mais um plano com as mesmas medidas que não deram certo até agora, explicou que é preciso ter paciência e esperar alguns anos para que os resultados comecem a aparecer.
Não é difícil perceber que o gênio se sente a salvo de ataques e balas perdidas pois deve andar cercado de seguranças 24 horas por dia (às nossas custas, é claro).
Será que não está na hora de olhar o problema por outro ângulo?
Se tudo o que foi feito não deu certo por que insistir nos mesmos erros?
Vamos tentar novas soluções.
Senão funcionarem tratemos de buscar outras.
Por que continuar a gastar dinheiro mantendo presos assassinos que, de dentro das cadeias, continuam a comandar suas organizações criminosas?
Alguém tem esperanças que os anjinhos vão se regenerar?
É preciso deixar de lado a hipocrisia e assumir que, entre o cidadão que por uma razão qualquer comete um crime e um membro de uma facção criminosa condenado a mais de 100 anos de prisão existe uma grande diferença.
Colocar tudo no mesmo saco é absolutamente idiota.
É lícito esperar que um agente penitenciário seja rigoroso com um presidiário que tem meios de mandar executá-lo na frente de sua família se ficar de mau humor?
Todos nós sabemos as respostas, mas quando se fala em pena de morte parece que o mundo vai acabar.
Fala-se em possibilidade de erro judiciário, injustiça e coisas do gênero que devem ser consideradas quando se trata do tal cidadão que cometeu um crime.
Alguém é capaz de acreditar que há alguma possibilidade de uma santa criatura como um Fernandinho Beira-mar ser inocente?
Pelas nossas generosas leis o dito cujo, em poucos anos, estará livre para cometer os mesmos crimes que o levaram à cadeia.
Quando os bandidos utilizam armas de guerra para atacar a policia ou qualquer incauto que entre nas comunidades que dominam é impossível acreditar que o estado está no controle da situação.
Quando um trem é metralhado num país que não esteja em guerra ninguém terá dúvida que se trata de terrorismo ou revolução.
No nosso amado rincão, as autoridades que por acaso estavam dentro dele fazem piadas para esconder o medo que seguramente sentiram.
Só não conseguem esconder o medo real e maior que é o de enfrentar a situação com a energia necessária.
Quantos inocentes terão que morrer para que os pilantras que nos governam resolvam tomar alguma atitude efetiva?
Voltarei ao assunto para dar a minha receita, um tanto radical, para resolver o problema.
Por hora registro a resposta de um carrasco de uma penitenciária americana entrevistado por um repórter do Fantástico (TV GLOBO) que perguntou encerrando a entrevista:
- O senhor acredita que a pena de morte reduz a criminalidade?
- “Na verdade não sei. Mas, uma coisa posso garantir, aqueles que executei nunca mais cometerão crime nenhum”.

26 agosto, 2007

39 – Economistas – Para que servem?

Quando comecei a pensar nesta matéria fui buscar no site de pesquisas uma imagem para ilustrá-la. Levei um susto quando vi que, no título “Economista,” estavam guardadas mais de um milhão delas.
Quase desisti, pois me pareceu uma heresia fazer qualquer comentário sobre uma classe que merece tamanho apreço em nossa sociedade.
Resolvi seguir adiante ao lembrar que nossa mídia ocupa páginas e páginas bem como imagens sem fim com todo o tipo de inutilidades de modo que espero ser perdoado por algum eventual sacrilégio.
A recente crise no mercado financeiro, decorrente de problemas no setor imobiliário dos Estados Unidos da América, abriu espaço para que economistas de todos os tipos se manifestassem sobre o assunto. O que ouvi e li me deixou perplexo.
Que a crise é de bom tamanho não há como negar. O que me espanta é que nenhum dos especialistas consultados, todos eles pressurosos em explicar o evento, tenha sido capaz de prever o que estava para acontecer com algum tempo de antecedência.
A crise ora em curso nos EUA é similar às que aconteceram em vários países do mundo em diversas ocasiões e é inadmissível que os governos não se movimentem a tempo para impedir que elas ocorram.
Os economistas, teoricamente ao menos, estão aí para isso. Supõe-se que eles sejam profissionais capazes de perceber os movimentos e tendências dos mercados.
A realidade é que a cabecinha dos rapazes funciona de um modo diferente. O objetivo é ganhar dinheiro a qualquer custo e o mais rápido possível sem medir o tamanho das conseqüências “das pirâmides da fortuna” que ajudam a construir e que ao desabarem, como fatalmente acontece, levam milhões de pessoas ao desespero e à ruína.
Vamos tentar entender como um desastre como o que está acontecendo no mercado imobiliário americano é construído.
O primeiro passo é enfiar na cabeça das pessoas que a coisa mais importante do mundo é ter uma casa própria.
O segundo é emprestar dinheiro a elas para que possam realizar este sonho. A esse tipo de operação dá-se o nome de empréstimo com garantia real, ou seja, se o devedor não pagar as prestações, o credor toma a casa do sujeito e a vende recuperando o que foi emprestado e tudo bem, obrigado.
Como o negócio é bom e seguro ele vai prosperando e investidores emprestam dinheiro aos bancos que o repassam aos compradores (a juros evidentemente maiores do que pagam aos investidores) e novas casas vão sendo construídas e vendidas. Os políticos ficam felizes porque a economia está crescendo e junto com ela o número de empregos e por aí vai. Os investidores também ficam felizes e aplicam cada vez mais no negócio e tudo parece caminhar no melhor dos mundos.
Com a facilidade de crédito o número de compradores cresce vertiginosamente e o número de imóveis cresce na mesma proporção.
A indústria da construção, entusiasmada com o lucro fácil, lança imóveis cada vez mais caros e os bancos continuam patrocinando a festa. As primeiras nuvens negras aparecem quando, devido aos preços elevados ou qualquer outra razão, o número de compradores diminui. Que fazer com a montanha de dinheiro captado junto aos investidores?
Na cabecinha dos economistas a resposta é rápida. Vamos aumentar o prazo dos financiamentos, pois com isso o valor das prestações diminui e o problema está resolvido.
Mas o problema está longe de ser solucionado, pois é nesse ponto que o preço das moradias começa a cair e “a porca torce o rabo”.
Logo os gênios vão descobrir que as chamadas garantias reais não garantem nada, pois todos os limites da prudência foram ultrapassados. A inadimplência aumenta vertiginosamente e o valor de mercado dos imóveis desaba, pois aqueles que não conseguem pagar mais as prestações põem suas casas à venda na esperança de sair do buraco. Retomar as casas não adianta, pois o dinheiro recuperado não paga, nem de longe, o que foi emprestado. Está criada uma encrenca de todo tamanho. E os economistas que criaram esse embrulho todo, você acha que eles perdem o sono?
É claro que não.
Eles vão para a mídia anunciando que o mundo vai acabar; que o mercado financeiro vai quebrar; que o mar Mediterrâneo vai transbordar e outras desgraças do gênero se os bancos centrais não liberarem bilhões de dólares para que os compromissos com os investidores possam ser honrados.
Os políticos, devidamente apavorados (ou adequadamente recompensados) concordam com tudo e vão todos para casa (políticos, economistas, banqueiros, investidores, etc.) com a satisfação do dever cumprido. A crise está resolvida, pensam eles. Agora já podemos criar um fundo para comprar a preço vil as casas que vamos tomar dos otários e depois de algum tempo começar tudo de novo.
Tem sido assim e, pelo jeito vai continuar sendo pelo menos até 2012, pois aí, como todos sabem, tudo acaba!

