10 dezembro, 2006

20 – Viajando para a lua


Quando muito jovem chegou às minhas mãos, por empréstimo, um livro chamado “Uma breve Introdução a História da Estupidez Humana”. Tinha mais de mil páginas e, como o nome indica, relatava casos e mais casos de decisões erradas tomadas por governantes, chefes militares, ministros, grandes empresários, políticos e outras preciosidades do gênero que resultaram em mortes e prejuízos incalculáveis. Os fatos narrados com abundância de detalhes, resultantes de uma pesquisa minuciosa, não deixavam qualquer margem de dúvida quanto à origem dos mesmos. Era burrice mesmo, do mais alto grau, e seus protagonistas são lembrados até hoje como grandes figuras históricas como Napoleão, Hitler, Stalin e outros tantos. A última frase do livro, que não consegui esquecer apesar do tempo era a seguinte: Aqui se encerra essa breve Introdução, oportunamente iniciaremos a História da Estupidez Humana. Não sei se a promessa foi cumprida ou se o autor simplesmente desistiu ao se dar conta da imensa tarefa que teria pela frente, pois nunca mais tive notícias à respeito. Talvez alguns dos personagens, ainda vivos na época da publicação, tivessem “convencido” o escritor a se ocupar de outros temas menos incômodos. Se alguém tiver disposição de retomar o assunto sugiro que comece analisando os primeiros anos do século vinte e um e acredito que será o suficiente para desistir também. Como colaboração a quem queira se aventurar nesses mares tenebrosos, aqui vai minha sugestão. Ao invés de uma estupidez antiga, do passado, comece por uma que está para acontecer, novinha em folha. A NASA, agência espacial americana, acaba de lançar um projeto para instalação de uma estação espacial permanente na lua com o objetivo, entre outros, de expandir nossa economia (lá deles, é claro) ao espaço. Não estou inventando nada. A notícia foi publicada exatamente, do jeito que você acabou de ler. A estação estará concluída em 2025 (que doce ilusão) e custará a modesta quantia de cento e vinte bilhões de dólares. Não sei quanto foi gasto, até hoje, com viagens à lua, estações espaciais e outras coisas do gênero. O que passou, passou e não adianta chorar. A pergunta é: Não haveria um modo melhor de usar esse dinheiro todo? Na chamada corrida espacial, de anos atrás (quando tudo começou) os russos e os americanos competiam para saber quem seria capaz de chegar primeiro à lua. Era uma questão de prestígio, coisa de criança. Mas e agora? Para não deixar perguntas sem respostas quero que fique registrada, para o caso de alguém se interessar pelo assunto, uma possível linha de raciocínio. Levando em conta que os políticos americanos já devem ter chegado à conclusão que não conseguem ganhar guerra nenhuma, vide Coréia, Vietnam, Iraque e Afeganistão, daqui para o futuro acredito que eles devam abrir mão da responsabilidade que se auto atribuíram de xerifes do mundo. Não é uma questão de opção, eles simplesmente fracassaram. Mas se não vão se meter em guerras como fica a indústria armamentista que é uma das grandes financiadoras das campanhas políticas e dos políticos americanos? É simples amigos, vamos fazer uma estação espacial na lua. Os grandes fornecedores de peças, equipamentos, projetos e todo o resto que se possa imaginar para a NASA são exatamente os mesmos que fabricam material bélico. Fica todo mundo feliz e o Bush neto em 2025 corta a fita de inauguração. Cortaria, meu caro, porque em 2012, felizmente, esta palhaçada acaba. Para terminar, uma sugestão, leia 1984, de George Orwell, Não deve ser difícil de encontrar na Internet. É admirável a acuidade do autor e se você ler com atenção entenderá melhor o mundo em que estamos vivendo.