31 março, 2007

30 – O Papa dos milagres e o Rabino das gravatas



Que o mundo ficou louco não há dúvida nenhuma.
O que ainda surpreende são as formas que essa loucura geral escolhe para se manifestar. Não há como negar que a humanidade está vivendo um dos momentos mais críticos da sua longa história.
No passado a insanidade de um ou outro governante levou ao desastre e ao extermínio sua tribo, seu povo ou sua nação. Impérios desmoronaram, culturas desapareceram praticamente sem deixar vestígios.
Seus líderes jamais foram capazes de exercer o poder, que de uma forma ou outra lhes foi conferido, para conduzir seus povos à prosperidade e a paz.
Eram, porém fenômenos localizados e pontuais. A capacidade de destruição de que dispunham na época não era suficiente para ameaçar a raça humana em sua totalidade.
Os exércitos se matavam ao sabor dos humores de seus reis ou generais. Mas, finda a guerra, o que sobrava (a população civil) retornava à vida normal até que um novo idiota começasse tudo de novo.
A segunda grande guerra mundial deveria ter servido como alerta de que as coisas haviam mudado radicalmente. As populações civis passaram a ser exterminadas, ao mesmo tempo que os exércitos em luta.
A exemplo de Hiroshima, milhões de pessoas foram mortas a milhares de quilômetros das frentes de combate.
A preocupação do mundo passou a ser evitar uma terceira guerra mundial. Criaram a Organização das Nações Unidas e outras coisas do gênero para tentar impedir que os seres humanos continuassem a matar uns aos outros.
A bem da verdade tiveram sucesso (relativo, é claro). A guerra mundial não aconteceu e tudo continuou como sempre foi. Uma guerra aqui, outra ali, que ninguém é de ferro.
Uma guerrinha na Coréia, uma guerrinha no Vietnã, outras no Oriente Médio, umas tantas na África, e por aí a coisa vai indo sem maiores tropeços.
O que até agora as pessoas não conseguiram perceber é que a verdadeira guerra que vai aniquilar a raça humana, já está em curso há muito tempo.
Não é de um exército contra o outro como no passado. É de cada homem ou mulher contra si próprio.
Uma das ações essenciais para o sucesso dos combates é destruir os suprimentos do inimigo. Cortar seu abastecimento, combustível, água, comida, etc.
Será que não entendemos que estamos fazendo exatamente isto conosco?
Quando consumimos muito mais do que a terra pode nos dar, estamos na verdade, cometendo um suicídio global. Estamos lenta (?) porém inexoravelmente nos matando de fome, sede e miséria.
O problema não é o Iraque nem o Bush.
O problema não é o Irã nem aquele seu presidente maluquinho.
O problema somos todos nós.
A esta altura dos acontecimentos alguém deve estar perguntando o que o Papa milagroso e o Rabino das gravatas têm a ver com isso. Nada e tudo ao mesmo tempo.
Com o mundo de cabeça para baixo, o nosso glorioso Papa Bento arranjou tempo para descobrir que o antecessor conseguiu realizar o impressionante milagre de curar uma freirinha que estava, sei lá com que doença.
Por este feito extraordinário o recém falecido Papa Polaco vai virar santo.
Nada contra, talvez o Papa alemão pretenda virar santo quando morrer e está abrindo caminho. O problema é que precisamos com urgência de um santo que faça MILAGRES (dos grandões) como nos velhos tempos, e que seja capaz de enfiar um tanto de juízo na cabeça de cada ser humano, de modo a ser possível escaparmos do abismo que está à nossa frente (bem pertinho, 2012 está chegando).
Curar só aquela freirinha é bom, mas muito pouco. É só um milagrinho. Precisamos de coisas grandes, retumbantes mesmo. Do contrário, caro Papa o máximo que seu santo Polaco vai conseguir é curar aquele Rabino doidinho para que ele não roube mais gravatas.
Também é bom (para o dono das gravatas, é claro), mas não resolve, nem de longe o nosso real problema.