23 julho, 2007

38 – Lula renunciou



“Quem conta um conto aumenta um ponto”, diz a sabedoria popular.
De minha parte afirmo que não aumentei nada, mas sendo o meu informante do PT e íntimo do presidente, tenho que admitir que não deve ser flor que se cheire.
A história aqui vai como me foi passada e o leitor tire suas conclusões.
Quando voltou a Brasília depois da vaia que levou na abertura do Pan-americano, Lula estava diferente. Parecia triste, e tão logo chegou, mandou desmarcar toda a agenda da semana seguinte.
Como havia as competições para assistir, e trabalhar não é coisa que ele goste muito, ninguém deu muita importância ao fato.
Com o passar dos dias, porém, vieram as primeiras indicações que as coisas não iam bem.
O presidente passava o tempo todo no seu quarto ou nos jardins da casa em passeios silenciosos.
Houve um dia em que se recusou até a trocar o pijama por uma roupa mais adequada, informal que fosse, para sua caminhada matinal.
O pessoal mais próximo começou a ficar realmente preocupado, mas imaginou que talvez fosse algum mal estar passageiro ou uma dor no ombro que volta e meia incomodava o presidente quando ele fazia muito esforço assinando uma ou outra medida provisória.
Quando a primeira dama comentou com as amigas que vão sempre jogar cartas com ela, que achava que o Lula andava lendo a bíblia (um livrão grosso que ela não sabia bem o que era) ficou claro que algo muito diferente estava acontecendo.
Atendendo ao conselho das parceiras ela resolveu ficar mais atenta e tão logo o joguinho acabou foi aos aposentos reais.
O presidente, que continuava triste, estava na cama vendo na televisão sua novela preferida quando entrou no ar, ao vivo, o acidente com o avião da TAM.
Lula explodiu num pranto absolutamente descontrolado.
Começou a quebrar o que encontrava pela frente, ao mesmo tempo em que gritava: Eu sou o culpado, esta gente morreu por minha causa, não agüento mais viver carregando esta culpa comigo.
“Dona Coisa” (é como o pessoal da copa se refere a ela) foi em busca de um copo d’água com açúcar para acalmar o presidente e, ao voltar, lá estava ele, olhos pregados na TV chorando convulsivamente.
Depois de algum tempo, aparentemente mais calmo, ele pediu a ela, como se fosse a coisa mais natural do mundo, que lhe trouxesse umas folhas de papel e uma caneta porque ele ia escrever uma carta ao Congresso comunicando que renunciava irrevogavelmente (ele nem gaguejou) à presidência da república.
Ela ainda pensou em argumentar, mas o olhar do marido a fez mudar de idéia.
Ao sair do quarto para buscar as tais folhas e a caneta ia pensando no que fazer pois a situação estava ficando fora de controle.
Se o camarada renunciasse mesmo que seria dela, da família e daqueles inúteis todos que vivem em torno deles?
Afinal de contas não fazia sentido abrir mão de tudo que conquistaram com o esforço de tantos anos só por causa de uma vaia e de duzentos inocentes mortos.
Já de volta com o papel e a caneta, um pouco mais calma, ia conjecturando; até ele conseguir abrir a caneta e escrever o cabeçalho vou ter pelo menos duas horas para pedir ajuda.
Entregue a encomenda ela foi para uma sala próxima e tratou de requisitar reforços para superar a crise. Chamou a família toda, inclusive aquele irmão dele que é padre.
Como o Lula estava ainda com a bíblia nas mãos talvez um padre fosse de alguma serventia. Chamou também D. Dilma (lembrou que sempre que alguma coisa ia mal ela era chamada).
Finalmente ligou para o médico do presidente, resumiu a situação e pediu que ele viesse com a maior urgência pois a coisa era realmente grave.
O primeiro a chegar foi o médico que imediatamente foi ao encontro do presidente.
Lá estava ele, diante da TV, as lágrimas escorrendo pelo rosto, olhos pregados na tela vendo as imagens do desastre.
Ao perceber a chegada do amigo (se conheciam desde os tempos das greves do ABC) Lula abriu o coração:
“Já não agüento mais ser presidente”.
Como vou olhar para a família dessa gente?
Como vou olhar para o povo humilde que apesar de tudo ainda confia em mim?
Como poderei suportar a culpa de todas as canalhices que fiz e que deixei fazer para encher de dinheiro e poder esses vagabundos e escroques que me cercam, inclusive minha família?
E ele não parava. Falou sobre mensalão, sobre o que fez com a VARIG para ajudar seus amigos da TAM e da GOL, sobre sanguessugas, sobre isso, sobre aquilo e só conseguiu parar depois de muito tempo.
Finalmente perguntou:
Onde estava com a cabeça quando perpetrei tanta barbaridade?
Parecia estar exausto porém tranqüilo.
Aqui está, meu amigo, a carta em que renuncio ao cargo.
Peço que você a entregue a quem de direito e que também informe aos meios de comunicação.
Estarei esperando e, se em duas horas você não estiver de volta, darei um tiro na cabeça.


Lula renunciou

Parte II – O Retorno

O médico ouviu tudo aquilo perplexo.
O Lula que conhecia havia tanto tempo não era o que estava diante dele.
A pessoa que estava ali falando, abrindo seu coração, era decente, ética e honestamente arrependida dos erros que pudesse ter cometido.
Além disso se expressava num português correto, sem tropeços nem gírias ou palavrões.
As concordâncias também eram perfeitas e os plurais impecáveis.
Que teria havido?
De repente uma lembrança explodiu em sua mente.
Quando o presidente Bush (o filho) esteve no Brasil ele foi incumbido de acompanhar o médico particular do dito cujo.
Como o colega era muito afável acabaram ficando amigos e, durante um jantar que ofereceu ao americano acabou ouvindo uma história muito parecida.
Eles, entre uma caipirinha e outra, comentavam sobre as semelhanças entre os dois presidentes. Um e outro gostavam de uns drinks. Um e outro não eram lá de trabalhar muito, nem de assumir responsabilidades. Um e outro sempre atribuíam seus próprios erros a terceiros e aí por diante.
Já alta noite, muitas caipirinhas depois, o americano lhe fez uma confidência:
Poucas semanas antes de vir ao Brasil o presidente americano teve o que ele chamou de surto psicótico. Chamado às pressas para atender o presidente encontrou-o num quadro, lembrou o nosso doutor, que era exatamente igual ao de nosso Lula.
O cowboy chorava, dizia coisas desconexas sobre o Iraque, etc, etc,.
Como ninguém tinha a menor idéia do que estava acontecendo trataram de ligar um monte de eletrodos na cabeça do cidadão para, utilizando um equipamento de última geração, verificar o funcionamento de suas funções cerebrais.
E aí veio a grande surpresa.
Estava tudo funcionando com perfeição. Exatamente como uma pessoa normal e não com os cinco por cento que o presidente conseguia utilizar habitualmente.
A causa da disfunção teria sido um forte choque emocional que Bush filho teve ao saber que inadvertidamente tinham jogado fora seu ursinho de pelúcia.
A violenta emoção teria conectado neurônios adormecidos e acionado partes do cérebro que exames anteriores mostravam estarem inertes.
O problema foi resolvido com uma dose potente de tranqüilizantes.
Depois de umas tantas horas de sono o nosso Bush voltou ao normal e não se lembrou de nada da noite anterior. Nem percebeu que tinham posto um ursinho novo no lugar do antigo.
Tudo isso foi lembrado em segundos.
Olhando Lula bem nos olhos falou:
Presidente, somos amigos há muitos anos e vou lhe fazer um pedido. A atitude que o senhor está tomando é de grande importância e terá conseqüências graves. É absolutamente necessário que o senhor esteja fortalecido para evitar que suas boas intenções sejam desvirtuadas pelos políticos.
Nada como uma boa noite de sono para enfrentar o dia de amanhã.
Tome este comprimido, durma tranqüilamente pois ficarei aqui a seu lado e amanhã de manhã faremos o que o senhor determinar.
Lula pensou um pouco, pegou o comprimido e com um pouco d’água o engoliu.
Foi o tempo de deitar e apagar.
A noite que se seguiu foi a mais longa da vida daquelas pessoas que se amontoavam na antecâmara (quarto de presidente tem antecâmara).
Cada minuto que passava era uma eternidade até o momento em que o doutor abriu a porta do quarto e anunciou:
O presidente está acordado, podem entrar.
Quando viu aquela gente toda dentro do quarto olhando para ele o presidente abriu aquele seu sorriso de sempre e perguntou:
“Que qui houve cambada, o Nenê Constantino já mandou a mesada de ocês?”
Tudo voltara ao normal.
Ao se despedir da primeira dama que era só gratidão e alegria, o médico fez uma última recomendação:
Vou deixar com a senhora esses comprimidos, só por cautela, é bom que ele tome um por dia para evitar recaída.

P.S. – Incrédulo que sou perguntei ao meu informante:
Você tem alguma prova do que me contou?
Ele respondeu:
Tenho a cópia da carta de renúncia que o médico, por precaução, guardou com ele.
Mas não vai servir para nada pois está tão bem redigida que nem Deus, que foi testemunha, vai acreditar que foi o Lula que escreveu.



