26 novembro, 2006

17 – Gripe das aves



Muito se tem falado sobre o assunto e ele aparece e some do noticiário de tempos em tempos.
No mundo em que vivemos, dominado pela mídia, fica-se com a impressão que um problema só existe quando aparece nos meios de comunicação. Se estiver nas primeiras páginas dos jornais e nas chamadas dos noticiários de TV e rádio então a coisa é grave. Se estiver nas páginas internas já não é tão grave ou está sendo revolvido.
Quando desaparece ficamos com a sensação que está tudo bem.
Não podemos culpar ninguém por isso uma vez que será difícil vender um jornal que tenha sempre a mesma manchete na primeira página.
Mas talvez fosse uma boa idéia reservar um espaço numa das páginas internas para problemas relevantes que, embora denunciados pela mídia e pela opinião pública, os governos insistam em não resolver.
Seria mais ou menos assim:
Problemas já noticiados e não resolvidos.
1º Explosão demográfica
Reportagens e artigos já publicados – 150.000
Providências tomadas – nenhuma
2º Poluição ambiental / aquecimento global
Reportagens e artigos já publicados – 200.000
Providências tomadas – nenhuma
E assim por diante
Poderia haver também um site na internet disponibilizando estas informações a todos os interessados.
Não tenho dúvidas que, conduzido por um jornalista talentoso este projeto seria um grande sucesso e serviria, inclusive, como fonte de informações para as populações em época de eleições ou plebiscitos de modo que os eleitores pudessem cobrar dos candidatos comprometimento com a solução destes problemas.
Quem sabe não seria também uma boa idéia listar as promessas eleitorais de cada partido e o que realmente fosse cumprido durante seus governos?
A mídia só se ocupa do imediato e deixa assim, no esquecimento informações sobre o passado recente que poderiam influenciar de maneira positiva o futuro.
Ninguém gosta de cometer duas vezes o mesmo erro mas é comum que isto ocorra, pois diante da quantidade imensa de informações contraditórias veiculadas diariamente as pessoas esquecem o que fizeram algumas semanas antes.
A gripe das aves estaria seguramente nesta página, pendendo como um cutelo sobre nossas cabeças.
Cada vez que um foco da doença é localizado sacrificam-se uns tantos frangos e ficamos todos torcendo que a coisa pare por aí mesmo.
Mas não para.
Já apareceu em outras aves inclusive migratórias.
Como até o momento os seres humanos contaminados foram os que tiveram contato direto com as aves e, aparentemente a doença não passa de pessoa para pessoa, a única preocupação parece ser que isso não venha a ocorrer devido a alguma mutação no vírus.
A possibilidade de difusão da doença entre os humanos realmente é de tirar o sono de qualquer um.
Mas o que aconteceria se a doença crescesse de maneira explosiva apenas entre as aves nos deixando, por algum milagre, imunes a ela?
Seria menos danosa para nós?
Seguramente não.
As aves estão no meio da cadeia alimentar dos ecossistemas e são parte essencial dos mesmos.
Elas se alimentam de insetos, roedores e outros organismos que, sem predadores se transformariam em pragas com conseqüências imprevisíveis.
Além disso, são alimento indispensável para outras tantas espécies inclusive a nossa.
E a polinização das flores e a difusão das sementes indispensáveis para a reprodução de inúmeras famílias vegetais?
É impossível avaliar o tamanho da calamidade.
Uma situação como esta mostra com clareza como é vulnerável a nossa sobrevivência no planeta.
Estamos, a cada dia que passa, encurtando o tempo ainda disponível para evitar o pior.
Se nada for feito e alguma solução encontrada teremos duas opções: morrer de gripe ou de fome.
Não é animador?