12 julho, 2007

37 - Parcerias Público Privadas



Como todos sabem, o chamado programa de parcerias público privadas é um dos muitos que o atual governo proclama como solução dos problemas que retardam o desenvolvimento do país.
A coisa não é difícil de entender, mas vamos tentar simplificar.
Suponha que você tenha um terreno e o projeto de um prédio para ser construído nele, mas não tem o dinheiro necessário para o empreendimento. Como seu vizinho é dono de uma próspera construtora você faz um acordo com ele: você entra com o terreno e o projeto e ele com os recursos necessários. Concluída a construção vocês vendem o prédio repartindo os lucros da forma que previamente pactuaram.
Simples, não?
Imagine agora como fazer o negócio se você não tivesse nem o terreno, nem o projeto.
É mais ou menos isso o que está acontecendo com os planos anunciados a todo momento pelas nossas autoridades.
Como estabelecer as regras do jogo para fazer uma parceria para construção de uma estrada entre as cidades A e B se não existe um projeto de engenharia perfeitamente desenvolvido para que possa ser quantificado e desse modo conciliar os interesses legítimos dos parceiros? E mais ainda, se um dos parceiros (o governo) como todos sabem, não gosta de respeitar os contratos que assina.
A capacidade dos nossos governantes de prever o custo das obras em que se metem é realmente fantástica.
O exemplo mais recente é do Pan 2007.
O investimento previsto pelos responsáveis para o evento foi de cerca de R$300 milhões (em números de 2003).
Gastaram mais de R$3 bilhões.
Como seria possível fazer uma parceria com sócios tão irresponsáveis?
É preciso porém, não perder as esperanças e reconhecer que alguns esforços já estão sendo feitos pelos nossos políticos para tornar estas parcerias possíveis, e até certo ponto efetivas, embora um tanto desastradas.
Ao que parece eles confundiram, mais não foi por mau, interesses públicos com interesses de homens públicos.
Assim, um senador fez uma parceria com uma empreiteira para que pagasse algumas continhas pessoais lá dele. Naturalmente ele estava muito ocupado cuidando de seus afazeres no congresso e não tinha tempo para ir ao banco fazer os depósitos.
Um outro senador, também por não ter tempo (ele se dedica exclusivamente aos interesses da pátria) fez uma parceria com um conhecido empresário para lhe arranjar uns trocados para comprar uma bezerra. Foi
uma operação meio curiosa, mas como por em dúvida a seriedade das partes?
Nosso presidente, no início do seu primeiro mandato, ao visitar o Alvorada, concluiu que aquele barraco precisava de uma reforma para receber a família real. Afinal ele não estava acostumado a morar sem o conforto condizente com o padrão de vida que sempre teve.
Foi só chamar o arquiteto da corte e mais dezesseis grandes empresários e o dinheiro apareceu. Como a coisa funcionou, ele fez uma outra parceria e transformou seu filhinho (“o ronaldinho da informática”) em milionário do dia para a noite.
Pelos exemplos acima podemos perceber que nossas autoridades estão trabalhando e fazendo, lá ao seu jeito, suas parcerias.
O que é preciso esclarecer, se for possível, são os ganhos e recompensas dados aos parceiros privados pelos seus “investimentos”.
Ou será que eles fazem tudo isso por altruísmo?
A resposta fica a cargo de cada um de vocês, mas, só por curiosidade, li no jornal de hoje que na China executaram um ex ministro, condenado como corrupto, por trapalhadas semelhantes.
Ainda bem que aqui não se faz uma maldade desta, do contrário Brasília seria uma cidade fantasma.