12 julho, 2007

37 - Parcerias Público Privadas



Como todos sabem, o chamado programa de parcerias público privadas é um dos muitos que o atual governo proclama como solução dos problemas que retardam o desenvolvimento do país.
A coisa não é difícil de entender, mas vamos tentar simplificar.
Suponha que você tenha um terreno e o projeto de um prédio para ser construído nele, mas não tem o dinheiro necessário para o empreendimento. Como seu vizinho é dono de uma próspera construtora você faz um acordo com ele: você entra com o terreno e o projeto e ele com os recursos necessários. Concluída a construção vocês vendem o prédio repartindo os lucros da forma que previamente pactuaram.
Simples, não?
Imagine agora como fazer o negócio se você não tivesse nem o terreno, nem o projeto.
É mais ou menos isso o que está acontecendo com os planos anunciados a todo momento pelas nossas autoridades.
Como estabelecer as regras do jogo para fazer uma parceria para construção de uma estrada entre as cidades A e B se não existe um projeto de engenharia perfeitamente desenvolvido para que possa ser quantificado e desse modo conciliar os interesses legítimos dos parceiros? E mais ainda, se um dos parceiros (o governo) como todos sabem, não gosta de respeitar os contratos que assina.
A capacidade dos nossos governantes de prever o custo das obras em que se metem é realmente fantástica.
O exemplo mais recente é do Pan 2007.
O investimento previsto pelos responsáveis para o evento foi de cerca de R$300 milhões (em números de 2003).
Gastaram mais de R$3 bilhões.
Como seria possível fazer uma parceria com sócios tão irresponsáveis?
É preciso porém, não perder as esperanças e reconhecer que alguns esforços já estão sendo feitos pelos nossos políticos para tornar estas parcerias possíveis, e até certo ponto efetivas, embora um tanto desastradas.
Ao que parece eles confundiram, mais não foi por mau, interesses públicos com interesses de homens públicos.
Assim, um senador fez uma parceria com uma empreiteira para que pagasse algumas continhas pessoais lá dele. Naturalmente ele estava muito ocupado cuidando de seus afazeres no congresso e não tinha tempo para ir ao banco fazer os depósitos.
Um outro senador, também por não ter tempo (ele se dedica exclusivamente aos interesses da pátria) fez uma parceria com um conhecido empresário para lhe arranjar uns trocados para comprar uma bezerra. Foi
uma operação meio curiosa, mas como por em dúvida a seriedade das partes?
Nosso presidente, no início do seu primeiro mandato, ao visitar o Alvorada, concluiu que aquele barraco precisava de uma reforma para receber a família real. Afinal ele não estava acostumado a morar sem o conforto condizente com o padrão de vida que sempre teve.
Foi só chamar o arquiteto da corte e mais dezesseis grandes empresários e o dinheiro apareceu. Como a coisa funcionou, ele fez uma outra parceria e transformou seu filhinho (“o ronaldinho da informática”) em milionário do dia para a noite.
Pelos exemplos acima podemos perceber que nossas autoridades estão trabalhando e fazendo, lá ao seu jeito, suas parcerias.
O que é preciso esclarecer, se for possível, são os ganhos e recompensas dados aos parceiros privados pelos seus “investimentos”.
Ou será que eles fazem tudo isso por altruísmo?
A resposta fica a cargo de cada um de vocês, mas, só por curiosidade, li no jornal de hoje que na China executaram um ex ministro, condenado como corrupto, por trapalhadas semelhantes.
Ainda bem que aqui não se faz uma maldade desta, do contrário Brasília seria uma cidade fantasma.

25 junho, 2007

36 – Relaxa e goza



Sempre é tempo de reparar uma injustiça. Não seria correto perder a oportunidade de tentar redimir nossa ministra do turismo do massacre que está sofrendo por parte da imprensa em função da declaração que fez por conta do caos dos nossos aeroportos.
Primeiro é preciso compreender, ou pelo menos tentar compreender, as razões que levaram nosso presidente a escolher a moça para o cargo.
Levando em conta que o Sr. Lula tem uma forma muito peculiar de agir e de pensar não me surpreenderia se a escolha fosse baseada no fato do Brasil ser conhecido como um dos principais destinos do chamado “turismo sexual”.
Nada mais pertinente, na cabeça dele, que colocar como ministro do turismo uma sexóloga.
Seria a pessoa certa no lugar certo.
A mesma lógica foi adotada para a escolha do ministro da defesa. Como haveria sempre o risco do ministro da defesa, com o apoio dos militares, dar um golpe de estado ou fazer coisas erradas ele escolheu um cidadão que não faz absolutamente nada. Assim qualquer possibilidade de erro fica afastada.
Se prestarmos atenção veremos que com o restante do ministério as coisas não foram diferentes.
Alguém é capaz de lembrar de alguma coisa útil feita pela D. Dilma ?
E pelo ministro dos esportes, que nem me lembro o nome tal a insignificância do cidadão?
O Pan 2007 está para ser iniciado, a confusão é total, e onde anda sua excelência?
A lista não para aí.
A violência no país não para de crescer e cadê o ministro da justiça?
Olhando por esse lado não podemos deixar de concordar com D. Marta.
Não há nada que possamos fazer além de relaxar e, se possível, gozar.
Afinal de contas não adianta arrancar os cabelos diante de coisas que não temos a menor possibilidade de resolver. O nosso desespero não vai fazer com que nada funcione melhor e só fará mal a nossa saúde.
Assim, é melhor adotar a lógica do presidente e agradecer a Deus por ele ter escolhido esse caminho.
Vocês já pararam para pensar o que aconteceria se a fauna que ele escolheu para ajudá-lo a governar o país gostasse de trabalhar?
A quantidade de barbaridades que conseguiriam fazer é impensável e é também difícil acreditar que sobrasse um real sequer nos cofres públicos.
Vamos todos tratar de aplaudir D. Marta e estender o conselho dela a todos sem exceção.
Sr. Presidente, Srs. Ministros, Deputados, Senadores, Juízes, etc, etc, etc, relaxem e gozem o mais que puderem pois estamos aqui para pagar a conta.
Em tempo:
O ministro da fazenda, um gordinho com uma pronuncia meio diferente (acho que ele tem a língua presa) que deve fazer sucesso no meio lá deles, apareceu com uma explicação para o caos nos aeroportos que é um portento. Segundo sua excelência a bagunça é devida a grande prosperidade do país. Com todo mundo cheio de dinheiro não há avião nem aeroporto que dê conta.
Depois dessa vou seguir o conselho da ministra e entrar de férias que ninguém é de ferro.
Daqui a um mês eu volto.

19 junho, 2007

35 – BUSH – O LENTO



Todos nós guardamos na memória nomes de personagens que, no passado, fizeram história.
De um modo ou outro marcaram a época em que viveram e deixaram um legado que os pobres estudantes tem que, até hoje não sei bem com que propósito, decorar.
Sem muito esforço penso em Alexandre o Grande, Pepino o Breve, Cipião o Africano, Ivan o Terrível e por aí vai.
Fico me perguntando o que acrescentar aos nomes dos governantes atuais quando passarem, se passarem, à história.
Alguém seria capaz de imaginar algo como Lula o Grande, Fidel o Bravo, Morales o Terrível, e, quem sabe, Hugo Chávez ,o Rei Sol?
O que se somou no passado ao nome desses personagens tinha a ver com características extraordinárias que, para o bem ou para o mal, os distinguiam dos demais.
O que diferencia o nosso Bush do mais medíocre dos americanos?
É impossível acreditar que não existam na América indivíduos mais capazes do que o dito cujo.
E no restante do mundo, será que o problema não é o mesmo?
A recente reunião do G-8 não fez mais que mostrar a incrível incapacidade dos governantes dos países mais poderosos e mais ricos do mundo em tomar decisões que criem, para a humanidade, ao menos um pequeno fio de esperança de um futuro um pouco menos tenebroso do que se anuncia no horizonte.
Quando Dona Ângela Merkel, Chanceler da Alemanha, estabelece metas de redução de gases poluentes para até 2050 dá a impressão que conseguiremos chegar até lá tranqüilamente.
Quando Mr. Bush propõe que os maiores poluidores tenham prazo até 2008 para resolverem o que vão fazer a respeito do assunto e convoca o Brasil, a China e a Índia para entrarem na discussão o que se pode esperar do futuro?
O que afinal impede Mr. Bush, o maior poluidor do mundo, de tomar providências que mudem o rumo dos acontecimentos?
Pela passividade dele parece que o problema não afeta também os americanos.
Se nossa casa estiver pegando fogo vamos marcar uma reunião com os vizinhos para saber o que fazer até o final de 2008?
Quando Mr. Bush resolveu invadir o Iraque não teve essa preocupação.
O pior disso tudo é que os demais componentes do G-8 acharam ótimo.
Daí voltamos à pergunta lá do começo:
Será que não há, nestes países todos, gente mais capaz que Mr. Bush, D. Merkel e companhia?
Afinal de contas o que se deseja é que os governantes conheçam o passado, percebam o presente e apontem rumos para o futuro.
O que vocês acham que podemos esperar desta turma?

Para concluir, um joguinho:

Complete a linha pontilhada com o apelido que achar adequado. Ex:

Mr. Bush……O Lento………...

D. Merkel.....................................

Mr. Blair.......................................

Sr. Morales...................................

Sr. Chávez...................................

Sr. Lula.........................................


Faça, se quiser, o mesmo exercício com os outros políticos que for lembrando.
E depois disso não esqueça que seu futuro depende deles.
E durma se for capaz.

