26 agosto, 2007

39 – Economistas – Para que servem?

Quando comecei a pensar nesta matéria fui buscar no site de pesquisas uma imagem para ilustrá-la. Levei um susto quando vi que, no título “Economista,” estavam guardadas mais de um milhão delas.
Quase desisti, pois me pareceu uma heresia fazer qualquer comentário sobre uma classe que merece tamanho apreço em nossa sociedade.
Resolvi seguir adiante ao lembrar que nossa mídia ocupa páginas e páginas bem como imagens sem fim com todo o tipo de inutilidades de modo que espero ser perdoado por algum eventual sacrilégio.
A recente crise no mercado financeiro, decorrente de problemas no setor imobiliário dos Estados Unidos da América, abriu espaço para que economistas de todos os tipos se manifestassem sobre o assunto. O que ouvi e li me deixou perplexo.
Que a crise é de bom tamanho não há como negar. O que me espanta é que nenhum dos especialistas consultados, todos eles pressurosos em explicar o evento, tenha sido capaz de prever o que estava para acontecer com algum tempo de antecedência.
A crise ora em curso nos EUA é similar às que aconteceram em vários países do mundo em diversas ocasiões e é inadmissível que os governos não se movimentem a tempo para impedir que elas ocorram.
Os economistas, teoricamente ao menos, estão aí para isso. Supõe-se que eles sejam profissionais capazes de perceber os movimentos e tendências dos mercados.
A realidade é que a cabecinha dos rapazes funciona de um modo diferente. O objetivo é ganhar dinheiro a qualquer custo e o mais rápido possível sem medir o tamanho das conseqüências “das pirâmides da fortuna” que ajudam a construir e que ao desabarem, como fatalmente acontece, levam milhões de pessoas ao desespero e à ruína.
Vamos tentar entender como um desastre como o que está acontecendo no mercado imobiliário americano é construído.
O primeiro passo é enfiar na cabeça das pessoas que a coisa mais importante do mundo é ter uma casa própria.
O segundo é emprestar dinheiro a elas para que possam realizar este sonho. A esse tipo de operação dá-se o nome de empréstimo com garantia real, ou seja, se o devedor não pagar as prestações, o credor toma a casa do sujeito e a vende recuperando o que foi emprestado e tudo bem, obrigado.
Como o negócio é bom e seguro ele vai prosperando e investidores emprestam dinheiro aos bancos que o repassam aos compradores (a juros evidentemente maiores do que pagam aos investidores) e novas casas vão sendo construídas e vendidas. Os políticos ficam felizes porque a economia está crescendo e junto com ela o número de empregos e por aí vai. Os investidores também ficam felizes e aplicam cada vez mais no negócio e tudo parece caminhar no melhor dos mundos.
Com a facilidade de crédito o número de compradores cresce vertiginosamente e o número de imóveis cresce na mesma proporção.
A indústria da construção, entusiasmada com o lucro fácil, lança imóveis cada vez mais caros e os bancos continuam patrocinando a festa. As primeiras nuvens negras aparecem quando, devido aos preços elevados ou qualquer outra razão, o número de compradores diminui. Que fazer com a montanha de dinheiro captado junto aos investidores?
Na cabecinha dos economistas a resposta é rápida. Vamos aumentar o prazo dos financiamentos, pois com isso o valor das prestações diminui e o problema está resolvido.
Mas o problema está longe de ser solucionado, pois é nesse ponto que o preço das moradias começa a cair e “a porca torce o rabo”.
Logo os gênios vão descobrir que as chamadas garantias reais não garantem nada, pois todos os limites da prudência foram ultrapassados. A inadimplência aumenta vertiginosamente e o valor de mercado dos imóveis desaba, pois aqueles que não conseguem pagar mais as prestações põem suas casas à venda na esperança de sair do buraco. Retomar as casas não adianta, pois o dinheiro recuperado não paga, nem de longe, o que foi emprestado. Está criada uma encrenca de todo tamanho. E os economistas que criaram esse embrulho todo, você acha que eles perdem o sono?
É claro que não.
Eles vão para a mídia anunciando que o mundo vai acabar; que o mercado financeiro vai quebrar; que o mar Mediterrâneo vai transbordar e outras desgraças do gênero se os bancos centrais não liberarem bilhões de dólares para que os compromissos com os investidores possam ser honrados.
Os políticos, devidamente apavorados (ou adequadamente recompensados) concordam com tudo e vão todos para casa (políticos, economistas, banqueiros, investidores, etc.) com a satisfação do dever cumprido. A crise está resolvida, pensam eles. Agora já podemos criar um fundo para comprar a preço vil as casas que vamos tomar dos otários e depois de algum tempo começar tudo de novo.
Tem sido assim e, pelo jeito vai continuar sendo pelo menos até 2012, pois aí, como todos sabem, tudo acaba!