24 maio, 2007

34 - Planejamento Familiar – Aborto



Que há gente demais no mundo não há dúvida nenhuma.
Por mais que se evite abordar diretamente a questão, o fato é que nosso planeta não tem como suportar o crescimento contínuo da população da forma que vem acontecendo.
É fato mais que sabido e divulgado por organismos internacionais como a ONU, a WWF e outros mais, que estamos consumindo os recursos naturais com uma velocidade muito maior do que a natureza consegue repo-los.
Simplificando, para facilitar o entendimento, estamos comendo nossa própria carne.
Como o tema controle de crescimento populacional bate de frente com os interesses das religiões estabelecidas, dos políticos e das grandes corporações financeiras, assuntos como aquecimento global, mudanças climáticas e coisas do gênero são atribuídas ao consumo de combustíveis fosseis, destruição de florestas, etc como se tudo isso acontecesse por alguma razão desconhecida que não a demanda crescente de energia, água e alimentos de uma população que cada vez mais é induzida ao consumo como forma de realização pessoal.
Quando algum governo, como a China, por exemplo, adota medidas como a política de “cada família um filho”, o restante do mundo critica os chineses como se estivessem cometendo um crime inominável.
Se lembrarmos que apesar desta política, implantada há várias décadas, a China tem hoje 1,3 bilhão de habitantes não é difícil imaginar o tamanho da população chinesa se tal política não tivesse sido adotada.
O problema atual não é simplesmente evitar que as populações continuem crescendo.
O que se precisa fazer é compreender que temos que encontrar meios sensatos e humanos de fazer com que a população diminua até uma dimensão compatível com que a terra pode suportar.
Não se trata de utopia.
Trata-se de sobrevivência.
Os povos mais desenvolvidos e mais cultos já encontraram este caminho, sem que fosse necessária nenhuma intervenção dos seus governos nesse sentido.
Por uma ironia cruel, os paises mais pobres continuam subjugados pelos padres que os ameaçam com os castigos de Deus se não procriarem como coelhos e estimulados pelos políticos que lhes garantem educação, amparo, alimentação e emprego para todos os filhos que consigam produzir.
Padres e políticos mentem por que seu interesse é que haja cada vez mais miseráveis para serem manipulados por eles.
Os grandes grupos econômicos são cúmplices porque vêem nesses pobres diabos apenas consumidores e mão de obra escrava para ser explorada.
Como quebrar essa cadeia?
Confesso que não sabia até ler o artigo assinado por um economista no Jornal do Brasil, alguns dias atrás.
O luminar desancava os defensores do aborto e justificava sua catilinária contra os que apóiam a prática (não estou entre eles) explicando que seria suficiente que a sociedade se organizasse para dar todo o apoio moral e material a cada criança que nasce para que tal crime fosse banido.
Como isto não foi feito nos últimos dois mil anos e ele não explicou como deveria ser feito, darei minha colaboração desinteressada para solução do problema, na forma que se segue:
1) Toda mulher que por qualquer razão julgue que não terá condições de sustentar a criança que está por nascer, não deve se desesperar. Basta aguardar que a gravidez chegue ao fim e, tão logo possa, após o nascimento da dita, deve se dirigir a igreja mais próxima e entregar a criança ao padre responsável pela mesma.
2) Se a criança for doente ou se a mãe não gostar da idéia de entregar seu filho a um padre, basta escolher os pais adotivos que farão parte de uma lista que estará disponível, em todas as maternidades, com os nomes dos políticos, jornalistas, juizes, etc, etc, que se julgam com o direito de obrigarem os outros a fazerem aquilo que lhes dá na telha.
3) Finalmente, mais não menos importante, se a criança nascer anencéfala (os gênios nem assim permitem o aborto), basta entregá-la aos pais do dito economista (o endereço estará disponível na portaria do Jornal) pois eles são experts no assunto. Afinal de contas conseguiram criar um filho sem cérebro, fazer dele um economista e ainda arranjaram um emprego para ele no Jornal do Brasil.

PS: Quem quiser saber o nome do idiota é só perguntar que eu digo. Quanto a data do artigo foi 21/05/07.

14 maio, 2007

33 – MARINA SILVA




Antes de falar a respeito da Dona Marina que vem a ser titular do Ministério do Meio Ambiente do Brasil gostaria de fazer algumas considerações sobre este meu Blog e das razões que me levaram a esta aventura.
Chamo de aventura colocar na Internet, ao alcance de todos, as preocupações que me assaltam porque, crítico que sou, sempre me pergunto se o que estou dizendo faz sentido para alguém mais.
O fato é, que depois de muito tempo remoendo essa revolta toda ao ver a forma insidiosa que estamos destruindo nosso planeta senti que era preciso, de algum modo, exorcizar os meus fantasmas e as minhas apreensões.
Com um empurrão da família, que acho que não agüentava mais me ouvir falar disso, veio a idéia do Blog e confesso que adorei a brincadeira.
O que eu não esperava é que ao fim de meio ano já estivessem registrados mais de 100 mil acessos a essas páginas.
Aos que tiveram a paciência de ler o que tenho escrito até aqui, não posso deixar de agradecer e o faço do fundo do meu coração, ainda mais porque muitos voltaram muitas vezes o que me levar a crer que compartilham minhas angústias.
A todos vocês meu muito obrigado!
Agora vamos à Dona Marina.
Tenho visto com freqüência na imprensa críticas e mais críticas à lentidão com que os processos que interessam ao governo tramitam nos órgãos de controle ambiental como o IBAMA e outros do gênero.
A idéia que procuram passar é que as grandes obras que seriam essenciais ao desenvolvimento econômico não são feitas porque Dona Marina é teimosa e intransigente e que seu ministério é excessivamente burocrático.
Quando ouço muita gente falando mal de uma pessoa começo a desconfiar que ela deve estar certa.
E, pode acreditar Dona Marina não tenho dúvidas que a senhora está certa.
Resista enquanto puder a essa pressão toda para construções de hidrelétricas e coisas do gênero, pois os interesses que estão por trás disso não são os mais saudáveis.
É no mínimo curioso o empenho do Sr. Lula nesses projetos grandiosos, quando o infeliz não consegue sequer fazer com que os aeroportos voltem a funcionar.
Apenas para tranqüilizá-la Dona Marina peço que continue lutando por seus princípios com a determinação e a coragem que o povo brasileiro deveria aprender a apreciar e respeitar mas, se derrotada, não perca o sono por isso. Até que o Sr. Lula, D. Dilma e seus sequazes consigam começar a erguer alguma barragem o seu reinado (lá deles) já deve ter acabado e a floresta ficará em paz.
Quanto ao São Francisco fique também tranqüila, pois antes da obra de transposição terminar descobrirão que não há mais água para transpor. E se tudo mais falhar e esta corja continuar no poder é só não esquecer que 2012 está chegando e aí as coisas se acertam.

04 maio, 2007

32 – Aluga-se o Inferno



Nosso amado Papa, ou seus auxiliares mais próximos, não sei quem teve a idéia, não cansa de me surpreender.
Primeiro foi a história do santo de um milagre só. Agora é o esvaziamento do inferno, não sei se para obras ou por outra razão qualquer.
O fato é que um dia desses vi em um noticiário de TV, um padre daqueles bem arrumadinhos que fazem parte da alta corte do Vaticano, explicando que, dentro de pouco tempo, seria possível sair do inferno para o céu.
Fiquei imediatamente interessado pois uma coisa tão fantástica seguramente teria um impacto extraordinário no nosso planeta e talvez resolvesse os problemas que nos afligem ou, pelo menos, uma parte deles.
Como o noticiário já estava iniciado quando liguei a TV não consegui saber dos detalhes da história mas, pelo que entendi, estariam sendo criados procedimentos que permitissem a transferência das almas de um lugar para o outro.
Que a condenação por toda eternidade parece uma coisa um tanto exagerada não há qualquer dúvida.
Se a Santa Sé não aprova a pena de morte, que afinal é definitiva, não deveria aprovar qualquer condenação pela eternidade afora.
Ao que parece vão tentar corrigir o erro.
O que não consigo imaginar é a convivência, por exemplo, de São Francisco de Assis com Hitler, Joana D’Arc com Átila, e assim por diante.
Que o céu vai ficar muito mais interessante não há dúvida.
Mas será que não vai ficar muito apertado?
Por outro lado, que fazer do inferno que talvez acabe ficando totalmente vazio?
Esta questão certamente ocupará os cérebros privilegiados da Santa Sé pelos próximos dez anos mas acabará sendo resolvido, talvez pelo próximo Papa.
Como todos nós sabemos, a Biblioteca do Vaticano é um dos maiores senão o maior acervo de todo conhecimento da humanidade nos últimos dois mil anos.
Todos sabemos também que muitas das mais brilhantes inteligências do planeta estão na ordem Jesuíta ou nos altos escalões da Igreja.
A pergunta que não pode calar é ONDE ESTÃO ESSAS PESSOAS?
Afinal de contas alguém tem que ser capaz de explicar ao Sumo Pontífice que não estamos mais na Idade Média e que problemas muito mais importantes que a existência ou não de um tal de limbo (espaço para guardar alma de criancinha sem batismo) precisam ser atacados e resolvidos e que o tempo disponível é muito curto.

A C O R D A B E N T O!!!

PS: Acabo de descobrir a razão do fim do inferno proposto pelo Papa.
Segundo informação segura obtida por agentes da CIA, Sua Santidade estava cochilando durante uma reunião do Sacrocolégio quando alguém falou sobre o aquecimento global.
Sem entender direito o que se passava e sentindo que todos aguardavam calados a sua orientação para resolver tão grave problema Sua Santidade falou:

- “Se é para diminuir o calor vamos desligar o INFERNO!!!”.

Vamos aguardar.
Quem sabe dá certo???

16 abril, 2007

31 – Bombas Atômicas x Meio Ambiente



O segundo relatório mundial do clima, divulgado pela ONU no início do mês de abril, consolida e amplia informações constantes no primeiro, publicado em fevereiro.
Apenas para facilitar a compreensão vale recordar o elenco de conseqüências do aquecimento global que finalmente não é mais negado pelos donos do mundo, embora alguns mais renitentes ainda percam tempo discutindo quais são os responsáveis pelo fenômeno.
Ainda há cientistas, segundo um cidadão cujo nome não vou citar, que discutem as probabilidades do fenômeno ter sido causado pelo homem. Alguns acham que há 90% de possibilidades que sim, outros discordam.
Diante do quadro que temos pela frente é desanimador ver quem deveria estar totalmente empenhado em ajudar a resolver os problemas perder tempo discutindo qual é ou quem são os culpados.
As conseqüências mais relevantes do desequilíbrio que tão diligentemente construímos são as seguintes:
a) Aumento de secas
b) Perda de safras agrícolas
c) Doenças
d) Tempestades
e) Inundações
f) Elevação do nível do mar

Deve haver outras tantas mas estas já são mais do que suficientes para tirar o sono de qualquer pessoa com um mínimo de consciência.
Segundo o mesmo relatório, as populações que mais sofrerão são as da América do Sul, África e Ásia.
As que menos sofrerão são as dos Estados Unidos, Canadá, Europa e Austrália.
E a conclusão brilhante a que chegaram os gênios que elaboraram o dito documento é que:
“Os países culpados pelas mudanças climáticas são os que menos sofrerão com elas, além de terem dinheiro para implementar medidas para atenuar seus efeitos”.
Chegamos todos até aqui?
Então vamos especular um pouco sobre essa história toda.
Imaginemos que você é o presidente, um ditador, ou lá o que seja, do país A que é absolutamente dependente da água resultante do degelo das neves eternas da cordilheira Y.
Ao perceber que as geleiras que abastecem os rios essenciais à sobrevivência de sua população estão desaparecendo qual será sua atitude?
Será que você vai pedir ao seu povo que fique sentadinho esperando que a morte chegue por fome e sede para não incomodar os seus vizinhos ricos?
O resumo do que quero dizer é que todos os habitantes do mundo sem exceção, vão pagar caro pelo que fizeram até aqui, e continuam fazendo, ao nosso planeta.
Não será mais possível tentar manter uns tantos africanos vivos mandando as sobras de alimentos dos países ricos cada vez que estoques da União Européia ficam super lotados.
Não é possível mandar gelo dos Alpes para o Himalaia e matar a sede da Índia.
As populações migram em busca de melhores condições de vida.
As populações invadem em busca de sobrevivência.
Até o momento elas estão migrando.
Procure saber o número de asiáticos, africanos, sul-americanos, etc. que hoje vivem na América do Norte e na Europa.
Até agora tivemos migrantes.
Em pouco tempo teremos invasores.
Que país no mundo será capaz de resistir a um bilhão de indianos com fome e sede?
Convém lembrar que eles têm bomba atômica.
Que país do mundo será capaz de resistir a um bilhão e trezentos milhões de chineses zangados?
Convém lembrar que eles também têm a bomba atômica.
Será que a Europa será capaz de impedir que milhões e milhões de africanos famintos desembarquem em seus portos?
Para encerrar com essa tristeza toda só mais uma alerta, a China tem reservas em dólares suficientes para arruinar a economia americana em um piscar de olhos se resolver derrubar o valor da moeda no mercado internacional.
Então teremos mais trezentos milhões de pobres como companhia.
Será que se alguém disser isso ao Bush ele acorda?


31 março, 2007

30 – O Papa dos milagres e o Rabino das gravatas



Que o mundo ficou louco não há dúvida nenhuma.
O que ainda surpreende são as formas que essa loucura geral escolhe para se manifestar. Não há como negar que a humanidade está vivendo um dos momentos mais críticos da sua longa história.
No passado a insanidade de um ou outro governante levou ao desastre e ao extermínio sua tribo, seu povo ou sua nação. Impérios desmoronaram, culturas desapareceram praticamente sem deixar vestígios.
Seus líderes jamais foram capazes de exercer o poder, que de uma forma ou outra lhes foi conferido, para conduzir seus povos à prosperidade e a paz.
Eram, porém fenômenos localizados e pontuais. A capacidade de destruição de que dispunham na época não era suficiente para ameaçar a raça humana em sua totalidade.
Os exércitos se matavam ao sabor dos humores de seus reis ou generais. Mas, finda a guerra, o que sobrava (a população civil) retornava à vida normal até que um novo idiota começasse tudo de novo.
A segunda grande guerra mundial deveria ter servido como alerta de que as coisas haviam mudado radicalmente. As populações civis passaram a ser exterminadas, ao mesmo tempo que os exércitos em luta.
A exemplo de Hiroshima, milhões de pessoas foram mortas a milhares de quilômetros das frentes de combate.
A preocupação do mundo passou a ser evitar uma terceira guerra mundial. Criaram a Organização das Nações Unidas e outras coisas do gênero para tentar impedir que os seres humanos continuassem a matar uns aos outros.
A bem da verdade tiveram sucesso (relativo, é claro). A guerra mundial não aconteceu e tudo continuou como sempre foi. Uma guerra aqui, outra ali, que ninguém é de ferro.
Uma guerrinha na Coréia, uma guerrinha no Vietnã, outras no Oriente Médio, umas tantas na África, e por aí a coisa vai indo sem maiores tropeços.
O que até agora as pessoas não conseguiram perceber é que a verdadeira guerra que vai aniquilar a raça humana, já está em curso há muito tempo.
Não é de um exército contra o outro como no passado. É de cada homem ou mulher contra si próprio.
Uma das ações essenciais para o sucesso dos combates é destruir os suprimentos do inimigo. Cortar seu abastecimento, combustível, água, comida, etc.
Será que não entendemos que estamos fazendo exatamente isto conosco?
Quando consumimos muito mais do que a terra pode nos dar, estamos na verdade, cometendo um suicídio global. Estamos lenta (?) porém inexoravelmente nos matando de fome, sede e miséria.
O problema não é o Iraque nem o Bush.
O problema não é o Irã nem aquele seu presidente maluquinho.
O problema somos todos nós.
A esta altura dos acontecimentos alguém deve estar perguntando o que o Papa milagroso e o Rabino das gravatas têm a ver com isso. Nada e tudo ao mesmo tempo.
Com o mundo de cabeça para baixo, o nosso glorioso Papa Bento arranjou tempo para descobrir que o antecessor conseguiu realizar o impressionante milagre de curar uma freirinha que estava, sei lá com que doença.
Por este feito extraordinário o recém falecido Papa Polaco vai virar santo.
Nada contra, talvez o Papa alemão pretenda virar santo quando morrer e está abrindo caminho. O problema é que precisamos com urgência de um santo que faça MILAGRES (dos grandões) como nos velhos tempos, e que seja capaz de enfiar um tanto de juízo na cabeça de cada ser humano, de modo a ser possível escaparmos do abismo que está à nossa frente (bem pertinho, 2012 está chegando).
Curar só aquela freirinha é bom, mas muito pouco. É só um milagrinho. Precisamos de coisas grandes, retumbantes mesmo. Do contrário, caro Papa o máximo que seu santo Polaco vai conseguir é curar aquele Rabino doidinho para que ele não roube mais gravatas.
Também é bom (para o dono das gravatas, é claro), mas não resolve, nem de longe o nosso real problema.

19 março, 2007

29 – Um elefante incomoda muita gente, um ser humano incomoda muito mais.



Meu pai, que era um sujeito sábio, costumava dizer:
“Aprender com os próprios erros não é vantagem nenhuma. O que demonstra inteligência é aprender com a experiência dos outros”.
Pouco tempo atrás os jornais veicularam algumas matérias sobre a superpopulação de elefantes na África do Sul.
Como superpopulação parece ser um tema que não preocupa ninguém nesse planeta Terra, fiquei curioso e descobri que o Ministro de Meio Ambiente lá deles, não só se preocupa como propõe soluções para o problema (o dos elefantes, é claro).
Resumindo a história temos o seguinte:
1 – A África do Sul tem um número razoável de parques nacionais e reservas naturais de preservação de flora e fauna.
2 – Essas reservas e parques atraem turistas do mundo inteiro o que dá a elas importância econômica apreciável.
3 – Como os elefantes estão no topo da cadeia alimentar e não tem predadores a ameaçá-los a população não para de crescer.
4 – Não é difícil perceber que, sendo o espaço e os recursos naturais limitados, o crescimento da espécie dominante se dará a custa das outras espécies (de flora e fauna) e o desequilíbrio daí resultante acabará afetando todo o sistema até que o equilíbrio seja restabelecido.
Resumindo, se nada for feito, os elefantes inicialmente vão causar um estrago difícil de avaliar e depois irão morrendo de fome até a natureza arrumar as coisas de novo.
A partir daí, o tal ministro, propõe as medidas que julga pertinentes e pede a colaboração de todas as entidades interessadas em vida selvagem no sentido de resolver o problema sem a necessidade de recorrer a medidas extremas como extermínio em massa do excesso de população.
Confesso a vocês que não estou nem um pouco interessado nos elefantes da África do Sul mas, se olharmos com atenção, é o que está acontecendo com todos nós neste exato momento.
Estamos reproduzindo de maneira absolutamente desordenada e ocupando de modo destrutivo e acelerado todo o espaço que nos envolve e que, como sabemos,

É FINITO!

Aqui ficam duas sugestões:

1° Convoquem o ministro, um tal de MARTHINUS VAN SCHALKWAYK, para colocar nos eixos a população humana, que está destruindo o planeta muito mais rápido que milhares de manadas de elefantes.

2° Dêem uma pesquisada na WEB sobre o assunto acima e encontrarão coisas bem interessantes.
E não esqueçam que é melhor aprender com os erros e acertos dos outros do que com os nossos.
Talvez pensando no extermínio dos elefantes nos lembremos do nosso próprio extermínio.
O Bush e seus capangas estão aí para não nos deixar esquecer.

06 março, 2007

28 – O buraco do Al Gore



Algumas semanas atrás os meios de comunicação deram grande destaque à iniciativa de um milionário americano que ofereceu um prêmio de vinte e cinco milhões de dólares a quem inventasse um meio econômico de retirar da atmosfera pelo menos um bilhão de toneladas de CO2 por ano.
Reproduzindo literalmente a notícia publicada no jornal O GLOBO: “Retirar o CO2 da atmosfera e armazená-lo é uma área chave das pesquisas. As idéias mais avançadas hoje consistem em enterrar a grandes profundidades o CO2 capturado ou transformá-lo quimicamente em sólidos ou líquidos que sejam estáveis. O maior problema desses métodos é o risco de vazamento”.
A matéria cita os nomes dos cientistas e ambientalistas que constituirão o júri e é ilustrada por uma foto do criador do prêmio ao lado do nosso amigo GORE.
As considerações que faço em seguida estão baseadas no texto do jornal, que acredito correto, uma vez que não foram contestadas.
Só para ter idéia do tamanho do problema, da forma que foi apresentado, vamos imaginar que algum gênio (de preferência americano, é claro) inventasse um equipamento que conseguisse aspirar o ar poluído retendo o CO2 e devolver o ar limpo ao meio ambiente. Algo mais ou menos parecido com um aspirador de pó como o que você tem em casa. Aí é só pegar aquele saquinho que fica dentro do aspirador, que em vez de pó conterá o CO2 e enterrar bem fundo.
Acontece que o saquinho em questão acumulará em um ano um bilhão de toneladas de CO2.
Como será necessário enterrar num buraco bem fundo (é o que diz a notícia) vamos imaginar o tamanho do buraco necessário para guardar o tal pozinho.
Admitindo que o gênio americano que inventou o processo (e ganhou os vinte e cinco milhões) tenha conseguido compactar tanto pozinho que a densidade do mesmo tenha chegado a dois (a da água é um e a do concreto é 1,4) seria necessário um espaço de quinhentos milhões de metros cúbicos.
Como é necessário um buraco bem fundo (é a notícia que diz) vamos cavar um de dez metros de profundidade e torcer para que seja suficiente.
Resumindo tudo a nossa tarefa será a seguinte:
1 – Fazer um buraco com dez metros de profundidade e uma área de quinhentos milhões de metros quadrados.
2 – Colocar lá dentro quinhentos milhões de metros cúbicos do tal pozinho. 3 – Tapar com a terra que a gente tirou lá de dentro.
4 – Sumir com a terra que sobrou (cerca de quinhentos milhões de m³). Lembre-se que estou simplificando tudo.
Só para pegar esta sobrinha de terra e jogar no quintal da casa do GORE, ou do tal milionário seriam necessárias cinqüenta milhões de viagens de caminhão.
Se você gosta de fazer contas vai ter distração à vontade.
Imagine qual seria o tamanho necessário do quintal do GORE. Calcule a altura do monte de terra. Qual seria o local escolhido para o buracão?
Peça ao seu filho de dez anos de idade para ajudar na brincadeira e não se surpreenda se ele perguntar: Pai, esses caras são loucos?
E você vai ter que dizer a verdade: - Eles são loucos, meu filho, e mais que isso; são irresponsáveis, hipócritas, mentirosos, gananciosos e tudo de ruim que você possa imaginar. E nossa vida está na mão desse tipo de gente e não há sinais de mudança.
O documentário do GORE ganhou um OSCAR.
Já há indicações claras que o calhorda está querendo ser presidente dos Estados Unidos e a mídia faz pressão para que ele seja indicado para o prêmio Nobel. Por mais que se tente acreditar que as coisas vão mudar para melhor o tamanho do desânimo que sinto é maior que o buracão que teremos que cavar.
Tomara que 2012 chegue de uma vez e acabe com esta agonia.
Em tempo:
Olhem a foto dos palermas:
O milionário com cara de louco brincando com o mundo (ele deve achar que é Deus) O GORE, por sua vez, deve ter tomado uns drinques ou exagerado no botox..
Que cara estranha!!!!!!!

14 fevereiro, 2007

27 – O Papa e o meio ambiente



As alterações de clima, cada dia mais dramáticas, que vem provocando destruição e morte em todas as regiões do nosso planeta, finalmente parecem ter despertado atenção dos insignes dignitários que, ao menos em teoria deveriam, por força de seus mandatos, se ocupar do bem estar e do futuro daqueles que os escolheram para o governo de seus países.
No fórum econômico de Davos se tratou, ainda que de modo superficial, do assunto.
Aparentemente os gênios que nos governam começaram a perceber que, se continuarmos no caminho que escolheram para nós, dentro de muito pouco tempo estaremos num beco sem saída.
Outros tantos gênios (quinhentos “cientistas”, segundo li em algum lugar) estão reunidos para discutir o aquecimento global que parece ser o tema do momento.
As primeiras notícias do encontro dão conta, segundo eles, que em 2080 vai faltar água potável em quase todo o mundo.
Não sei que tipo de raciocínio ou metodologia eles usam para chegar a essa conclusão, mas uma coisa é clara, qualquer que seja está errada.
Está errada porque nossa lógica, não é levada em consideração pela natureza.
Já agredimos o planeta muito além de qualquer limite razoável e empurrar para uma data distante o momento do colapso total é, no mínimo, irresponsável e criminoso.
Quando sabemos que agora, na Austrália, devido à seca que já dura cinco anos e aos incêndios florestais já se está pensando em reciclar esgotos para ter água para consumo humano é fácil perceber que não nos resta outra alternativa senão decidir que providências tomar e agir rápido.
Ou será que só a Austrália será a “premiada” por esta crise?
Supondo que a data escolhida, 2080, seja correta, não é lícito supor que muito antes disso a situação já seria calamitosa em vários lugares do mundo?
Medidas drásticas têm que ser tomadas já para que haja alguma, ainda que remota, possibilidade de diminuir a velocidade com que nos dirigimos ao caos.
Não se trata de gastar um pouco menos de petróleo ou encontrar uma ou outra fonte de energia não poluente.
Não se trata de derrubar um pouco mais ou menos de florestas.
Não se trata de consumir um pouco mais ou menos de água.
Trata-se de saber que tipo de vida queremos viver.
Se o caminho que estamos trilhando nos levará certamente ao colapso em muito pouco tempo, que outro caminho seguir?
Mas, para que se possa escolher uma rota é essencial saber onde se quer chegar.
Os governantes, políticos, formadores de opinião e etc. falam o tempo todo em crescimento econômico, desenvolvimento sustentável, combustíveis não poluentes e outros chavões do gênero sem se deterem um momento sequer para ouvir o que estão dizendo.
Crescimento econômico para que e para quem?
A nação mais rica do mundo está longe de ser um lugar em que as pessoas vivam felizes e saudáveis.
Esse é o modelo que se quer seguir e se vem seguindo em quase todo o mundo e não há dúvida que não deu e não vai dar certo.
Seria muita pretensão tentar indicar esta ou aquela solução, mas é preciso ser cego para não perceber que o materialismo extremado que se expande por todo o mundo não está criando pessoas felizes. Obesas, ricas, violentas e neuróticas com certeza. Felizes não.
Seguramente dinheiro não traz felicidade. No máximo dá à sua infelicidade um tanto de conforto e é só.
Escolha um dia qualquer e veja os seriados e programas jornalísticos de qualquer tv a cabo (a maior parte do material é americana).
Se não conseguir contar pelo menos vinte mortes violentas é porque você não estava prestando atenção.
Além disso, as pessoas retratadas são absurdamente competitivas, inescrupulosas, mentalmente desequilibradas e sempre violentas.
Alguém há de pensar, isto é apenas ficção. Mas de onde sai esta ficção?
Quem tem prazer em ver esse lixo se não identifica nele pelo menos uma parte da realidade?
Na verdade, se nosso planeta está doente é porque nós estamos doentes.
Fomos nós, em nossa falta de juízo que levamos as coisas ao ponto em que estão.
E só nós poderemos tentar mudar este quadro.
E é aí que entra o nosso glorioso pontífice.
Curiosamente, ante o alarido que a imprensa fez sobre o assunto (a reunião dos quinhentos cientistas) vários presidentes e chefes de estado se manifestaram, mas ao que eu saiba, nenhum líder religioso disse nada.
Dei-me conta, então, que nunca tinha lido nenhuma declaração de nenhum Papa a respeito de meio ambiente.
Fiz uma busca em sites da web que me pareceram promissores (Vaticano, Santa Sé, CNBB, etc., etc.) e nada. Nada mesmo.
Sei que Sua Santidade tem inúmeros assuntos importantíssimos a lhe tomar o tempo.
Na pesquisa que fiz descobri que ele está avaliando os milagres necessários para canonizar o beato tal ou o Papa qual e também está preocupado com a violência no futebol italiano.
Ouso sugerir ao Senhor Bento que aproveite a ligação direta que tem com Deus (aprendi nas aulas de catecismo) e peça a ele para dar uma força.
Afinal de contas, segundo cálculos conservadores, há mais de um bilhão de católicos no mundo e, se o senhor disser para esse povo todo mudar o comportamento que tem tido até o momento, é possível que nos reste alguma chance.
Converse com Deus, peça perdão a ele por não ter olhado antes para isso, peça orientação e ajuda.
Se for preciso, se ajoelhe, chore, faça promessas porque o caso é grave.
Se Deus não resolver fazer um milagre daqueles bem grandes, meu caro Bento, nós estamos muito mal arranjados.
Pense bem, pois depois de todo o esforço que você fez para ser Papa perder esse emprego duma hora para outra vai ser triste.
Não acredite quando os cientistas (os tais quinhentos) dizem que a gente chega a 2080.
É mentira deles.
Dois mil e doze está chegando meu caro Bento.
É bom andar rápido.

06 fevereiro, 2007

26 – Dois Bispos na gaiola



Semana passada, não sei se por falta de assunto ou por um acesso incontido de zelo com as finanças do país, a imprensa noticiou com grande destaque a prisão, nos Estados Unidos, de um casal de “religiosos” cujo crime foi sair do Brasil levando a imensa quantia de cinqüenta e poucos mil dólares.
Como o dinheiro não havia sido declarado à Receita Federal os dedicados agentes da lei concluíram que se tratava de um terrível crime contra a ordem financeira mundial.
Quem sabe era dinheiro do narcotráfico ou para financiar o terrorismo?
Por alguma razão misteriosa, ao invés de deterem o casal aqui mesmo, deixaram que viajasse e pediram aos nossos irmãos do norte que efetuassem a prisão.
Naturalmente avisaram a mídia para que todos nós pudéssemos tomar conhecimento da eficiência das nossas forças policiais.
Tão logo pisou o solo americano, a perigosa dupla de meliantes foi detida pela polícia americana depois de ser cuidadosamente inspecionada pelo esquadrão antiterror local, pois tinha havido uma denúncia que o bispo levava uma bomba dentro do saxofone.
Tudo isso foi devidamente acompanhado, fotografado e divulgado pela imprensa com a imparcialidade que todos nós sabemos ser o apanágio dos jornalistas.
A história da bomba é, evidentemente, uma brincadeira, pois é impossível alguém levar a sério esta história toda. O casal em questão é dono de uma das muitas denominações religiosas com as quais estamos acostumados a conviver e não é muito diferente, para não dizer nada diferente, de todas as outras.
Faz as mesmas promessas, arrecada dinheiro da mesma forma e não sei de ninguém, entre seus seguidores, que tenha reclamado disto.
A casa em que os bispos moram em Miami e um haras pertencente aos ditos seriam as provas evidentes da desonestidade deles no uso do dinheiro das doações.
Como não tenho a menor simpatia por qualquer religião me sinto à vontade para lembrar que o modo de gastar o dinheiro que elas arrecadam nunca foi lá muito ortodoxo.
Os chefes de todas elas gostam do luxo e do conforto e, em comparação com os palácios do Vaticano, a casa dos pobres Bispos é uma choupana.
A origem do dinheiro, porém é sempre a mesma, a contribuição dos fiéis. (como sou uma pessoa de boa fé não acredito que haja outras fontes).
O destaque que o assunto teve me fez lembrar que, pouco tempo atrás, uma vultosa quantia, também não declarada, foi apreendida num táxi aéreo e prontamente liberada pelas nossas autoridades.
É verdade que acompanhando a bolada estava um dos numerosos parlamentares pertencentes à bancada da dita religião no congresso (o bispo era outro) nacional.
Para onde ia aquele dinheiro todo (era muito) nunca foi esclarecido e nem ninguém, muito menos a mídia, se importou em descobrir.
A impressão que me fica é que o pecado do casal de bispos foi levar consigo muito pouco dinheiro e no lugar errado.
Para que não tenham problemas no futuro sigam esta receita infalível:

a) Se a quantidade de dinheiro for muito grande fretem um avião (se a igreja tiver o seu próprio é melhor) e coloquem dentro dele o dinheiro e um ou mais parlamentares, de preferência do partido do governo. É prudente levar também alguns seguranças de confiança para evitar surpresas desagradáveis (políticos e dinheiro no mesmo lugar costumam sumir juntos).
b) Se a quantia for pequena (até duzentos mil dólares) pode ser levada na cueca, meu caro Bispo, pois mesmo que alguém descubra não haverá qualquer problema. Afinal, para este método, já há jurisprudência formada.

Em tempo:

O saxofone também pode ser uma opção.

30 janeiro, 2007

25 – Tudo pode piorar



Lei de Murphy:

“Não há nenhuma situação que não possa ser piorada”.

A lei acima veio à minha lembrança quando vi uma fotografia da posse do presidente do Equador alguns dias atrás. Lado a lado com ele estavam seus companheiros do Brasil, da Nicarágua, da Bolívia e da Venezuela.
O presidente do Irã também estava na festa, não sei bem o que ele foi fazer lá, mas não me lembro de tê-lo visto na foto que me chamou atenção.
O assunto de hoje é o quinteto sinistro de “socialistas” latinos que participou do evento e cuja imagem será eternizada nos documentos que farão parte da história deste nosso pobre continente americano.
O primeiro ponto a considerar é que cada um deles chegou ao poder amparado por expressiva maioria de votos de seus compatriotas.
O segundo ponto é que o discurso de cada um deles é muitíssimo parecido ao dos outros e não traz nenhuma idéia nova que possa acender a esperança de um futuro melhor para os pobres diabos que tão entusiasticamente lhes dão apoio.
São os mesmo chavões que vem sendo repetidos há mais de cinqüenta anos e que não servem a outro propósito que não seja levá-los ao poder.
O que era antes conseguido através de revoluções agora é atingido através do voto o que lhes dá respaldo aos olhos do mundo criando uma falsa ilusão de democracia.
Como esses votos são conseguidos a custa de que manobras de manipulação de opinião através de uma mídia cada vez mais inepta e corrupta e de promessas totalmente vazias de significado é um assunto que não me cabe comentar.
O que me incomoda no quinteto sinistro é a absoluta cara de pau.
Para começar se dizem democratas, mas seu mentor político, seu ídolo, é o velho Fidel que felizmente já está com um pé na cova.
Na verdade, a única coisa que gostariam de aprender do ancião é sua capacidade de se agarrar ao poder e se manter nele até o último suspiro.
Nem mesmo o intelectual brasileiro mais alienado (e temos muitos) é capaz de negar que Cuba está longe de ser um paraíso e não há notícia de nenhum que tenha se mudado para lá.
Os primeiros passos para seguir o caminho de seu herói eles já estão dando. Tão logo eleitos tratam de convocar assembléias constituintes para lhes dar mais e mais poder e abrir caminhos para se reelegerem indefinidamente.
Outro ponto em comum com seu líder é o gosto por discursos intermináveis.
Felizmente sempre nos resta a possibilidade de trocar de canal e acabar com a agonia, coisa que os cubanos não podem fazer e que os venezuelanos também estão a pique de perder.
No mais é ter paciência. Enquanto eles se ocupam de tentar unir toda a América Latina para enfrentar e destruir o imperialismo americano a gente vai tocando a vida do jeito que pode.
Pode-se até fazer apostas com os amigos para saber qual deles será o rei do continente.
Duas coisas podem e devem ser lembradas:
Se de uma reunião de sábios nunca saiu sabedoria imaginem o que resultará da reunião desses luminares.
A outra coisa, mas óbvia ainda, é que juntar um monte de pobres não vai gerar riqueza nem que Deus ajude.
Não vai gerar riqueza para o povo, é claro.
Para eles a história é outra, muito outra.

17 janeiro, 2007

24 – Viva a França



Há certas coisas que não há como negar e, ao mesmo tempo, são difíceis de entender.
Uma delas é a aparência física dos políticos.
Não sou capaz de imaginar de onde sai tanta gente feia.
Se alguém tiver alguma dúvida a respeito é só olhar com mais atenção os noticiários da televisão e as fotografias disponíveis nos jornais e na internet.
Os camaradas são muito estranhos, não só pelas formas do corpo e do rosto como pelo modo que se movimentam, e suas expressões faciais.
Não importa o tipo de roupa que estejam usando, parecem sempre desconfortáveis dentro delas.
Quando em trajes formais, as papadas gordurosas que normalmente tem no pescoço engolem o colarinho das camisas e um pedaço da gravata dando a sensação de sufocação iminente.
Quando se vestem informalmente para se misturar com o povo (eles cercados de uma parede de seguranças, é claro) a coisa fica pior ainda.
Não sei onde eles acham aquelas roupas, mas com certeza, não as provam antes de sair com elas.
Estão sempre folgadas ou apertadas demais e os botões ou fora do lugar ou faltando.
Com roupas esportivas o desastre é total.
Não há Adidas ou Nike que disfarce aquelas barrigas e pneus pornográficos.
Que importância tem isto?
Na verdade eu diria que muito pouca ou nenhuma se não fôssemos bombardeados dia e noite com as figuras dos ditos nos meios de comunicação.
E mais ainda, eles falam. E falando são ainda mais feios.
Se, apesar disso tudo, eles fizessem o que prometem ou o que, pela força dos cargos que ocupam ou lutam por ocupar, deveriam fazer seria até tolerável.
Mas isso não acontece.
Eles conseguem reunir o inútil ao desagradável: não servem para nada e menos ainda para se ver.
Como não se descobriu forma de se livrar dessa corja sem ser chamado dos piores nomes aqui vai minha modesta colaboração no sentido de atenuar ou, quem sabe, até resolver o problema.
A primeira alternativa é que, para exercer ou postular algum cargo político, o (a) aspirante tem que ser bonito (a).
Como os partidos vão fazer a escolha dos candidatos a candidato é coisa a ser resolvida por eles, mas é bom que fique claro, o partido que perder três eleições seguidas será extinto.
O lema da república (tire-se o Ordem e Progresso) será: Beleza é fundamental (obrigado Vinícius).
Se esta alternativa não for aceita temos o plano B que é a proibição total e absoluta da aparição dos ditos em qualquer meio de comunicação de massa ou em locais públicos sob qualquer pretexto.
Para provar que não estamos sugerindo nenhum absurdo basta que vocês tomem conhecimento do que os franceses já estão fazendo a respeito.
Sem alarde, pouco a pouco, eles estão mostrando ao mundo esse novo conceito através da escolha dos candidatos à presidência da França.
Os socialistas se apressaram e escolheram uma senhora para representá-los na eleição que não será facilmente derrotada.
Pelo pioneirismo e pelo bom gosto que demonstraram na escolha tenho que aplaudir o partido deles (nunca pensei que faria isso).
Não tenho a menor idéia a respeito do que a escolhida pensa ou pretende fazer se eleita, mas a verdade tem que ser dita. Ela tem um rosto muito bonito e um sorriso de dar inveja.
Por isto tudo, conclamo todos os franceses a adotarem a modernidade e votarem na tal senhora.
Tudo pela vitória!!!
Se, entretanto, as forças do obscurantismo retrógrado (gostaram?) forem vencedoras não desanimem.
Vão para ruas, façam protestos, culpem os americanos, queimem carros (os franceses são bons nisso) e, se nada funcionar, digam que houve fraude na apuração e peçam a intervenção da ONU, da OTAN, do Fidel, do Evo Morales, do Hugo Chaves, enfim, qualquer meio é válido quando a causa é justa.
Essa primeira batalha é importante e tem que ser vencida.
Quem sabe, uma vez eleita presidente, ela escolha a Catherine Deneuve para primeiro ministro, e assim por diante?
Será o início de uma nova era.
Se até 2012 essa nossa pobre raça humana vai virar passado, pelo menos que nos seja concedido passar os últimos dias em boa companhia (se não for boa, pelo menos bela), quem sabe o Criador, vendo lá de cima que pessoas bonitas estão chegando ao poder, resolva nos dar uma prorrogação?

08 janeiro, 2007

23 – Saddam – Herói ou Vilão



Dois mil e seis finalmente se foi e não deixou boas lembranças.
Ao apagar das luzes dois fatos chamaram minha atenção e gostaria de especular um pouco sobre eles.
O enforcamento do ex-ditador do Iraque e os comentários feitos a respeito, por chefes de estado e outras sumidades me deixaram perplexo, se é que alguém tem o direito de ficar perturbado diante de alguma coisa que acontece neste mundo louco.
Apenas para refrescar a memória:

1) Bush Boy, Kid Blair e outros patetas decidiram que o Califa Saddam tinha estocado armas de destruição em massa capazes de destruir o mundo.
2) Para salvar a humanidade mandaram suas tropas resolverem o problema e destruírem esse enorme arsenal que nos ameaçava a todos.
3) Três anos e muitos milhares de mortes depois descobriram que não havia arsenal nenhum. Que tinham cometido um erro.
4) Nesta jornada heróica conseguiram prender o perigoso Califa escondido num buraco e o apresentaram à mídia mundial como um troféu de guerra.
5) Para demonstrar o seu respeito às leis ou lá o que seja encenaram um julgamento para o Califa e o acusaram e o condenaram por matar 140 inocentes alguns anos atrás.
Estamos na mesma página?
Então vamos adiante.
Na cruzada para salvar o mundo de armas que não existiam e os iraquianos da ditadura do Califa, que aparentemente não os incomodava muito, Bush Boy, Kid Blair e seus sequazes mataram milhares de iraquianos totalmente inocentes.
Foram também responsáveis pela morte de três mil americanos, trezentos ingleses e mais alguns de nacionalidades diversas.
Na semana passada penduraram o Califa pelo pescoço.
Perdoem-me os mais sensíveis, mas não perdi o sono por causa disso.
O que me deixa um tanto ansioso é aguardar o julgamento dos outros criminosos.
Será que Bush Boy e Kid Blair vão enfrentar a forca com a serenidade do Califa?
O outro evento foi a onda de ataques de criminosos contra civis e policiais no estado do Rio de Janeiro.
A exemplo do acontecido em São Paulo alguns meses atrás, bandos fortemente armados atacaram com tiros, granadas e bombas incendiárias instalações da polícia, ônibus e pessoas.
As autoridades, como sempre, se mostraram surpresas e revoltadas com a selvageria e prometeram as providências de sempre; mais cadeias, etc. e etc.
A parte mais curiosa da história é que todos os que se manifestaram sobre os assuntos acima, o enforcamento do Califa e os ataques dos criminosos deixaram bem claro que são contra a pena de morte.
Autoridades, jornalistas, intelectuais, padres, pastores, políticos, advogados, enfim todos os que deram opiniões a respeito insistiram neste ponto, pena de morte é inaceitável em qualquer circunstância.
É evidente que não serei capaz de contraditar tantas excelências e nem quero fazer tamanha heresia, mas gostaria que respondessem a algumas perguntas.
A Primeira delas: O quê, ou quem é criminoso?
Para continuar apenas falando do Califa anos atrás ele iniciou uma guerra contra o Irã onde morreram milhares de pessoas (combatentes e civis).
A guerra acabou e ninguém se lembrou de chamar sua excelência de criminoso ou de julgá-lo em algum tribunal internacional.
Todas as nações do mundo continuaram a comprar o petróleo dele e tratá-lo com toda a deferência que se dá aos chefes de estado, ou seja, até então ele não era criminoso.
Tempos depois ele mandou matar cento e quarenta xiitas e por causa disso foi condenado à morte e executado com a aprovação de pessoas que se dizem contra a pena de morte.
Segunda pergunta:
O imperador do Japão, na segunda guerra mundial, mandou ou alguém mandou em seu nome, atacar Pearl Harbour sem declaração de guerra e em conseqüência morreram centenas de militares americanos. Alguém se lembrou de julgá-lo quando a guerra acabou?
E Stalin? E Tito? E Mao Tse Tung? E o Fidel com seu Paredon?
Terceira e última pergunta:
Nos ataques realizados no Rio e em São Paulo as autoridades competentes (competentes?) chegaram à conclusão que os mandantes estão nos presídios dos estados. São criminosos já condenados e, sustentados pelos cidadãos que pagam impostos, encontram meios de comandar de dentro das cadeias atos dessa natureza.
Que fazer?
O glorioso presidente do Brasil, indignado, classificou os meliantes como terroristas e pediu o endurecimento da legislação sem dizer exatamente o que isso representa ou o que ele realmente quer.
Uma coisa porém é certa, no partido ao qual ele pertence há inúmeros indivíduos que participaram de atos terroristas e hoje fazem parte do governo como parlamentares e ministros.
Vocês estão achando este texto confuso?
Eu também estou.
Ou o mundo ficou louco ou o louco sou eu. Se alguém puder responda, por favor.
Quem é mocinho? Quem é bandido?
Enfim, não há o que fazer se não virar a última página de 2006 e enterrar essas lembranças.